ISTOÉ Brasil
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| N° Edição: 2191 | 04.Nov.11 - 21:00 | Atualizado em 06.Nov.11 - 13:13
Miguel, o fraudador
Um dos coordenadores do esquema Agnelo Queiroz no Esporte, Miguel Santos Souza é especialista em criar empresas fantasmas e ONGs fajutas para desviar
dinheiro público. Ele atuou em cinco ministérios, na Câmara, no Exército e até no STF
Claudio Dantas SequeiraOPERADOR
No organograma da corrupção no Esporte, Miguel
Santos Souza é um dos cabeças do esquema
Ao montar o esquema que drenou milhões do Ministério do Esporte para os cofres do PCdoB, o atual governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), recorreu a um especialista. Trata-se do comerciante maranhense Miguel Santos Souza, 56 anos, uma espécie de empresário do setor de fraudes, muito requisitado em Brasília. Homem assíduo de gabinetes de ministros e parlamentares e visto com regularidade em licitações públicas na Esplanada, Miguel opera há mais de dez anos uma verdadeira fábrica de empresas laranjas usadas em contratos e convênios com o governo. ISTOÉ descobriu que várias dessas empresas, mesmo incluídas na lista negra de fornecedores da União, conseguiram entrar em pelo menos cinco ministérios comandados pelo PT e base aliada. Também abocanharam contratos no STF, na Câmara e no Exército. Miguel operou até para o ex-governador do DF José Roberto Arruda, que foi obrigado a renunciar no ano passado depois de ser flagrado em vídeo recebendo propina. Miguel e Arruda são réus num processo que corre na Justiça de Goiás. Documentos em poder do Ministério Público, obtidos por ISTOÉ, revelam que o atual operador de Agnelo fraudou convênio com o Incra e repassou parte do dinheiro para o caixa 2 da campanha de Arruda a deputado federal em 2002.
O organograma do esquema de Agnelo, revelado por ISTOÉ na última edição, ensejou um pedido de convocação para o governador do DF depor na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados. Na organização, Miguel Santos Souza ocupa o cargo de coordenador do núcleo de fraudes, responsável por criar empresas e recrutar ONGs. As falcatruas são tantas que parlamentares, com base na reportagem de capa de ISTOÉ feita semana passada, passaram a articular, além do depoimento de Agnelo, a abertura de uma CPI para apurar os desvios do programa Segundo Tempo. Miguel está diretamente ligado ao PM João Dias, homem de confiança de Agnelo. Assim como o PM, que ergueu uma mansão e comprou carros esportivos com dinheiro desviado, Miguel também investiu. Comprou uma chácara no Lago Norte, com cascata e viveiro de animais raros, um apartamento no Plano Piloto e um prédio de quitinetes, que utiliza como sede de suas empresas-fantasmas. O comerciante também é um dos donos da construtora Citel. Na semana passada, a reportagem procurou Miguel em todos os seus endereços. Só conseguiu localizá-lo em Alagoas, para onde foi depois que surgiram as denúncias envolvendo seu nome. Ele negou ter participado dos desvios no Segundo Tempo e se irritou quando questionado sobre o processo que responde na Justiça ao lado de Arruda. “É tudo uma grande mentira”, disse.
O organograma do esquema de Agnelo, revelado por ISTOÉ na última edição, ensejou um pedido de convocação para o governador do DF depor na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados. Na organização, Miguel Santos Souza ocupa o cargo de coordenador do núcleo de fraudes, responsável por criar empresas e recrutar ONGs. As falcatruas são tantas que parlamentares, com base na reportagem de capa de ISTOÉ feita semana passada, passaram a articular, além do depoimento de Agnelo, a abertura de uma CPI para apurar os desvios do programa Segundo Tempo. Miguel está diretamente ligado ao PM João Dias, homem de confiança de Agnelo. Assim como o PM, que ergueu uma mansão e comprou carros esportivos com dinheiro desviado, Miguel também investiu. Comprou uma chácara no Lago Norte, com cascata e viveiro de animais raros, um apartamento no Plano Piloto e um prédio de quitinetes, que utiliza como sede de suas empresas-fantasmas. O comerciante também é um dos donos da construtora Citel. Na semana passada, a reportagem procurou Miguel em todos os seus endereços. Só conseguiu localizá-lo em Alagoas, para onde foi depois que surgiram as denúncias envolvendo seu nome. Ele negou ter participado dos desvios no Segundo Tempo e se irritou quando questionado sobre o processo que responde na Justiça ao lado de Arruda. “É tudo uma grande mentira”, disse.
