quinta-feira, 3 de novembro de 2011

SELECIONADAS DO ESTÊNIO


Enviado por Carolina Nogueira -
3.11.2011
| 14h02m
Cartas de Paris

Chegadas e partidas

Enquanto me preparo para ir, recebo cada vez mais emails de gente que está vindo morar em Paris. Gente que me pergunta de tudo um pouco: que roupas levar para o inverno, onde matricular 

os filhos, como fazer para alugar um apartamento.
Minha novata preferida é a amiga de uns amigos que veio fazer mestrado aqui. Lutou duro por uma vaga, sonhava com o dia de desembarcar... e está comendo o pão que o diabo amassou. Na verdade, não é tão grave assim - são só as dificuldades de adaptação típicas. Mas, para ela - como para qualquer um que acabe de chegar - parece o fim do mundo.
Alugar um apartamento em Paris é um parto. Primeiro, encontrar um lugar habitável dentro do orçamento de estudante. Uma outra amiga está morando num antigo quarto de empregada no nono andar sem elevador, com banheiro compartilhado. Nove metros quadrados que custam 400 euros por mês.
E se você acha que é fácil alugar essa espelunca está muito enganado. As imobiliárias exigem três aluguéis de cara: além do aluguel em si, o segundo é um depósito de garantia e o terceiro a comissão da agência. Sem falar nas que exigem fiador. Como?, se você acabou de chegar e não conhece ninguém?
Quando se está de cabeça quente com esses problemas - que somam-se a você não conseguir entender exatamente tudo o que é dito nas aulas, o fato de não conseguir se enturmar logo de cara, o dinheiro que você passou meses economizando estar indo pelo ralo e o frio que aumenta a cada dia - qualquer desatenção, como diria o Chico, pode ser a gota d'água.
Minha amiga entrou em crise outro dia porque um doido a acotovelou no metrô. Doidos acotovelam pessoas no metrô todos os dias. O que é realmente irritante na França é que as pessoas ao redor, mergulhadas em seus livros, seus ipods ou em sua simples indiferença, simplesmente não veem isso.
Não é que a cotovelada doa muito. Com o tempo, vemos que o machão brasileiro que normalmente levanta para tirar satisfação com o doido – e já sabemos que ninguém precisa nem deve tirar satisfações com doidos - também não faz tanta falta assim.
Mas ali, com o problema do aluguel somado à dificuldade na aula, o caro custo de vida e todo o resto na garganta, a cotovelada do doido é um atestado oficial, assinado e passado em cartório, que Paris não gosta de você, que tudo está dando errado, que nada é assim como você sonhou que seria.
Sabe?, chegar é assim mesmo. Paris exige um pouco de paciência. Com o tempo aprendemos a dar umas respostas secas ou a simplesmente rir do doido. E que não há remédio melhor para um dia difícil do que um passeio no fim da tarde à beira do Sena.

Carolina Nogueira é jornalista e mora há quatro anos em Paris de onde mantém o blog Le Croissant






COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO


A Colunas nos Jornais
03/11/2011 | 00:00

Ministério dos Transportes omite novo escândalo

A consultoria jurídica do Ministério dos Transportes se fingiu de morta diante de uma suspeita de conflito de interesses. O subsecretário de Assuntos Administrativos, Moacyr Roberto de Lima, contratou em 20 de janeiro a empresa Confere Comércio e Serviços para prestar serviços à pasta. Ele se desligou em fevereiro e virou consultor da Confere em 21 de março, onde ficou até 16 de agosto. Atuando dentro do ministério.

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03/11/2011 | 00:00

A volta de quem não foi

No dia 17 de agosto, Moacyr Roberto de Lima foi oficializado de volta no cargo que ocupava no ministério. Na cara lavada.

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03/11/2011 | 00:00

Conferido na Justiça

A Confere é considerada “inidônea” desde 2007, após condenação por improbidade administrativa na Justiça do DF não podia fechar contrato.

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03/11/2011 | 00:00

Bens bloqueados

A Confere teve R$ 3 milhões em bens bloqueados pela 7ª Vara do Trabalho de Brasília, que apurou irregularidades em junho e julho.

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03/11/2011 | 00:00

Bom currículo

A assessoria do Ministério dos Transportes informa que Moacyr Lima foi contratado pela Confere pelo “bom currículo”, como assistente.

03/11/2011 | 00:00

Morreu de velho

A desconfiança dos políticos no SUS é tão velha quanto a lenda da “maldição do cocar”: Tancredo Neves foi o último a se internar no Hospital de Base de Brasília e o Brasil inteiro sabe no que deu.


quinta-feira, 3 de novembro de 2011


Era só o que faltava quererem processar essa maioria anônima que deseja que Lula faça tratamento no SUS.

