Doutor
Lula
10 de outubro de 2011 | 3h 05
Ricardo Vélez Rodrígues, coordenador do Centro de
Pesquisas Estratégicas da Universidade Federal de Juiz de Fora; e-mail: rive2011@gmail.com -
O Estado de S.Paulo
Lula, como Brizola, é um grande comunicador. Mas,
como Brizola
também, é um grande populista.
A característica fundamental desse tipo de líder é,
como escreve o professor Pierre-André Taguieff (A Ilusão Populista - Ensaio
sobre as Demagogias da era Democrática, Paris, Flammarion, 2002), que se trata
de um demagogo cínico. Demagogo - no sentido aristotélico do termo - porque
chefia uma versão de democracia deformada, aquela em que as massas seguem o
líder em razão de seu carisma, em que pese o fato de essa liderança conduzir o
povo à sua destruição. O cinismo do líder populista já fica por conta da duplicidade
que ele vive, entre uma promessa de esperança (e como Lula sabe fazer isso:
"Os jovens devem ter esperança porque são o futuro da Nação", "o
pré-sal é a salvação do brasileiro", e por aí vai), de um lado, e, de
outro, a nua e crua realidade que ele ajudou a construir, ou melhor, a
desconstruir, com a falência das instituições que garantiriam a esse povo
chegar lá, à utopia prometida...
Lula acelerou o processo de desconstrução das
instituições que balizam o Estado brasileiro. Desconstruiu acintosamente a
representação, mediante a deslavada compra sistemática de votos, alegando
ulteriormente que se tratava de mais uma prática de "caixa 2"
exercida por todos os partidos (seguindo, nessa alegação, "parecer"
do jurista Márcio Thomas Bastos) e proclamando, em alto e bom som, que o
"mensalão nunca existiu". Sob a sua influência, acelerou-se o
processo de subserviência do Judiciário aos ditames do Executivo (fator que nos
ciclos autoritários da História republicana se acirrou, mas que sob o PT voltou
a ter uma periclitante revivescência, haja vista a dificuldade que a Suprema
Corte brasileira tem para julgar os responsáveis pelo mensalão ou a censura
odiosa que pesa sobre importante jornal há mais de dois anos, para salvar um
membro de conhecido clã favorável ao ex-mandatário petista).
Lula desconstruiu, de forma sistemática, a tradição
de seriedade da diplomacia brasileira, aliando-se a tudo quanto é ditador e
patife pelo mundo afora, com a finalidade de mostrar novidades nessa
empreitada, brandindo a consigna de um "Brasil grande" que é
independente dos odiados norte-americanos, mas, certamente, está nos causando
mais prejuízos do que benefícios no complicado xadrez global: o País não
conseguiu emplacar, com essa maluca diplomacia de palanque, nem a direção da
Unesco, nem a presidência da Organização Mundial do Comércio (OMC), nem a
entrada permanente do Brasil no Conselho de Segurança da ONU.
Lula, com a desfaçatez em que é mestre, conseguiu
derrubar a Lei de Responsabilidade Fiscal, abrindo as torneiras do Orçamento da
União para municípios governados por aliados que não fizeram o dever de casa,
fenômeno que se repete no governo Dilma. De outro lado, isentou da vigilância
dos órgãos competentes (Tribunal de Contas da União, notadamente) as
organizações sindicais, que passaram a chafurdar nas águas do Orçamento sem
fiscalização de ninguém. Esse mesmo "liberou geral" valeu também para
os ditos "movimentos sociais" (MST e quejandos), que receberam luz
verde para continuar pleiteando de forma truculenta mais recursos da Nação para
suas finalidades políticas de clã. Os desmandos do seu governo foram, para o
ex-líder sindical, invenções da imprensa marrom a serviço dos poderosos.
A política social do programa Bolsa-Família
converteu-se numa faca de dois gumes, que, se bem distribuiu renda entre os
mais pobres, levou à dependência do favor estatal milhões de brasileiros, que
largaram os seus empregos para ganhar os benefícios concedidos sem
contrapartida nem fiscalização. Enquanto ocorria isso, o Fisco, sob o consulado
lulista, tornou-se mais rigoroso com os produtores de riqueza, os empresários.