À PF, no entanto, o comerciante e outros integrantes da quadrilha que fraudaram o Incra deram detalhes de como tudo funcionava – e ainda funciona. Miguel, segundo o inquérito, criou a Policom Comercial e Serviços. A empresa venceu licitação, previamente acertada, para construir casas populares num assentamento em Valparaíso de Goiás. Do contrato de R$ 1,3 milhão, segundo a PF, R$ 200 mil foram gastos com material de construção. O resto foi desviado e dividido entre os integrantes. O ex-superintendente do Incra Josias Júlio do Nascimento, falecido no ano passado, repassou parte da verba para José Roberto Arruda, então senador. “Do total do contrato, 5% seria utilizado como fundo de campanha do senador Arruda no próximo pleito”, disse o próprio Miguel à PF. Segundo outro depoente, Luiz Romildo de Mello, “Josias havia levado cerca de R$ 100 mil”. Romildo de Mello é o contador que aparece no organograma do esquema de Agnelo, a serviço de Miguel. Em seu depoimento, ele conta que Miguel passou um tempo “sumido” após o flagrante da PF e depois abriu outra empresa, a HP Distribuidora e Serviços, com a qual continuou a operar licitações.
A HP vem a ser uma das empresas que forneceram notas fiscais frias nas prestações de contas dos convênios do programa Segundo Tempo. Além dela, Miguel criou a Infinita e a JG Comércio de Alimentos, todas funcionando no mesmo apartamento da quadra 711 da Asa Norte, em Brasília. A JG também usava como laranja o motorista Geraldo Nascimento de Andrade, que gravou o vídeo mostrado por ISTOÉ na semana passada com as denúncias contra Agnelo. Levantamento da ISTOÉ revela que essas três empresas (HP, JG e Infinita) foram usadas pelo operador diversas vezes e não apenas no Esporte. Desde que foi criada em 2001, por Miguel, para despistar os órgãos de controle, a HP venceu várias licitações públicas tanto no plano federal como municipal. Na Infraero, abocanhou contrato de R$ 225 mil em 2003. A Madepa Madeiras, que ajudou a fraudar o Incra, fechou contratos com a Câmara dos Deputados, a AGU e o Dnit. O Ministério da Justiça, por exemplo, contratou a JG Comércio, em 2007, para fornecer 150 canis móveis para abrigar os cães farejadores usados pela PF na segurança dos Jogos Pan-Americanos de 2007. Valor do contrato: R$ 135 mil.
A HP vem a ser uma das empresas que forneceram notas fiscais frias nas prestações de contas dos convênios do programa Segundo Tempo. Além dela, Miguel criou a Infinita e a JG Comércio de Alimentos, todas funcionando no mesmo apartamento da quadra 711 da Asa Norte, em Brasília. A JG também usava como laranja o motorista Geraldo Nascimento de Andrade, que gravou o vídeo mostrado por ISTOÉ na semana passada com as denúncias contra Agnelo. Levantamento da ISTOÉ revela que essas três empresas (HP, JG e Infinita) foram usadas pelo operador diversas vezes e não apenas no Esporte. Desde que foi criada em 2001, por Miguel, para despistar os órgãos de controle, a HP venceu várias licitações públicas tanto no plano federal como municipal. Na Infraero, abocanhou contrato de R$ 225 mil em 2003. A Madepa Madeiras, que ajudou a fraudar o Incra, fechou contratos com a Câmara dos Deputados, a AGU e o Dnit. O Ministério da Justiça, por exemplo, contratou a JG Comércio, em 2007, para fornecer 150 canis móveis para abrigar os cães farejadores usados pela PF na segurança dos Jogos Pan-Americanos de 2007. Valor do contrato: R$ 135 mil.
