O grande problema do populismo é não  considerar os tempos de vacas magras. Como o objetivo maior do populista  é ver a sua própria imagem erguida ao patamar de ser todo-poderoso e  indispensável para a vida  de uma nação; toda a verdade é subvertida a necessidade do culto à  imagem do “Grande Líder”. Com isso, o resultado final de todo regime  populista é se afogar em grandes crises que podem ser ditadas pela  violência ou por problemas de ordem econômica e administrativa.
Isso ocorre porque o populismo esquece a  primazia do significado de governar. Governar não é agradar a uns e  desagradar a outros. Governar é desagradar a todos pelo bem comum da  nação. Como líder de um país, você não pode privilegiar classes,  entidades ou regiões geográficas. As benesses, as ações  nefastas e a dureza de determinadas decisões devem ser criteriosamente  pesadas e contrapostas como forma de obtenção de um “médio bem-estar  geral” – digamos assim – que garantirá a justiça social, o  desenvolvimento e a criação de oportunidades iguais para todos.
O governo Lula foi um ótimo exemplo do mau que o  populismo causa a uma nação. Apesar de toda a propaganda estatal e de  toda a lavagem cerebral feita na militância. A dura verdade dos números  começa a assaltar os brasileiros e ameaçar o tênue desenvolvimento  conseguido nesses anos de bonança.
Impulsionado por uma conjuntura mundial  favorável, o Brasil da “Era Lula” prosperou apoiado exclusivamente no  consumo interno e no crédito fácil, sem efetuar as reformas necessárias  para garantir uma continuidade nas melhorias sociais e econômicas  conseguidas pela recuperação econômica pós-crise. Com gastos  irresponsáveis, desperdícios enormes de recursos preciosos, corrupção  galopante e vícios perpetuados e aprofundados com todo o beneplácito da  figura risonha e caricata do presidente “semideus”. Lula deixou o país  mal das pernas e totalmente dependente do capital especulativo  estrangeiro – que se vai com a mesma velocidade e ferocidade que chega –  e obriga sua sucessora a adotar o discurso fajuto da necessidade de  manutenção de um salário mínimo ridículo como forma de garantia da estabilidade econômica e controle inflacionário.
Certamente, a militância petista vai se calar e  negar; poucos jornalistas recorrerão à verborragia presidencial passada  para relembrar ao povo o que foi dito; e este (o povo), por sua vez,  sequer faz ideia de um dia ter ouvido algo assim – uma vez que o  brasileiro tem memória de manchete (ou de peixinho dourado) – mas, para  destruir todo o discurso do partido que controla o país hoje, da equipe  econômica que o dirige e da sucessora parida e criada por Lula (o  presidente semideus); bastaria resgatar os discursos do próprio  presidente, das principais figuras econômicas da República (muitas das  quais presentes no novo governo) e do próprio PT que afirmavam com plena  convicção para as massas militantes e para o povo que não acompanha  atentamente os fatos da política nacional (ambos hipnotizados pelas  metáforas futebolísticas e pelas migalhas atiradas a eles) que o salário  mínimo não provoca inflação e que “eles” haviam rompido com esse  discurso pernicioso e enganoso que fora criado apenas para “enganar os  pobres”.
É triste perceber que passados apenas dois  meses do fim do “Reino de Fantasias” no qual o Brasil foi transformado  para vender Dilma; o governo, a presidente, a militância e todos usem  exatamente o mesmo discurso enganoso para aprovar o vergonhoso aumento  do salário mínimo. Triste também é assistir a isso sabendo que, poucos  dias antes, aumentos salariais que partiram de 65 a mais de 100% foram  dados aos mesmos atores que hoje cobram “sacrifício” do populacho que  luta para sobreviver enquanto pisa em seus próprios dejetos para entrar e  sair de casa. Tudo porque, para o populismo, esgoto “não dá voto”.
O pior mesmo é perceber que o brasileiro segue  pacífico, calado e bovinamente aturdido rumo a um futuro incerto e que  pode trazer de volta os difíceis anos de descontrole econômico, carestia  e desespero pelos quais passamos e dos quais nos livramos há pouco  tempo. 
Pode ser que falte memória ao brasileiro. Mas, na minha opinião, o que falta mesmo é vergonha na cara.
Pense nisso.
Visão Panorâmica
Elas por elas: O PT de São Paulo apresentou ontem na Assembleia Legislativa um pacote de emendas ao projeto de lei que reajusta o piso salarial paulista, por valores bem acima do que o partido defende em Brasília. Sem força política para aprovar o que propõem, os petistas pretendem, com o episódio, desgastar a gestão tucana e dar o troco ao PSDB pela oposição feita à presidente Dilma Rousseff no debate do reajuste do salário mínimo nacional.
ResponderExcluirNo Congresso, a proposta de Dilma, de R$545 foi atacada pela oposição. Os tucanos levaram a voto a proposta de R$600, promessa de campanha, quando percebeu estar perdida a eleição no primeiro turno, do candidato derrotado do PSDB à Presidência, José Serra.
Numa inversão de papéis, o PT paulista defende em São Paulo um reajuste para o piso regional maior do que o apresentado pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB). O salário mínimo paulista é dividido em três faixas. A gestão tucana propôs R$600, R$610 e R$620 para 2011. Já o PT quer duas: R$660 e R$720.