"Nunca antes na História deste país" se tributou tanto como sob os
mandatos petistas, impedindo, assim, que a livre-iniciativa fizesse crescer o
mercado de trabalho em bases firmes, não inflacionárias.
Isso sem falar nas trapalhadas educacionais, com
universidades abertas do norte ao sul do País, sem provisão de mestres e sem
contar com os recursos suficientes para funcionarem. Nem lembrar as inépcias do
Inep, que frustraram milhões de jovens em concursos vestibulares que não
funcionaram a contento. Nem trazer à tona as desgraças da saúde, com uma
administração estupidamente centralizada em Brasília, que ignora o que se passa
nos municípios onde os cidadãos morrem na fila do SUS.
Diante de tudo isso, e levando em consideração que
o Brasil cresceu na última década menos que seus vizinhos latino-americanos, o
título de doutor honoris causa concedido a Lula, recentemente, pela prestigiosa
casa de estudos Sciences Po, em Paris, é ou uma boa piada ou fruto de tremenda
ignorância do que se passa no nosso país. Os doutores franceses deveriam olhar
para a nossa inflação crescente, para a corrupção desenfreada, fruto da era
lulista, para o desmonte das instituições republicanas promovido pelo líder
carismático e para as nuvens que, ameaçadoras, se desenham no horizonte de um
agravamento da crise financeira mundial, que certamente nos encontrará com
menos recursos do que outrora. Ao que tudo indica, os docentes da Sciences Po
ficaram encantados com essa flor de "la pensée sauvage", o filho de
dona Lindu que conseguiu fazer tamanho estrago sem perder a pose. Sempre o mito
do "bon sauvage" a encantar os franceses!
O líder prestigiado pelo centro de estudos falou,
no final do seu discurso, uma verdade: a homenagem ele entendia ter sido feita
ao povo brasileiro - que paga agora, com acréscimos, a conta da festança
demagógica de Lula e enfrenta com minguada esperança a luta de cada dia.
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Enviado por Téta Barbosa -
10.10.2011
| 9h52m
Dia do nordestino
(em São Paulo).
Retirantes da seca (a real e a imposta), o povo
bota a mochila nas costas e vai embora sem olha pra trás.
A debandagem é geral.
O motivo?
Faço minhas as palavras do poeta popular Patativa
do Assaré, cujo aniversário da morte foi escolhido para ser o dia do Nordestino,
8 de outubro:
"Mas não é o Pai Celeste
Que faz sair do Nordeste
Legiões de retirantes
Os grandes martírios seus
Não é permissão de Deus
É culpa dos governantes
Já sabemos muito bem
De onde nasce e de onde vem
A raiz do grande mal
Vem da situação crítica
Desigualdade política
Econômica e social"
Que faz sair do Nordeste
Legiões de retirantes
Os grandes martírios seus
Não é permissão de Deus
É culpa dos governantes
Já sabemos muito bem
De onde nasce e de onde vem
A raiz do grande mal
Vem da situação crítica
Desigualdade política
Econômica e social"
O povo vai embora e fica lá, na cidade-poluição,
morrendo de vontade de voltar pra casa. E num volta porque aqui é como
Nordestina, a cidade imaginária de Adriana Falcão, onde o povo imagina uma
risca no chão que separa a cidade do resto do mundo. E as coisas do mundo, só
acontecem da risca pra lá!
Pois é assim, o Nordeste fica da risca pra cá e
quem não vive nele nem sabe que aqui não é só praia e sol o ano inteiro. Aqui é
fome e seca e falta de respeito com o povo que carrega a “lata d’agua na cabeça
, lá vai Maria”.
Já morei fora, já viajei, mas sempre volto. Não
tenho vocação para desertora.
Fico achando que um dia vão olhar da risca pra cá e
que, além de shows internacionais, vão trazer escolas, asfalto, dignidade.