PATRIMÔNIO
Nos últimos dez anos, o operador de Agnelo enriqueceu. Comprou uma chácara no Lago
Norte, com cascata e viveiro de animais raros, um prédio de quitinetes e criou a construtora Citel
Ligações políticas à parte, a JG Comércio de Alimentos também foi contratada pela Polícia Rodoviária Federal, sob o guarda-chuva do Ministério da Justiça, que repassou à empresa-fantasma mais de R$ 300 mil, entre 2006 e 2007. A JG tem contratos ou foi subcontratada em convênios com os ministérios da Saúde, Ciência e Tecnologia, Trabalho e Desenvolvimento Social. Também conseguiu entrar no STF e até no Exército – como fornecedor da missão de paz no Haiti. Para se ter uma ideia da ousadia de Miguel, as três empresas que ele criou aparecem juntas em convênio de 2006, entre o Ministério da Saúde e o município de Charqueada, em São Paulo, para o fornecimento de equipamentos hospitalares. Na CPI do programa Segundo Tempo, que a oposição pretende convocar no Congresso, muito mais poderá vir à tona sobre a atuação do operador Miguel Santos Souza. E de seus poderosos clientes.
Publicado em 6 de novembro de 2011 no Diário do Nordeste (Regional)
AGRICULTURA FAMILIAR
Produtores criam máquina de debulhar feijão verde
FRANCISCO Estevão Gomes de Sousa mostra a invenção. Ele conta que é a primeira do gênero no Ceará
ANTÔNIO CARLOS ALVES
ANTÔNIO CARLOS ALVES
A Máquina DE debulhar a leguminosa chamou a atenção de autoridades agrícolas do Ceará e de outros agricultores. Após o processo, o feijão fica inteiro, sem quebras
PRODUTOS Orgânicos fabricados na cidade de Canindé deverão ser aproveitados pela Petrobras
Dois irmãos da cidade de Canindé desenvolveram uma máquina debulhadora de feijão verde elétrica
Monsenhor Tabosa. Uma máquina de debulhar feijão verde é a mais nova criação dos irmãos Francisco Estevão Gomes de Sousa e João Batista Gomes de Sousa, residentes no Município de Canindé, cidade que fica localizada no Sertão Central a 126 quilômetros de Fortaleza. O destaque tecnológico foi apresentado na Feira da Agricultura Familiar, realizada na cidade de Monsenhor Tabosa.
É uma máquina debulhadora de feijão verde elétrica, desenvolvida por meio de um sistema de peças usadas e feita com material reciclável e é capaz de beneficiar 30 quilos de vagem em dois minutos. Isso corresponde ao trabalho de 26 agricultoras durante um dia inteiro de trabalho.
Características
O equipamento, com 60 quilos de estrutura de madeira, alumínio, aço inox, redutor de velocidade (jacaré), rolamentos de carro, canelas de moto e motores usados. O consumo é de apenas dois watts de energia elétrica por hora, conta com dois motores de seis cavalos de força e irá ajudar principalmente os pequenos produtores, reunidos em associações e cooperativas. Com isso, será possível liberar mão de obra para a lida no campo, elevando, dessa forma, a produtividade.
Francisco Estevão Gomes de Sousa, um dos idealizadores do protótipo, disse que a obra custou R$ 2 mil e é a primeira do gênero no Estado do Ceará, fabricada por agricultores familiares, explica.
"Além de dinamizar o trabalho, hoje feito manualmente, a máquina propicia uma maior higiene ao produto, agregando-lhe valor de mercado", contou.
Atualmente, os dois irmãos trabalham em uma área de 20 hectares plantados de feijão de corda, o mais comum na região, na localidade de Pé da Serra do Bonito, a 30 quilômetros da sede. "A ideia surgiu devido à grande dificuldade que encontramos para conseguir mão de obra local. Muita gente não quer mais trabalhar no campo e a nossa produção cresceu e foi necessário encontrar meios de garantir o produto de entrega dentro do prazo estabelecido pelo cliente, que é a Secretaria de Educação de Canindé, que utiliza o alimento na merenda escolar", frisa João Batista Gomes dos Santos. Um quilo de feijão verde chega à mesa das crianças do Ensino Fundamental e Centro de Educação Infantil a preço de R$ 4,50 o quilo.
Dificuldade
Para os irmãos, a grande dificuldade hoje é a falta de incentivo dos Governos Federal e Estadual. "Nós trabalhamos com produtos orgânicos e nossa preocupação é preservar o meio ambiente, tornando-o saudável e sem problemas para a saúde humana, e os incentivos não existem", ressalta Francisco Estevão. Foi ele quem desenhou o protótipo, que foi confeccionado em oito dias.
