Essa história é mais antiga do que a maneira de mulher "mijar de cócoras". Para o Mercado, para os poderosos, para os privilegiados, para os comensais dos Três Poderes, tudo, para o assalariado, as migalhas.
Governo deixará servidores sem aumento real de salário
Governo deixará servidores sem aumento real de salário
Geralda Doca e Martha Beck, O Globo
O ajuste fiscal prometido pelo governo para
enfrentar a crise mundial vai passar também pelo salário dos servidores. Dirigentes das principais estatais - Correios, Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal, Infraero e Petrobras - já foram orientados a negar reajuste salarial com ganhos acima da inflação aos seus empregados, tanto em 2011 quanto em 2012.
Nas campanhas salariais, a proposta será apenas a reposição da inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Os funcionários públicos também não terão aumento. Mas os investimentos do Programa Nacional de Aceleração (PAC) serão mantidos e o objetivo do Executivo é acelerar as obras para garantir os empregos.
Segundo fontes da equipe econômica, apesar da calmaria nos mercados, há ainda muita apreensão sobre os desdobramentos da crise e eventuais impactos para o Brasil.
Apesar da pressão dos sindicatos das categorias por aumentos reais significativos, já que o INPC nos últimos 12 meses até julho já acumulava alta de 6,87%, técnicos da equipe econômica afirmam que o governo vai "comprar a briga", mesmo sabendo que poderá haver custos com eventuais paralisações.
O argumento é que essas categorias foram contempladas durante os oito anos da gestão do presidente Lula com reajustes salariais e melhorias na carreira. A última parcela do reajuste oferecido por Lula será paga em 2012 e tem custo estimado em R$ 20,6 bilhões.
Leia mais em Governo deixará servidores e pessoal da Petrobras, BB, Caixa, Infraero e Correios sem aumento real de salário
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· A FACE BRUTAL DE 'CHE' GUEVARA
Leia trecho da obra que mostra lado brutal de Che Guevara
da Livraria da Folha
Divulgação |
"Não tem como negar: na América Latina e mesmo fora dela, Che é o cara." Assim são as primeiras linhas de "Um Olhar Matador", um dos capítulos do livro "Guia Politicamente Incorreto da América Latina" (LeYa), escrito por Leandro Narloch e Duda Teixeira.
Entre tantas curiosidades e bizarrices de personalidades latinas, como Evita, Salvador Allende e Pancho Villa, provavelmente, a mais instigante é a de Che Guevara, simplesmente por ele ser, como os autores já descreveram, um mito, um herói... um maldito assassino?
Pois é, aquele cara que todo meio intelectual meio de esquerda da classe média sempre disse admirar (apesar de achar que o tal nasceu em Cuba e era um santo em pessoa), tem suas virtudes contestadas, de maneira bem impactante, pode-se dizer.
Por meio das pesquisas e entrevistas dos jornalistas que assinam o livro, o verdadeiro Che, o que se esconde debaixo da figura heróica é um verdadeiro sem vergonha e brutal guerrilheiro, que em meio a paranoias e acessos de raiva, saía distribuindo ordens para matar pobres coitados, refugiados e por pouco alguns "homens de sua confiança".
Como revelam as linhas, em muitas oportunidades, quem acalmou o companheiro foi Fidel Castro, parceiro na revolução, e aparentemente a cabeça mais sã da dupla.
Leia trecho sobre o sangue frio do herói latino Che Guevara.
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Che chegou a Cuba no fim de 1956. Era um dos 81 guerrilheiros que acompanhavam Fidel Castro na travessia do México à ilha de Cuba a bordo do Granma, o iate que depois daria nome ao jornal oficial cubano. O grupo sofreu um ataque do exército, obrigando os poucos sobreviventes a se esconder na Sierra Maestra. Foi ali que Che começou a realizar seus desejos. Logo de início, revelou traços típicos dos piores ditadores comunistas: o controle extremo da conduta individual, a paranoia com a traição e o fato de considerar o ideal da revolução acima de qualquer regra de convivência.
"Poucos homens estavam imunes ao olhar desconfiado de Che", conta o biógrafo John Lee Anderson, que completa:
Havia um nítido zelo calvinista na perseguição movida por ele aos que se desviavam do "caminho correto". Che abraçara fervorosamente la Revolución como corporificação definitiva das lições da História e como o caminho correto para o futuro. Agora, convencido de que estava certo, olhava em volta com os olhos implacáveis de um inquisidor em busca daqueles que poderiam pôr em perigo a sobrevivência da Revolução.
O primeiro cubano morto diretamente por Che Guevara foi Eutimio Guerra, um camponês que servia de guia aos guerrilheiros na Sierra Maestra. Acusado de ser informante das forças armadas, ele teve a pena de morte autorizada por Fidel em fevereiro de 1957.