Porque a gente não quer só comida. A gente quer
comida, diversão e arte!
A gente não quer um dia para comemorar a saudade de
quem debandou, a gente quer um dia para que quem foi possa voltar.
E, já que nordestino não da volta, ele arrudêia, a
gente fica torcendo pra que quem foi, arrudeie e pegue o caminho de volta.
Por enquanto, esse #OrgulhoDeSerNordestino que
bombou no fim de semana nas mídias sociais, ainda é um orgulho, pero no mucho!
Um orgulho meio “quero ser São Paulo quando
crescer”.
Aí, neguinho, pra justificar que nordestino é
massa, cita um monte de escritor que já morreu ou vai além e chega em Pedro
Álvares Cabral (um cascudo não faz mal) e seu descobrimento em praias
nordestinas.
Aí, a gente pega ar, diz que não é bem assim, que
aqui tem mais do que João Cabral de Melo Neto e que cabeça chata é a mãe!
Ficamos com fama de mal agradecidos e complexados.
Né lasca?
Sendo assim, no lugar de desejar um Feliz dia do
Nordestino pra você, político conterrâneo que mora em Brasília, vou desejar um:
- Se liga na missão!
*O título deste texto é de Patativa do Assaré. Um
cearense arretado (com ou sem cabeça chata).
Téta Barbosa é
jornalista, publicitária, mora no Recife e vive antenada com tudo o que se
passa ali e fora dali. Escreve aqui sempre às segundas-feiras sobre modismos,
modernidades e curiosidades. Ela também tem um blog - Batida Salve Todos
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Aqui o novo vídeo do Implicante,
outra produção impecável do Exilado. Sorria, o Brasil é o país da piada pronta.
Cotada para ocupar a vaga de Ellen Gracie, a
procuradora federal concursada, Maria Elizabeth Rocha deslanchou na sua
carreira quando foi cedida para o Congresso Nacional, onde atuou na liderança
do PT. “Foi ali que eu conheci os parlamentares do partido e foi o que,
de certa maneira, me abriu as portas para ir para a Casa Civil”, declarou
em entrevista para o Consultor Jurídico, explicando sobre o
convite para atuar na subchefia para assuntos jurídicos, ao lado de José
Antonio Dias Toffoli, hoje ministro do Supremo Tribunal Federal, e na época
subchefe da Casa Civil. Os bons serviços a levaram ao Superior Tribunal
Militar, aos 47 anos. Agora ela é cotada para ir para o STF e julgar o Caso do
Mensalão, vendo companheiros e colegas de trabalho no banco dos réus, assim
como Toffoli, hoje ministro, que em entrevista à Folha de São Paulo, em 2007,
afirmou: " requerer a anistia é um direito político de qualquer
pessoa condenada. A anistia é um instituto previsto na Constituição. O
Congresso é que vai decidir se o José Dirceu ou qualquer pessoa que tenha sido
condenada, em qualquer situação, pode ou não ser anistiada." Tem
gente que acha que o STF é quem deve fazer o que bem entende com a Constituição
Federal e que uma Constituinte é um perigo. Já pensaram no STF com maioria
indicada pelo José Dirceu mexendo na Carta Magna ao seu bel prazer?Eles não
precisam correr. Toffoli tem 44 anos, Elisabeth tem 52 anos...
--
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O CASO
TACUMÃ
Estênio Negreiros
“E nos últimos
tempos derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas
filhas profetizarão, vossos velhos terão sonhos, vossos jovens terão visões”.
(Profecia de Joel [2:28] confirmada pelo Apóstolo Pedro [Atos
2:17] ).
A Expedição Roncador-Xingu
foi criada pelo Governo Federal no ano de 1943, no auge da Segunda Guerra
Mundial, com o propósito de conhecer e desbravar as áreas mostradas em branco
nas nossas cartas cartográficas, em face, dizem, de uma suposta declaração de
uma alta autoridade européia que demonstrava uma clara intenção de ocupar as
áreas territoriais vazias do Brasil Central. Esse foi talvez o êmulo
impulsionador da idéia de transferir a capital do País, do Rio de Janeiro para
o Brasil Central.