A imprensa mostra o quanto está aparelhada ao tentar enfrentar um sentimento justo e legítimo que tomou conta das redes sociais, com centenas de milhares de pessoas pedindo para Lula ir fazer o seu tratamento no SUS. Esta maioria anônima tem, já teve ou terá alguém na fila do sistema de saúde esperando mais de 70 dias por uma sessão de quimioterapia e mais de 120 dias para uma sessão de radioterapia. Jornalistas que não têm coragem de enfrentar a verdade e continuam mitificando Lula (segundo um dos maiores hoje estampou hoje, "no terceiro dia da quimio, Lula repousou") agora atacam o anonimato. Querem saber o nosso nome por quê? Por que estamos bem de vida? Mesmo que fosse, 99% não teria recursos para pagar um tratamento que sairá no mínimo R$ 1 milhão. E que será pago, no caso de Lula, por um plano de saúde, mas um plano de saúde pago por nós, pois faz parte das vantagens eternas dos ex-presidentes. Vejam o que Ricardo Melo escreve hoje na Folha de São Paulo:

Entre os que acusam Lula de falar uma coisa e de fazer outra ao tratar o câncer no hospital Sírio-Libanês, existe uma parcela imensa que simplesmente destila ódios partidários, preconceitos ideológicos e ressentimentos pessoais. Não houve pesquisa a respeito, até porque essa turma adora a sombra do anonimato. Caso tivesse acontecido, provavelmente veríamos que a grande maioria está bem de vida. No íntimo, protestam por considerar Lula representante daquela gente diferenciada destinada a definhar em macas ao relento, longe do conforto de quartos individuais.

Mas há também quem, de forma sincera, embora confusa, externe uma frustração legítima. Muitos são eleitores que, ao votar no PT e conduzir um metalúrgico à Presidência, esperavam mudanças radicais após anos de descaso de gestões tucanas e assemelhadas diante da tragédia da saúde pública. Como qualquer cidadão civilizado, torcem pela recuperação de Lula, adoram que o ex-presidente seja bem tratado, mas se incomodam quando outros tantos são privados das mesmas atenções.

Só falta os Gilbertos Dimenstein e os Ricardos Melo quererem transformar em crime qualquer crítica à Lula. E saírem à cata dos anônimos que ousam criticar um presidente que sempre mentiu a respeito da saúde pública no Brasil, de forma deslavada. A Venezuela não é aqui. Nem a Argentina. Nem o Equador. Pelo menos enquanto existirem anônimos exercendo o seu direito de manifestação, gostem ou não gostem estes esbirros do PIP, o Partido da Imprensa Petista.



Saúde, educação e renda colocam o Brasil atrás do Gabão, Sri Lanka e Uzbequistão no IDHADdad do PNUD 2011.

Segundo a pesquisa do PNUD 2011,  o IDH brasileiro despenca para 0,519 (desvalorização de 27,7%) quando são considerados indicadores que medem a desigualdade social. O IDHAD (Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade) combina o IDH com dados que levam em conta a equidade no acesso à saúde, educação e renda. Em situação de igualdade perfeita, o IDH e o IDHAD são iguais; quanto maior a diferença entre os dois, maior a desigualdade. Por esse cálculo, publicado pela primeira vez neste ano, o Brasil obtém a 73ª posição entre 134 países.

O IDHAD brasileiro é inferior ao de muitas nações que estão atrás do país no ranking do IDH, como Gabão (com IDHAD de 0,543), Sri Lanka (0,691) e Uzbequistão (0,549). Nas duas primeiras posições do ranking do IDH, Noruega e Austrália também ocupam os dois primeiros postos na lista do IDHAD. Em terceiro lugar, porém, está a Suécia - que só ocupa a décima posição no ranking do IDH.  Já os Estados Unidos, que ocupam a quarta posição no ranking do IDH, despencam para o 23º posto na lista do IDHAD, principalmente devido à desigualdade de renda e, em menor grau, ao acesso à saúde.

No Brasil, a desigualdade de renda também é a principal responsável pela perda de pontos no IDHAD, seguida pela desigualdade na educação e na expectativa de vida.  O Brasil também tem seu desempenho prejudicado quando a desigualdade entre homens e mulheres é levada em conta. Nesse quesito, o país fica na 80ª posição entre 146 nações. O ranking é liderado por Suécia, Países Baixos e Dinamarca e tem, nas últimas posições, Iêmen, Chade e Níger.(Do Estadão)


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Estênio Negreiros
Fortaleza,CE
"As leis são como as teias de aranha; os pequenos insetos prendem-se nelas, e os grandes rasgam-nas sem custo”. (Anacaris, sábio grego, da Antiguidade)

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