A novidade é tão grande que o presidente do Instituto Agropolos do Ceará, Celso Crisóstomo, disse que a instituição, que garante assistência técnica aos produtores familiares, irá assessorar os idealizadores da máquina para que ela seja patenteada no Estado.
"É uma grande inovação. É de grande utilidade para o homem do campo. Será mais um aliado forte na produção de alimentos oriundos da produção comunitária e que chega à mesa do povo cearense de forma saudável", observa Crisóstomo.
O secretário de Desenvolvimento Agrário do Estado, Nelson Martins, gostou do que viu. "É muito interessante, o feijão debulhado manualmente, muitas vezes, quebra, amassa e na máquina não: sai inteiro, limpo e o que mais importante, muito higiênico", ressaltou o subsecretário de Desenvolvimento Agrário, Antônio Amorim.
Interesse
Os dois irmãos irão levar a máquina para ser apresentada na Expocrato, uma das maiores feiras do Norte e Nordeste. O sucesso é tamanho que técnicos de Organizações Não Governamentais (ONGs), associações comunitárias, sindicatos de trabalhadores rurais de Municípios vizinhos querem conhecer de perto a invenção. "A nossa grande preocupação é com a falta de créditos. Utilizamos recursos próprios e as dificuldades são muitas. Queríamos que os gerentes de bancos da cidade, o Sebrae, olhassem com bons olhos para o nosso projeto, porque isso irá gerar melhorias no campo e na vida dos agricultores familiares", diz Estevão.
O secretário de Agricultura e Recursos Hídricos de Canindé, Manoel Barroso de Araújo, disse que o Município realizará estudos para viabilizar a fabricação de outras máquinas a serem utilizadas na colheita. "É uma obra que irá nos fortalecer tanto no setor agrícola, quanto na preservação do meio ambiente", destacou Araújo.
CustoR$ 2 mil foi quanto custou a máquina criada pelos agricultores de Canindé. Ela é capaz de beneficiar 30 quilos de vagem em dois minutos, uma das suas vantagens para aprimorar o trabalho
MAIS INFORMAÇÕES
Francisco Estevão Gomes de Sousa: (85) 9904.0141/ João Batista Gomes de Sousa: (85) 8637.3532
Rua: Euclides Barroso,1025, CanindéPRODUÇÃO
Adubo orgânico preserva ambiente
Canindé. Outra grande novidade nos Sertões de Canindé pode ser encontrada no Assentamento Pitombeiras, onde o agricultor familiar e ambientalista, Domingos Forte, está aproveitando a casca da mamona, restos de poda, calcário dolomítico, fosfato natural, biocatalizador e água não clorada para a fabricação de adubo orgânico, chamado de biocomposto.
"Estamos utilizando 700 gramas de casca de mamona, 200 gramas de restos de poda, 50 gramas de calcário, 50 gramas de fosfato natural, 20 litros de biocatalizador e 200 litros de água não clorada para a produção de uma tonelada de adubo orgânico", explica Forte.
Duas pessoas cuidam do projeto que tem as parcerias do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Prefeitura Municipal de Canindé e Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
Toda a produção é comercializada na região e agora a Petrobras acena com os bons olhos a possibilidade de compra para a utilização em plantios de mamona no Ceará na produção de biodiesel. "É um trabalho que gratifica, porque estamos contribuindo para a produção familiar de forma limpa, sem o uso de agrotóxicos", comemora Francisco Eudes dos Santos. Já Francisco Geovani Forte destaca que o trabalho vem ganhando a conscientização dos moradores. "Aqui, ninguém desmata sem orientação técnica e nem tão pouco queima a mata ciliar".
Para o presidente do Instituto Agropolos do Ceará, Celso Crisóstomo, a segurança para o aumento da produção pela agricultura familiar também conta com o suporte de políticas de comercialização e meio ambiente. Elas asseguram ao agricultor mercado para os seus produtos e, também, incentivam o aumento da produção.
"Essa estratégia foi reforçada com a criação da Lei 11.947 de 2009, que determina que no mínimo 30% dos recursos financeiros repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação ao Programa Nacional de Alimentação Escolar sejam destinados à compra de produtos de agricultores familiares e empreendedores familiares rurais", ressalta Celso.
Prioridade
A prioridade é para assentamentos da Reforma Agrária e comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas.
Além de garantir alimento de qualidade na refeição dos alunos da rede pública, a lei da alimentação escolar assegura apoio ao agricultor familiar para comercializar seus produtos e mais renda para quem produz.
