quinta-feira, 21 de novembro de 2013

RESTABELECIDAS VERDADES SOBRE JANGO

            Em sessão histórica o Congresso Nacional anulou sessão do Senado que declarou vaga a presidência da república por seu presidente Auro de Moura Andrade em 1964. O autor do Projeto de Resolução votado ontem, Senador Pedro Simon que, segundo relatou, se encontrava com Jango em Porto Alegre enquanto se alegava estar fora do país, sustentou que o fato por si só justifica a aprovação do Projeto.
            O jovem Senador Randolfe Rodrigues chegou a afirmar que "foi um golpe civil, feito por congressistas, e que deu legalidade a um ato institucional", enquanto o Deputado Jair Bolsonaro, representante dos militares, se declarou satisfeito com tal afirmativa reforçando-a com a citação de nomes como Ulisses Guimarães e Juscelino Kubitschek que estavam presentes à sessão de deposição.
            Como diz o título, muitas verdades vieram à tona para conhecimento público, como nunca foram contadas pelos meios de comunicação de massa. O viés ideológico manifestado por Pedro Simon ao envolver o governo norte-americano, a meu ver, não deve ser levado em conta sob pena de termos que confrontá-lo com aqueles que tentam justificar o fato sob o argumento da implantação do regime comunista.
            Discussão à parte, prefiro acreditar que a deposição abriu caminho para o corporativismo dos militares que se sentiam desprestigiados e até incomodados com a interferência do governo em assuntos internos gerando, segundo eles, a quebra da hierarquia, principalmente por parte dos praças manifesta em reuniões como a realizada em 2 de setembro de 1963 no Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro pela Associação de Cabos e Soldados sendo seguida da rebelião dos sargentos dez dias depois. 
            Em 25 de março de 1964, com 1.400 marinheiros e fuzileiros navais amotinados na sede do mesmo sindicato, a insubordinação chegou ao ápice, com o apoio do governo, provocando o pedido de demissão do Ministro da Marinha.
            Contando com o apoio do Congresso Nacional e dos governadores de quase todos os estados e, principalmente de Minas Gerais, São Paulo e Guanabara, os militares não hesitaram em revidar ao que eles consideravam, àquela altura, um ataque do governo. Somou-se aos políticos a imprensa representada pelos maiores veículos de comunicação e, até figuras como Rachel de Queiroz, tiveram papel importante na guerra midiática que se estabeleceu em torno da disputa do poder.
            Entidades representativas de classe como  Federação e Centro das Indústria do Estado de São Paulo chegaram a enviar telegrama ao Senado solicitando a eleição de um chefe militar.
            Como se vê, além do restabelecimento da verdade sobre a deposição de Jango, a sessão de ontem fez surgir muitas outras verdades até então contadas sob a ótica daqueles que imaginavam que desenterrando cadáver sepultariam a verdade.
            Ou seja, quanto mais mexe, mais fede.
             

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