A identidade do executor de Eutimio ficou em segredo por 40 anos. Só em 1997, depois que o biógrafo John Lee Anderson conseguiu com a viúva de Che o original de seu diário, foi possível saber quem o matou. O guerrilheiro conta que, no momento de sua execução, um forte temporal caiu sobre a serra. Como ninguém se dispunha a cumprir a ordem, ele tomou a iniciativa. Repare na frieza da narrativa:
Era uma situação incômoda para as pessoas e para [Eutimio], de modo que acabei com o problema dando-lhe um tiro com uma pistola calibre 32 no lado direito do crânio, com o orifício de saída no temporal direito. Ele arquejou um pouco e estava morto. Ao tratar de retirar seus pertences, não consegui soltar o relógio, que estava preso ao cinto por uma corrente e então ele [ainda Eutimio] me disse, numa voz firme, destituída de medo: 'Arranque-a fora, garoto, que diferença faz...'. Assim fiz, e seus bens agora me pertenciam. Dormimos mal, molhados, e eu com um pouco de asma.
No diário de Che, não há sinal de culpa ou de alguma inquietação quanto à execução. Horas depois da morte do camponês, seus interesses já eram outros. "Se Che ficou perturbado com o ato de executar Eutimio, no dia seguinte não havia qualquer sinal disso", escreve Anderson. "No diário, comentando a chegada à fazenda de uma bonita ativista do 26 de Julho, escreveu: '[Ela é uma] grande admiradora do Movimento, e a mim parece que quer foder mais do que qualquer outra coisa'."
Segundo o Arquivo Cuba, foram pelo menos 22 execuções na Sierra Maestra entre 1957 e 1958. Quase todas as vítimas eram membros do próprio grupo rebelde de Fidel Castro e Che Guevara - três acusados de querer abandonar o grupo, oito considerados suspeitos de colaborar com o exército e os outros 11 mortos por cometer crimes ou por razões desconhecidas.
No dia a dia de paranoias e crises de confiança entre os guerrilheiros da Sierra Maestra, Fidel Castro tinha de segurar a onda de Che Guevara. O argentino com frequência sugeria acabar com companheiros diante da menor desconfiança. Depois que os guerrilheiros ganharam comida na casa de uma família de camponeses e passaram mal, Che disse a Fidel para que voltassem lá para tirar satisfações - Fidel o deteve. A pressa em resolver as coisas à bala recaía até mesmo sobre companheiros antigos, como José Morán, "El Gallego", um veterano do Granma.
Diante da suspeita de que Morán traía o grupo, Che queria logo executá-lo. "É muito difícil saber a verdade sobre o comportamento do Gallego, mas para mim trata-se simplesmente de uma deserção frustrada", escreveu em seu diário. "Aconselhei que ele fosse morto ali mesmo, mas Fidel descartou o assunto." Fidel acabaria se tornando o líder do regime não democrático mais duradouro do século 20. Imagine se Che assumisse esse posto.
Fidel, porém, às vezes se distanciava, deixando Che sozinho com seu pelotão. Em 1958, o argentino liderou a tomada da cidade de Santa Clara, o maior obstáculo entre os guerrilheiros e Havana. De acordo com a organização Arquivo Cuba e dezenas de dissidentes cubanos, a invasão foi seguida por uma onda incontrolável de execuções. Policiais da cidade e moradores acusados de colaborar com o governo de Fulgencio Batista foram mortos na rua. Che ficou dois
dias e meio na cidade e logo seguiu caminho para Havana. Antes de ir embora, ordenou diversas execuções a serem cumpridas por seus subordinados.
dias e meio na cidade e logo seguiu caminho para Havana. Antes de ir embora, ordenou diversas execuções a serem cumpridas por seus subordinados.
Matou ou ordenou a execução de 17 moradores. A decisão de tantas mortes não foi baseada em julgamento nem houve qualquer possibilidade real de defesa.
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Veja abaixo algumas fotos relacionadas à Che Guevara que fazem parte do arquivo da Folha.
ago.63/Reprodução | ||
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Os líderes da Revolução Cubana Fidel Castro e Che Guevara |
Burt Glinn /Magnum Photos/Latinstock | ||
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Tropas revolucionárias de Castro nas ruas da cidade de Santa Clara, previamente libertada por Ernesto Che Guevara |
AP/Peta | ||
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Neta da revolução, Lydia Guevara posa no set de fotos para a campanha da organização Peta |
Paula Prandini/Divulgação | ||
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Gael García Bernal (à esq) e Rodrigo de la Serna (ao fundo) em cena de "Diários de Motocicleta" |
Divulgação | ||
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O ator Benicio del Toro em cena do filme "Che", de Stevem Soderbergh |
Divulgação | ||
Cezaro de Luca/Efe | ||
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Ex-jogador Maradona fuma um charuto durante partida de futebol em Buenos Aires, na Argentina |
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"Guia Politicamente Incorreto da América Latina"
Autores: Leandro Narloch e Duda Teixeira
Editora: LeYa
Páginas: 320
Quanto: R$ 33,90 (preço promocional*)
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha
Autores: Leandro Narloch e Duda Teixeira
Editora: LeYa
Páginas: 320
Quanto: R$ 33,90 (preço promocional*)
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha
Atenção: Preço válido por tempo limitado ou enquanto durarem os estoques. Não cumulativo com outras promoções da Livraria da Folha. Em caso de alteração, prevalece o valor apresentado na página do produto.