Em Canindé, o prefeito da cidade, Cláudio Pessoa, autorizou a secretária de Educação do Município, Rosinha Cardoso, a comprar o maior número possível de produtos da agricultura familiar. "Vamos garantir esse incentivo, porque entendo que ainda é mantendo o homem no campo que iremos conseguir combater a prostituição, as drogas, enfim, dando ao homem o direito de produção no seu habitat", disse o prefeito.
Quanto às inovações criadas pelos irmãos Sousa, na fabricação de debulhar feijão, Cláudio Pessoa garantiu que irá conhecer o protótipo e no que depender da sua administração vai ajudar os idealizadores. Já a produção de adubos orgânicos que tem a parceria do Município ele parabenizou a ideia. "Esse é o caminho para garantirmos uma vida mais saudável", finalizou.
OrientaçãoDe acordo com Domingos Forte, a fabricação dos produtos orgânicos recebe ainda a orientação técnica do Instituto Agropolos, Ematerce, por meio de estudos no campo. "Estamos conseguindo atender a todas as exigências dos órgãos ambientais e, dentro de um prazo médio, estaremos colocando o nome de Canindé a nível nacional com essa tecnologia de ponta", assegura o ambientalista.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Canindé, José Thomé de Cruz Almeida, ressalta que a fabricação dos produtos orgânicos trazem uma nova mentalidade para o meio rural. "Já é fácil encontrarmos pessoas que não desmatam mais e o que é mais importante orientam os colegas agricultores a forma correta de raleamento das matas", concluiu o sindicalista rural.
Antônio Carlos AlvesColaborador
Monsenhor Tabosa. Uma máquina de debulhar feijão verde é a mais nova criação dos irmãos Francisco Estevão Gomes de Sousa e João Batista Gomes de Sousa, residentes no Município de Canindé, cidade que fica localizada no Sertão Central a 126 quilômetros de Fortaleza. O destaque tecnológico foi apresentado na Feira da Agricultura Familiar, realizada na cidade de Monsenhor Tabosa.
É uma máquina debulhadora de feijão verde elétrica, desenvolvida por meio de um sistema de peças usadas e feita com material reciclável e é capaz de beneficiar 30 quilos de vagem em dois minutos. Isso corresponde ao trabalho de 26 agricultoras durante um dia inteiro de trabalho.
Características
O equipamento, com 60 quilos de estrutura de madeira, alumínio, aço inox, redutor de velocidade (jacaré), rolamentos de carro, canelas de moto e motores usados. O consumo é de apenas dois watts de energia elétrica por hora, conta com dois motores de seis cavalos de força e irá ajudar principalmente os pequenos produtores, reunidos em associações e cooperativas. Com isso, será possível liberar mão de obra para a lida no campo, elevando, dessa forma, a produtividade.
Francisco Estevão Gomes de Sousa, um dos idealizadores do protótipo, disse que a obra custou R$ 2 mil e é a primeira do gênero no Estado do Ceará, fabricada por agricultores familiares, explica.
"Além de dinamizar o trabalho, hoje feito manualmente, a máquina propicia uma maior higiene ao produto, agregando-lhe valor de mercado", contou.
Atualmente, os dois irmãos trabalham em uma área de 20 hectares plantados de feijão de corda, o mais comum na região, na localidade de Pé da Serra do Bonito, a 30 quilômetros da sede. "A ideia surgiu devido à grande dificuldade que encontramos para conseguir mão de obra local. Muita gente não quer mais trabalhar no campo e a nossa produção cresceu e foi necessário encontrar meios de garantir o produto de entrega dentro do prazo estabelecido pelo cliente, que é a Secretaria de Educação de Canindé, que utiliza o alimento na merenda escolar", frisa João Batista Gomes dos Santos. Um quilo de feijão verde chega à mesa das crianças do Ensino Fundamental e Centro de Educação Infantil a preço de R$ 4,50 o quilo.
Dificuldade
Para os irmãos, a grande dificuldade hoje é a falta de incentivo dos Governos Federal e Estadual. "Nós trabalhamos com produtos orgânicos e nossa preocupação é preservar o meio ambiente, tornando-o saudável e sem problemas para a saúde humana, e os incentivos não existem", ressalta Francisco Estevão. Foi ele quem desenhou o protótipo, que foi confeccionado em oito dias.