Assim, teve início a
ocupação daquela imensa faixa de terras, localizada na margem oeste do rio
Araguaia, entre a serra do Roncador e o Alto do Xingu, no norte do Estado do
Mato Grosso e que era habitada por tribos indígenas que desconheciam a
existência do .
Para chefiar aquela
expedição, foram designados os irmãos, sertanistas, Orlando, Cláudio e Leonardo
Villas-Bôas. Em 1945 estavam eles e os demais componentes da expedição, pondo
os pés na aldeia dos índios “Kalapalos”, como os primeiros não-índios, com a missão
principal de civilizá-los sem violentar em demasia os seus costumes, sua
cultura e o seu e de melhorar as suas condições de vida.
Não imaginavam aqueles homens que ali iriam testemunhar fatos assombrosos que
extrapolavam a sua compreensão das coisas ditas sobrenaturais.
Aqueles exploradores
presenciaram curandeiros indígenas produzir fenômenos inexplicáveis à luz da
sua compreensão civilizada, utilizando-se da ação de seres espirituais que,
segundo a tradição indígena, habitam aquelas densas florestas.
Conforme relata
Pedro de Campos, em seu precioso livro - escrito sob a instrução do Espírito
Erasto - “UNIVERSO PROFUNDO-Seres Inteligentes e Luzes no Céu-Uma Visão
Espírita da Ufologia”, - publicado pela Lúmen Editorial, aquele ambiente
esquisito da selva amazônica é povoado por “animais estranhos e nunca vistos,
macacos vermelhos com garras de onça, mãos peludas com sete dedos e unhas
enormes, seres cabeçudos e de olhar penetrante, gente que respira pelos poros,
aberrações animais de outra natureza – todas essas coisa são relatadas pela
população ribeirinha; entretanto, naquelas regiões, essas histórias são tidas
como manifestações de entidades provenientes de uma dimensão espiritual que o
índio sabe muito bem qual é, mas não sabe explicá-la. O “homem branco” tem isso
como frutos da imaginação ou elementos do folclore. Talvez seja uma humanidade
espiritual cuja evolução retroceda milhares de milênios da nossa. O certo, não
se sabe”.
Foi nesse ambiente
incrível e exuberante que os irmãos Villas-Bôas trabalharam e viveram a maior
parte de suas vidas e puderam observar o comportamento indígena em face dos
acontecimentos considerados sobrenaturais.
Novamente nos
valemos do escritor Pedro de Campos, por meio da obra supracitada, para descrever
um caso singular e intrigante, relatado por Cláudio Villas-Bôas, publicado em
1975, no jornal “Folha Espírita” e republicado na sua edição de janeiro de
2003. Eis a narração de Villas-Bôas: “Isso aconteceu na aldeia de Kalapalos. O
pai saiu para pescar levando dois filhos. A certa altura do dia, ele deixou as
crianças à beira da lagoa Marivarré, perto do nosso posto, na sede do Parque.
Quando voltou, as crianças não estavam mais lá. Procurou-as por toda parte e
depois voltou para a aldeia, pedindo ajuda. Todos auxiliaram na busca, mas foi
em vão... No outro dia, um pajé dos “Kalapalos” disse que um espírito, o Evurá,
tinha levado as crianças. O pajé não conseguiu fazer a pajelança (¹) toda e as
crianças não voltaram. Então, procuraram outros pajés de outras tribos –
Kuicuru, Meinaco, Arueiti – e todos se concentraram na aldeia “Kalapalos”, mas
tudo inútil. Foi aí que alguém se lembrou de Tacumã. A esse tempo ele já era
chefe da aldeia, mas não respeitado como grande pajé. Estavam esperançosos
porque Tacumã era filho de um pajé que se tornara famoso e talvez pudesse
descobrir as crianças perdidas há cinco dias.
