sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

A DÍVIDA DO PAÍS (E A NOSSA), NA VISÃO DO POETA CARLOS NEJAR

O crítico literário, tradutor, ficcionista e poeta gaúcho Luís Carlos Verzoni Nejar, diz que “A Dívida” colocou até a eternidade à venda.
A DÍVIDA
Carlos Nejar
A dívida aumenta,
A do país e a nossa.
Cada manhã sabemos
que se acumula a dívida.
A grama que pisamos
é dívida.
A casa é uma hipoteca
que a noite vai adiando.
E os juros na hora certa.
Ao fim do mês o emprego
é dívida que aumenta
com o sono. Os pesadelos.
E nós sempre mais pobres
vendemos por varejo ou menos,
o Sol, a Lua, os planetas,
até os dias vincendos.
A dívida aumenta
por cálculo ou sem ele.
O acaso engendra
sua imagem no espelho
que ao refletir é dívida.
A eternidade à venda
por dívida.
A roça da morte
em hasta pública
por dívida.
A hierarquia dos anjos
deixou o céu por dívida.
No despejo final:
só ratos e formigas.
        (Colaboração enviada por Paulo Peres – Site Poemas & Canções)

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