A novidade é tão grande que o presidente do Instituto Agropolos do Ceará, Celso Crisóstomo, disse que a instituição, que garante assistência técnica aos produtores familiares, irá assessorar os idealizadores da máquina para que ela seja patenteada no Estado.
"É uma grande inovação. É de grande utilidade para o homem do campo. Será mais um aliado forte na produção de alimentos oriundos da produção comunitária e que chega à mesa do povo cearense de forma saudável", observa Crisóstomo.
O secretário de Desenvolvimento Agrário do Estado, Nelson Martins, gostou do que viu. "É muito interessante, o feijão debulhado manualmente, muitas vezes, quebra, amassa e na máquina não: sai inteiro, limpo e o que mais importante, muito higiênico", ressaltou o subsecretário de Desenvolvimento Agrário, Antônio Amorim.
Interesse
Os dois irmãos irão levar a máquina para ser apresentada na Expocrato, uma das maiores feiras do Norte e Nordeste. O sucesso é tamanho que técnicos de Organizações Não Governamentais (ONGs), associações comunitárias, sindicatos de trabalhadores rurais de Municípios vizinhos querem conhecer de perto a invenção. "A nossa grande preocupação é com a falta de créditos. Utilizamos recursos próprios e as dificuldades são muitas. Queríamos que os gerentes de bancos da cidade, o Sebrae, olhassem com bons olhos para o nosso projeto, porque isso irá gerar melhorias no campo e na vida dos agricultores familiares", diz Estevão.
O secretário de Agricultura e Recursos Hídricos de Canindé, Manoel Barroso de Araújo, disse que o Município realizará estudos para viabilizar a fabricação de outras máquinas a serem utilizadas na colheita. "É uma obra que irá nos fortalecer tanto no setor agrícola, quanto na preservação do meio ambiente", destacou Araújo.
CustoR$ 2 mil foi quanto custou a máquina criada pelos agricultores de Canindé. Ela é capaz de beneficiar 30 quilos de vagem em dois minutos, uma das suas vantagens para aprimorar o trabalho
MAIS INFORMAÇÕES
Francisco Estevão Gomes de Sousa: (85) 9904.0141/ João Batista Gomes de Sousa: (85) 8637.3532
Rua: Euclides Barroso,1025, CanindéPRODUÇÃO
Adubo orgânico preserva ambiente
Canindé. Outra grande novidade nos Sertões de Canindé pode ser encontrada no Assentamento Pitombeiras, onde o agricultor familiar e ambientalista, Domingos Forte, está aproveitando a casca da mamona, restos de poda, calcário dolomítico, fosfato natural, biocatalizador e água não clorada para a fabricação de adubo orgânico, chamado de biocomposto.
"Estamos utilizando 700 gramas de casca de mamona, 200 gramas de restos de poda, 50 gramas de calcário, 50 gramas de fosfato natural, 20 litros de biocatalizador e 200 litros de água não clorada para a produção de uma tonelada de adubo orgânico", explica Forte.
Duas pessoas cuidam do projeto que tem as parcerias do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Prefeitura Municipal de Canindé e Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
Toda a produção é comercializada na região e agora a Petrobras acena com os bons olhos a possibilidade de compra para a utilização em plantios de mamona no Ceará na produção de biodiesel. "É um trabalho que gratifica, porque estamos contribuindo para a produção familiar de forma limpa, sem o uso de agrotóxicos", comemora Francisco Eudes dos Santos. Já Francisco Geovani Forte destaca que o trabalho vem ganhando a conscientização dos moradores. "Aqui, ninguém desmata sem orientação técnica e nem tão pouco queima a mata ciliar".
Para o presidente do Instituto Agropolos do Ceará, Celso Crisóstomo, a segurança para o aumento da produção pela agricultura familiar também conta com o suporte de políticas de comercialização e meio ambiente. Elas asseguram ao agricultor mercado para os seus produtos e, também, incentivam o aumento da produção.
"Essa estratégia foi reforçada com a criação da Lei 11.947 de 2009, que determina que no mínimo 30% dos recursos financeiros repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação ao Programa Nacional de Alimentação Escolar sejam destinados à compra de produtos de agricultores familiares e empreendedores familiares rurais", ressalta Celso.
Prioridade
A prioridade é para assentamentos da Reforma Agrária e comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas.
