Assim como no início da administração Lula, poderemos ter no início da administração Dilma grandes mudanças partidárias. O ambiente que se prenuncia é o mesmo da primeira eleição de Lula quando ensejou a criação do PSOL em meados de 2004.
O que me leva a este raciocínio são as últimas declarações da Presidenta eleita que contraria não só membros do seu partido e da base aliada, como o próprio presidente Lula. Senão vejamos: Em declaração ao SBT ela sinaliza o não aproveitamento do Presidente do Banco Central, apesar da sugestão do atual Presidente de mantê-lo no cargo, afirmando que ela mesma centralizará a economia com vistas a reduzir as taxas de juros. Vale lembrar que já criticamos aqui neste blog a manutenção do mesmo no cargo. Outro fator a considerar é sua notória divergência com o principal conselheiro econômico de Lula, Delfin Neto, autor da metáfora "deixar o bolo crescer para depois dividir", o que ela considera uma mentira histórica. Há ainda em suas manifestações uma crítica velada, subliminar, ao não enfrentamento de questões como a redução da carga tributária pelo governo Lula.
Somando-se a estas questões econômicas temos o que a imprensa especializada chama de "escambo no feudo ministerial" que vem ocorrendo, enquanto a Presidente demonstra a intenção contrária de promover uma "lipoaspiração" no Planalto.
Enfim, metáfora à parte, o bolo cresceu, resta saber que parte caberá a cada partido da base, após a retirada do quinhão do PMDB que, por questões óbvias não abrirá mão de uma fatia maior que a dos demais. Outro coadjuvante não menos importante entra em cena na figura dos governadores tendo à frente os seis do PSB, quatro dos quais no nordeste onde a candidatura Dilma obteve quase 90% dos 12 milhões de votos da maioria sobre Serra, todos favoráveis à ressurreição da CPMF, medida não bem digerida pelo novo governo, menos ainda pela oposição.
Com o quadro que se desenha, aqueles que se sentirem traídos ideologicamente, a exemplo do ocorrido na eleição de 2002, formarão dissidências, principalmente entre os partidos de peso na eleição da presidenta. Há de se considerar também que o fisiologismo é o maior propulsor de candidaturas e quando não há cadeira para todo mundo os que ficarem em pé tendem a procurarem se aboletar em outras siglas.
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