Tacumã veio com um
grupo de pajés auxiliares, fez toda a pajelança, cantando e realizando a
atração. Quando terminou, disse que as crianças iriam aparecer às dez horas do
dia seguinte; que Evurá, um espírito, as tinha levado, mas que ele conversara
com Evurá e elas já estavam de volta.
Notável! Às dez
horas ouviu-se um grito na mata e as crianças apareceram na orla do cerrado. Eu
estava lá! Não posso duvidar porque eu e o Orlando assistimos tudo isso.
Quando as crianças
apareceram os parentes correram para pegá-las, mas Tacumã gritava:
- Não vai! Não vai,
senão elas não voltam mais...
Mas os parentes
correram para pegá-las e as crianças entraram de novo no mato e sumiram.
Tacumã fez outro
trabalho com muita pajelança, muita fumaça com aquele cigarro de quase trinta
centímetros de comprimento, imenso... fumou um atrás do outro, entrou em transe
e falou:
- Amanhã eles voltam
outra vez, mas ninguém vai até lá, eu vou para pegar as crianças.
Às dez horas,
ouviu-se o grito das crianças na orla do mato e elas apareceram.
Tacumã, então, com
um chocalho na mão, foi cantando rumo às crianças e, auxiliado por outro pajé,
levou-as pelo braço até a casa dos pais. Eram duas meninas, uma de nove, outra
de seis anos”.
Conforme o autor de
“Universo Profundo...”, este relato de Cláudio Villas-Bôas foi feito em 1975, à
doutora Marlene Nobre, à artista plástica Sulamita Mareines e a seu filho Ivo,
por ocasião de uma visita destas pessoas ao Parque Nacional do Xingu.
Teria havido, nesse
ocorrido, os fenômenos de “desmaterialização” e rematerialização”?
O Espírito Erasto,
co-autor da obra acima mencionada, indagado a respeito do caso enfocado,
esclarece a Pedro de Campos:
“De início é preciso
destacar aqui que não vos falo dos espíritos errantes nem dos seres
ultraterrestres, cujos processos distintos de materialização já vos descrevi
anteriormente, mas sim dos seres humanos, espíritos encarnados que são”.
Prossegue aquele
Espírito: “Vosso corpo não comporta desmaterialização com perda de energia
vital; pereceria sem ela. Essa força vital de que vos falo, indispensável para
a eclosão da vida na matéria, possibilita a ligação do corpo espiritual ao
corpo de carne e é obtida com fartura durante o processo gestativo. Vós não
sois seres agenésicos e sem ciclo vital, portanto, precisais daquela energia
para reproduzir e viver. A desagregação da matéria a libera, fazendo-a voltar
ao manancial de onde procedeu”.
“No caso Tacumã –
continua Erasto – ilustrativo ao nosso propósito de esclarecimento, as crianças
ribeirinhas se fizeram atraentes ao espírito Evurá, entidade índia sem
instrução nem maldade, que viu nelas os antecedentes de sua própria vida na
floresta, por isso as levou da orla à mata fechada, para ali viverem como
índios. Evurá tomou do ectoplasma exalado do corpo carnal das crianças,
combinou-o com seus fluidos espirituais e outros encontrados na floresta,
envolveu-as com esse substrato, tornando-as invisíveis, por assim dizer. Ao
mesmo tempo, sempre se utilizando desses fluidos imponderáveis para vós,
isolou-as da gravidade, tornando seus corpos leves, e, sem desagregação
material, transportou-as para dentro da mata.
Ali as crianças
viveram alguns dias, encontraram alimento e água, facilitado pela ação de
Evurá. Por sua vez, o pajé Tacumã tivera ajuda do plano espiritual para
conseguir reverter o caso.
Com os rituais
realizados, embora o Espírito estivesse contrafeito, conforme o demonstra a
desaparição das crianças quando da primeira entrega, Evurá foi esclarecido e
teve de devolver as crianças ao pajé, que as levou aos pais, moradores
ribeirinhos”.