Além de garantir alimento de qualidade na refeição dos alunos da rede pública, a lei da alimentação escolar assegura apoio ao agricultor familiar para comercializar seus produtos e mais renda para quem produz.
Em Canindé, o prefeito da cidade, Cláudio Pessoa, autorizou a secretária de Educação do Município, Rosinha Cardoso, a comprar o maior número possível de produtos da agricultura familiar. "Vamos garantir esse incentivo, porque entendo que ainda é mantendo o homem no campo que iremos conseguir combater a prostituição, as drogas, enfim, dando ao homem o direito de produção no seu habitat", disse o prefeito.
Quanto às inovações criadas pelos irmãos Sousa, na fabricação de debulhar feijão, Cláudio Pessoa garantiu que irá conhecer o protótipo e no que depender da sua administração vai ajudar os idealizadores. Já a produção de adubos orgânicos que tem a parceria do Município ele parabenizou a ideia. "Esse é o caminho para garantirmos uma vida mais saudável", finalizou.
OrientaçãoDe acordo com Domingos Forte, a fabricação dos produtos orgânicos recebe ainda a orientação técnica do Instituto Agropolos, Ematerce, por meio de estudos no campo. "Estamos conseguindo atender a todas as exigências dos órgãos ambientais e, dentro de um prazo médio, estaremos colocando o nome de Canindé a nível nacional com essa tecnologia de ponta", assegura o ambientalista.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Canindé, José Thomé de Cruz Almeida, ressalta que a fabricação dos produtos orgânicos trazem uma nova mentalidade para o meio rural. "Já é fácil encontrarmos pessoas que não desmatam mais e o que é mais importante orientam os colegas agricultores a forma correta de raleamento das matas", concluiu o sindicalista rural.
Antônio Carlos AlvesColaborador
COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
-- Agora Lupi diz que toma 'providências' sobre corrupção em seu ministério
O ministro Carlos Lupi (Trabalho) disse que já tomou as "primeiras providências" para investigar as denúncias de corrupção em sua pasta, reveladas nesta coluna e na revista Veja desta semana, envolvendo seus principais assessores. Lupi agora inisinua que "não sabia". Ele diz que vai afastar o assessor especial e coordenador-geral de Qualificação, Anderson Alexandre dos Santos e diz ter solicitado ao ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) que a Polícia Federal investigue as denúncias. Santos seria o operador de um esquema de cobrança de propinas a organizações não governamentais (ONGs) que tinham contratos com o Ministério do Trabalho. Conforme revelado por esta Coluna neste sábado, sob suspeita de favorecer ONGs amigas com recursos do bilionário Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), para supostos cursos de qualificação profissional, Lupi virou um problema para o Planalto, que passou a semana pedindo processos específicos de financiamentos suspeitos para responder a indagações de órgãos de controle e das principais revistas semanais.
- 06/11/2011 | 00:00
Sem voz, sem saldo
A conta é de pessoas próximas. Por causa da doença, Lula deixará de arrecadar mais de US$ 1 milhão com cinco palestras adiadas.
- 06/11/2011 | 00:00
Haddad sai com déficit de 400
mil professoresFocado na candidatura à prefeitura de São Paulo, por escolha de Lula, e com apoio da presidenta Dilma e da máquina do governo, o ministro Fernando Haddad (Educação) deixará uma herança maldita no ensino público: faltam 400 mil professores no ensino básico (fundamental e médio) no País. A maior carência é para as disciplinas de matemática, química, física e biologia. Há escolas que nem as têm na grade.
- 06/11/2011 | 00:00
Desprestígio
A conta de 400 mil é do próprio Haddad, revelada a empresários em reunião fechada. A justificativa: nenhuma criança sonha ser professor.
- 06/11/2011 | 00:00
Intensivão
O MEC pretende treinar 332 mil educadores até dezembro, no Plano Nacional de Formação de Professores. Mas nada garante que dê certo.
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Para camuflar o cenário, o MEC usa a estrutura dos institutos federais de educação, da Ciência e Tecnologia, a fim de treinar professores.
- 06/11/2011 | 00:00
Assim é fácil
O governador Sérgio Cabral pode entregar de bandeja o Maracanã quando acabarem as obras. Tem bolão de apostas do vencedor da licitação de concessão para usufruir, sem ônus, o estádio.
