quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

SALÁRIO MÍNIMO, FALTA DE MEMÓRIA E VERGONHA NA CARA.

O grande problema do populismo é não considerar os tempos de vacas magras. Como o objetivo maior do populista é ver a sua própria imagem erguida ao patamar de ser todo-poderoso e indispensável para a vida de uma nação; toda a verdade é subvertida a necessidade do culto à imagem do “Grande Líder”. Com isso, o resultado final de todo regime populista é se afogar em grandes crises que podem ser ditadas pela violência ou por problemas de ordem econômica e administrativa.
Isso ocorre porque o populismo esquece a primazia do significado de governar. Governar não é agradar a uns e desagradar a outros. Governar é desagradar a todos pelo bem comum da nação. Como líder de um país, você não pode privilegiar classes, entidades ou regiões geográficas. As benesses, as ações nefastas e a dureza de determinadas decisões devem ser criteriosamente pesadas e contrapostas como forma de obtenção de um “médio bem-estar geral” – digamos assim – que garantirá a justiça social, o desenvolvimento e a criação de oportunidades iguais para todos.
O governo Lula foi um ótimo exemplo do mau que o populismo causa a uma nação. Apesar de toda a propaganda estatal e de toda a lavagem cerebral feita na militância. A dura verdade dos números começa a assaltar os brasileiros e ameaçar o tênue desenvolvimento conseguido nesses anos de bonança.
Impulsionado por uma conjuntura mundial favorável, o Brasil da “Era Lula” prosperou apoiado exclusivamente no consumo interno e no crédito fácil, sem efetuar as reformas necessárias para garantir uma continuidade nas melhorias sociais e econômicas conseguidas pela recuperação econômica pós-crise. Com gastos irresponsáveis, desperdícios enormes de recursos preciosos, corrupção galopante e vícios perpetuados e aprofundados com todo o beneplácito da figura risonha e caricata do presidente “semideus”. Lula deixou o país mal das pernas e totalmente dependente do capital especulativo estrangeiro – que se vai com a mesma velocidade e ferocidade que chega – e obriga sua sucessora a adotar o discurso fajuto da necessidade de manutenção de um salário mínimo ridículo como forma de garantia da estabilidade econômica e controle inflacionário.
Certamente, a militância petista vai se calar e negar; poucos jornalistas recorrerão à verborragia presidencial passada para relembrar ao povo o que foi dito; e este (o povo), por sua vez, sequer faz ideia de um dia ter ouvido algo assim – uma vez que o brasileiro tem memória de manchete (ou de peixinho dourado) – mas, para destruir todo o discurso do partido que controla o país hoje, da equipe econômica que o dirige e da sucessora parida e criada por Lula (o presidente semideus); bastaria resgatar os discursos do próprio presidente, das principais figuras econômicas da República (muitas das quais presentes no novo governo) e do próprio PT que afirmavam com plena convicção para as massas militantes e para o povo que não acompanha atentamente os fatos da política nacional (ambos hipnotizados pelas metáforas futebolísticas e pelas migalhas atiradas a eles) que o salário mínimo não provoca inflação e que “eles” haviam rompido com esse discurso pernicioso e enganoso que fora criado apenas para “enganar os pobres”.
É triste perceber que passados apenas dois meses do fim do “Reino de Fantasias” no qual o Brasil foi transformado para vender Dilma; o governo, a presidente, a militância e todos usem exatamente o mesmo discurso enganoso para aprovar o vergonhoso aumento do salário mínimo. Triste também é assistir a isso sabendo que, poucos dias antes, aumentos salariais que partiram de 65 a mais de 100% foram dados aos mesmos atores que hoje cobram “sacrifício” do populacho que luta para sobreviver enquanto pisa em seus próprios dejetos para entrar e sair de casa. Tudo porque, para o populismo, esgoto “não dá voto”.
O pior mesmo é perceber que o brasileiro segue pacífico, calado e bovinamente aturdido rumo a um futuro incerto e que pode trazer de volta os difíceis anos de descontrole econômico, carestia e desespero pelos quais passamos e dos quais nos livramos há pouco tempo.
Pode ser que falte memória ao brasileiro. Mas, na minha opinião, o que falta mesmo é vergonha na cara.
Pense nisso.

Visão Panorâmica

Um comentário:

  1. Elas por elas: O PT de São Paulo apresentou ontem na Assembleia Legislativa um pacote de emendas ao projeto de lei que reajusta o piso salarial paulista, por valores bem acima do que o partido defende em Brasília. Sem força política para aprovar o que propõem, os petistas pretendem, com o episódio, desgastar a gestão tucana e dar o troco ao PSDB pela oposição feita à presidente Dilma Rousseff no debate do reajuste do salário mínimo nacional.

    No Congresso, a proposta de Dilma, de R$545 foi atacada pela oposição. Os tucanos levaram a voto a proposta de R$600, promessa de campanha, quando percebeu estar perdida a eleição no primeiro turno, do candidato derrotado do PSDB à Presidência, José Serra.

    Numa inversão de papéis, o PT paulista defende em São Paulo um reajuste para o piso regional maior do que o apresentado pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB). O salário mínimo paulista é dividido em três faixas. A gestão tucana propôs R$600, R$610 e R$620 para 2011. Já o PT quer duas: R$660 e R$720.

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