A comunicabilidade
entre os dois planos da vida, remonta aos primórdios do homem. A ocorrência dos
fenômenos ditos sobrenaturais, também. Estes - os fenômenos espíritas – estão
fartamente descritos, sobretudo nas Escrituras Sagradas, bastando folhear a
Bíblia para se constatar o quanto já eram freqüentes as intervenções do plano
espiritual na vida material da Humanidade terrena, tal qual hoje, quando se
reproduzem por todos os cantos da Terra e são difundidos por todos os meios de
comunicação.
Fechamos este
artigo, repetindo Allan Kardec em “O Livro dos Médiuns” – item 10 – capítulo
II: “Aos olhos daqueles que olham a matéria como uma única força da natureza,
tudo o que não pode ser explicado pelas leis da matéria é maravilhoso ou
sobrenatural; e, para eles, maravilhoso é sinônimo de superstição. A esse
título a religião, fundada na existência de um princípio imaterial, seria um enredo
de superstições (grifo nosso); não ousam dizê-lo bem alto, mas o dizem
baixinho, e crêem salvar as aparências concedendo que é preciso uma religião
para o povo, e para fazer com que as crianças sejam sábias; ora, de duas coisas
uma: ou o princípio religioso é verdadeiro ou é falso; se é verdadeiro, ele o é
para todo o mundo; se é falso, não é melhor para os ignorantes do que para as
pessoas esclarecidas”.
(¹) Pajelança é uma
ação cerimonial do feiticeiro amazônico para obter fórmulas terapêuticas, ditar
regras de vida, definir atos que devem ser praticados e dar aconselhamentos.
(Explicação do autor de “Universo Profundo...”).
Fontes de consulta:
“Universo Profundo-Seres Inteligentes e Luzes no
Céu-Uma Visão Espírita da Ufologia” – de Pedro de Campos por instruções do
Espírito Erasto. Lúmen Editorial.
“O Espiritismo e as Igrejas Reformadas” – de Jayme
Andrade. Editora Seda.
“O Livro dos Médiuns” – de Allan Kardec. –
Instituto de Difusão Espírita.
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Lustosa
da Costa
Publicado em 10 de outubro de 2011
O cão não morreu
De quando em vez, Sua Santidade, o papa, faz-nos a fineza de informar que, ao contrário do que alguns pensam, o demônio não morreu e lá do inferno, onde o confinaram, continua a maquinar diabruras para perdição de nossas almas. Olhem que o aviso do chefe da Igreja Católica tem lá sua procedência. Porque, há muito, reina a impressão de que, se o diabo não morreu, ao menos, está sem caixa, encontra-se falido.
Cangica
Certa tarde, deu-se o demônio a brincadeiras com um dos pratos de cangica, colocados à mesa. Meteu o dedo demoníaco no alimento e começou a dar-lhe voltas espalhando a cangica pela mesa, pelo chão da sala de jantar.
Vender a alma
Por que, no meu tempo de criança, sabiam-se histórias de pessoas que lhe haviam vendido a alma em troca de muito dinheiro e outro tanto de poder. Conheci, em Sobral, um pai de família que era dado como tendo parte com o capiroto. Não lhe identificamos fortuna nem poder, apenas umas filhas bonitas, feitas antes de seu acordo com o maligno.
Cão da serra
Naquele tempo, não era em Sobral, mas na diocese de Sobral, mais precisamente em S. Benedito, na Serra da Ibiapaba, sabia-se da existência de um cão e cão brincalhão, divertido, cheio de piadas. A ele se atribuía, às vezes, sem música sequer duma vitrola, tirar a dona da casa para dançar, até a exaustão, só a libertando de seus braços, ela esfalfada, desfeita em cansaço e em suor.
Cansado
Depois de certo tempo, o dono da casa dava mostras de cansaço com as diabruras do demônio. Principalmente, porque os mais velhos da cidade atribuíam sua presença ali ao casamento que ele fizera na Amazônia, aonde fora em busca de riqueza, casamento que desfizera depois de usar a nativa como sua mulher, durante vários anos, após fracassar a tentativa de ficar rico com a borracha.