- 06/11/2011 | 00:00
Samba comunista
Autorizada a captar até R$ 736 mil pela Lei Rouanet para cantar a colonização italiana em 2012, a escola de samba gaúcha Imperatriz Dona Leopoldina louvará a UNE, que deve ter dado uma força para um convênio com o Ministério do Esporte no programa Segundo Tempo.
- 06/11/2011 | 00:00
Amizade nuclear
O presidente cocaleiro da Bolívia, Evo Morales, tem parceiro novo, além do Brasil e suas empreiteiras “amigas”: o porralouca do Irã, Mahmud Ahmadinejad, que doará US$ 274 milhões a “projetos sociais”.
- 06/11/2011 | 00:00
Gastão Cunha
Réu no processo do mensalão, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) gastou R$ 41,9 mil da cota parlamentar no recesso de fevereiro. No recesso de julho mais R$ 25 mil, com direito a hotel em Ilhabela (SP).
- 06/11/2011 | 00:00
O melhor exemplo
Com seu indiscutível carisma e apelo popular, o ex-presidente Lula poderia usar sua atração fatal pela TV para advertir contra maus hábitos que provocam o câncer. Cigarro e bebida, por exemplo.
- 06/11/2011 | 00:00
Campo minado
“Lula se tornou o líder que é justamente por fazer política com o coração e não com o fígado”, exultou no Twitter o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP). Fígado de ferro, diga-se.
- 06/11/2011 | 00:00
Limpeza
Por recomendação do Tribunal de Contas (TCU) e Controladoria Geral (CGU) da União, o Ministério da Saúde divulgou na sexta lista de 16 exonerados no Instituto Nacional de Câncer, que recebiam em dobro.
- 06/11/2011 | 00:00
Presente de grego
Se a Grécia falir, Eike Batista dará um jeito de comprar a Acrópole para construir um shopping, com a luxuosa ajuda do BNDES, claro.
domingo, 6 de novembro de 2011
Frase do dia.
"Que tal um anonimato diferente? Os Ministros do STF poderiam julgar sem saber quem são os réus! Será que faz diferença para eles saber se o réu é um Ministro ou um caseiro? Deve fazer (diferença), já que estão ocultando o nome do réu quando ele é político. Só pode ser para protegê-los!!!" (Gino/SP)
Haddad: além de incompetente, leviano e avesso à verdade.
Diante de mais um tropeço no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o ministro da Educação, Fernando Haddad, tentou classificar como "comum" o vazamento de questões da prova. Mais: disse que problemas similares também são registrados na aplicação do SAT, supostamente uma versão americana do Enem. São afirmações imprecisas - e levianas - feitas por um ministro de estado. De acordo com o Educational Testing Service (ETS), associação sem fins lucrativos que elabora, aplica e corrige o SAT, cerca de 1.000 provas são anuladas todos os anos em um universo de 2,2 milhões de exames realizados. "Em média, suspeitamos de fraudes em 3.000 exames, mas em geral 2.000 se mostram isentos", afirma Thomas Ewing, porta-voz da ETS. Os problemas, no entanto, têm natureza muito diversa da registrada por aqui. "Quase todas as anulações acontecem por cola ou mau comportamento de estudantes na hora prova." Vazamento de questões é coisa rara nos Estados Unidos, ao contrário do que tentou fazer parecer o ministro. E é fácil entender por quê. Leia mais em Veja.
Custou caro para o Brasil.
O banco PanAmericano doou R$ 500 mil para a campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006, e usou empresas de dirigentes da instituição financeira para disfarçar a origem das contribuições. As doações foram feitas em dezembro de 2006, quase um mês depois do encerramento da campanha. Lula já estava reeleito, mas o PT saíra da eleição com dívidas de quase R$ 10 milhões. As contribuições foram contabilizadas regularmente pelo partido, mas só quem conhecesse a identidade dos proprietários das empresas que fizeram essas doações teria condições de associá-las ao PanAmericano na época. Em 2010, o governo Lula enterrou R$ 4,3 bi no banco quebrado. Não há informações se Lula recebeu ou não "doações" dos beneficiados.(Com informações da Folha)
Estênio Negreiros
Fortaleza,CE
"As leis são como as teias de aranha; os pequenos insetos prendem-se nelas, e os grandes rasgam-nas sem custo”. (Anacaris, sábio grego, da Antiguidade)
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