Mudança
Aí eles decidiram mudar de residência e até de cidade. Tocaram-se, então, para Sobral, onde alugaram moradia. Estavam ainda tomando chegada, olhando os aposentos quando ouviram, em tom de chacota, a gozação do demônio: "Vim a pé, mas cheguei primeiro".
Sem destino
Não sei para onde foi este diabo ibiapabano, que rumo tomou. Sei, porém, que um dia destes, o papa extinguiu o limbo, por decreto. Antigamente, dizia-se que as crianças mortas, sem terem recebido o sacramento do batismo, eram pagãs e não tinham direito ao ingresso no céu. Muito menos podiam ser punidas com o inferno. Acontece que como há seis vezes mais fiéis doutras crenças que os do catolicismo, devia estar havendo problema de superpopulação no limbo."Anjinhos" em demasia. Duma penada, o santo padre acabou o limbo, sem nos revelar para onde Deus conduziu os anjos, as crianças que morreram pagãs.
Bem faria ele se, infalível, como é, extinguisse o inferno e desse o demônio como definitiva, irremediavelmente falido. Para alívio de todos nós.
---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Blog do Mourão <opovoonline@opovo.com.br>
Data: 10 de outubro de 2011 08:23
Assunto: Blog do Mourão - O cotidiano em outra perspectiva
Para: estenionegreiros@hotmail.com
De: Blog do Mourão <opovoonline@opovo.com.br>
Data: 10 de outubro de 2011 08:23
Assunto: Blog do Mourão - O cotidiano em outra perspectiva
Para: estenionegreiros@hotmail.com
Posted: 09 Oct 2011 07:23 PM PDT
Nathan Wachtel, antropólogo e historiador francês, apresenta em São
Paulo conferência sobre herança judaica no Nordeste do Brasil.
Por ocasião do lançamento de seu livro Mémoires Marranes, publicado na
França, pela editora Seuil, o antropólogo e historiador Nathan Wachtel,
professor do Collège de France, apresenta a conferência “Memórias Marranas:
legado judaico no sertão nordestino”, em 21 de outubro, na Biblioteca Mário
de Andrade, em São Paulo. O autor discute a herança judaica presente no
sertão nordestino brasileiro.
O termo “marrano” – denominação injuriosa conferida aos judeus na
Espanha – acabou sendo incorporado pela historiografia, designando os judeus
da península ibérica que foram expulsos ou obrigados a se converter ao
catolicismo (os chamados cristãos-novos) nos séculos 16 e 17. Muitos buscaram
refúgio nas colônias americanas de Portugal e Espanha, sobretudo no México,
Brasil e Peru.
Há cerca de seis anos, especialmente no Nordeste do Brasil, houve um
momento de “retorno” ao judaísmo por parte de pessoas que dizem ser
descendentes de cristãos-novos do período colonial. Muitas delas traçam
extensas genealogias, facilmente remontando ao século 18. Essas famílias,
cristãs, mantêm até hoje costumes de respeito a proibições alimentares, luz
de vela nas sextas-feiras à noite, leitura apenas do Velho Testamento e ritos
funerários específicos, entre outros. Esses elementos levaram o pesquisador a
perceber que, de maneira consciente ou inconsciente, esses grupos preservavam
uma memória marrana.
Entre memória e esquecimento, Wachtel percebe ao longo do tempo representações
tanto positivas quanto negativas em torno da herança judaica: a lembrança e
veneração dos mártires; a recusa dos ancestrais que lhes transmitiram sangue
impuro. Assim, a memória marrana compõe-se de um duplo movimento: de um lado,
a fidelidade perseverante; de outro, a vontade de fusão e busca do
esquecimento, sem que isso signifique desaparecimento total da memória. O
Brasil ofereceu e oferece condições favoráveis para ambos os fenômenos.
Preocupado com essas questões, Nathan Wachtel tem concentrado seus
estudos na região do sertão, especialmente, em Pernambuco, Paraíba e Rio
Grande do Norte. Visa a reconstruir laços entre o passado e o presente,
combinando problemáticas e métodos tanto da história como da antropologia.
Trabalha também por meio da perspectiva comparativa. Em pesquisa
anterior, analisou a evolução da comunidade mexicana Venta Prieta, próxima do
Pachuca, México, na qual os membros, como os brasileiros, clamavam ser
descendentes de “cristãos-novos” do período colonial.
Nathan Wachtel é professor de história e antropologia das sociedades
meso e sul-americanas do Collège de France desde 1992 e diretor de pesquisa
da École de Hautes Études em Sciences Sociales-EHESS de Paris desde 1976.
Também é autor de vários livros, entre eles: La Vision des Vaincus – Les
Indiens du Pérou devant la Conquête Espagnole (1530-1570) (1971); Mémoires
Juives (1986); Deuses e Vampiros – De Volta a Chipaya (1994, em português); A
Fé na Lembrança. Labirintos Marranos (2003, em português); La Logique des
Bûchers (2009, Prix Guizot de l’Académie Française).
A palestra será realizada 21 de outubro, às 19 horas, na Biblioteca
Mário de Andrade. Após a apresentação em São Paulo, o professor também fará a
conferência “Memórias Marranas” em Caxambu, Minas Gerais, 26/10, na 35ª
Reunião Anual da Anpocs, Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em
Ciências Sociais.
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Posted: 09 Oct 2011 05:25 PM PDT
OPOVO – Opinião – 08.10.2011
Antonio Mourão Cavalcante (*)
O médico norte-americano Path Adams notabilizou-se mundialmente quando
um de seus livros inspirou o filme “Patch Adams – O Amor é contagioso”(1998).
O livro/filme baseou-se em sua história pessoal, com o ator Robin Williams
como intérprete. A fama e proposta do doutor vieram parar em Fortaleza, onde
esteve semana passada, visitando hospitais da capital cearense.
Na sexta-feira (30/9), a emergência do Hospital Geral de Fortaleza
(HGF) foi invadida pela trupe do referido médico. Colocaram em prática sua
inusitada abordagem. Desnecessário relatar o estado em que se encontravam os
pacientes. Segundo relato de presentes, dentre os enfermos, havia gente com
apendicite grave – necessitando de cirurgia de urgência – e até uma senhora
idosa em estado terminal.
Provavelmente a “equipe” do Dr. Adams não foi advertida de onde estava
e de quem eram aqueles coitados. E, além disso, o porquê de estarem
instalados naquele local, uma improvisada área do saguão do anexo,
recém-inaugurado. Isto é, sem condições de riso e graças.
Numa entrevista na televisão brasileira, Dr. Adams afirmou que nunca
disse que “rir é o melhor remédio”. Mas que o riso “faz parte de um
contexto”. Na verdade, seu lema é “a amizade é o melhor remédio”. (…) “O
objetivo do médico não é curar e sim cuidar. Cuidar com muito amor, tocando
nos doentes, olhando em seus olhos, sorrindo…” Será que dá para rir quando o
elementar é negado?
Acredito que a administração do HGF cometeu uma grave imprudência. O
constrangimento foi geral. Uma Emergência não é local para esse tipo de
iniciativa. O carinho, o riso, o cuidado que estes pacientes precisam não é
desta ordem. Necessitam de cuidados médicos rápidos e eficazes.
É preciso que as autoridades superiores – governador do Estado e
secretário de Saúde – se informem do ocorrido e não permitam que o acesso a
estes pacientes – como vem sendo feito com a imprensa – seja livre.
Afinal, para rir ou para chorar, nós já temos nossos palhaços!
(*) Médico, antropólogo e professor universitário
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Estênio Negreiros
Fortaleza,CE
"As leis são como as teias de aranha; os pequenos insetos prendem-se nelas, e os grandes rasgam-nas sem custo”. (Anacaris, sábio grego, da Antiguidade)
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