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Lula voltou a criticar ontem a ação da Polícia Federal nas prisões da Operação Voucher. Ele disse que alguém com documentos e endereço conhecidos não deveria ser preso como "um bandido qualquer". "Não é aceitável que uma pessoa que tem endereço fixo, RG e CPF seja presa como se fosse um bandido qualquer e algemada como se estivesse participando de uma exposição pública", afirmou.
O velhaco tentou mentir e acabou dizendo a verdade. No Turismo só tem bandido da melhor espécie, da melhor qualidade. Não tem bandidinho. Só tem bandidão do colarinho branco, que já foi chefe de gabinete da Marta Suplicy, por exemplo. Não há diferença entre as gravações feitas com membros do Turismo e aquelas que mostram membros do PCC dentro de uma penitenciária. Lula é o grande responsável por este estado de coisas no Brasil. Ele sempre foi seletivo em relação à lei e, portanto, não se poderia esperar outra leitura dos fatos. Para Lula, bandido do PT nunca é um qualquer. Aliás, sendo do PT nem bandido é. Ou não é este velhaco que diz que o mensalão não existiu?
Marta deveria se esconder no banheiro ou fugir pelo buraco da taquigrafia depois de escrever tanta besteira sobre Londres.
A senadora Marta Suplicy (PT-SP), aquela que não é a preferida do Rei Lula para ser candidata à prefeitura de São Paulo, está publicando um artigo na Folha de São Paulo que reúne um dos maiores amontoados de besteira por centímetro/coluna sobre as tantas barbaridades já escritas sobre os atos de violência ocorridos em Londres. Depois de dizer que a violência é fruto da falta de acesso à cultura e interesse pelo mundo, ela culpa o desemprego dos jovens ingleses. E conclui:
No Brasil, navegamos, com todas as dificuldades e desigualdades, num mar mais pacífico, apesar da violência, pois aqui ainda existem possibilidades de oportunidades e de ascensão social. O futuro da juventude brasileira não é de declínio. É de esperança.
Segundo dados divulgados recentemente pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), 54% dos desempregados no Brasil são jovens (com idades entre 18 e 29 anos), desses mais de 40% têm procurado trabalho há mais de seis meses e 25% estão desempregados há mais de um ano". Das 12 milhões de pessoas desempregadas no país, aproximadamente 6 milhões são jovens. Ou seja: mais de 20% dos jovens brasileiros não tem emprego. Querem saber quais são os números da Inglaterra? Lá existe um desemprego da ordem de 8%, muito próximo aos números brasileiros. O país ainda é um oásis perto de outros países da Europa, como a Espanha, onde mais de 30% dos jovens estão desempregados. Hoje a Inglaterra tem 2,5 milhão de desempregados para uma população de 49 milhões. Entre os jovens o desemprego é de 20%, um número que, novamente, é muito próximo do brasileiro.
Marta Suplicy, em vez de escrever tantas besteiras sobre os acontecimentos de Londres, deveria ter dado uma explicação sobre os motivos que a levaram a se trancar no banheiro e a fugir pelo buraco da taquigrafia, para não dar explicações sobre a corrupção que foi implantada no Ministério do Turismo, durante a sua gestão. A corrupção é praticamente nula na Inglaterra. Não existe superfaturamento algum nas obras da Olimpíada 2012, que por sinal estão prontas. Lá a educação e a saúde são de alta qualidade, acessível a todos. O transporte público é eficiente e barato. Existe lazer e cultura em cada quadra que você anda, a maioria gratuita. É bom parar por aí. Possivelmente o que a perua Marta Suplicy conhece de Londres são as lojas da Oxford Street. Não existem explicações fáceis e bobocas sobre o que aconteceu com esta mesmíssima Londres que, alguns meses atrás, estava nas ruas pacificamente, comemorando o casamento do Príncipe Willian.
"É pro governo, tudo vezes três", diz empresário suspeito de fraude no Turismo. Escuta flagra Humberto Silva Gomes orientando interlocutor a inflar artificialmente o valor de contratos públicos.
Conversas telefônicas interceptadas na Operação Voucher da Polícia Federal mostram investigados falando sobre como superfaturar e até falsificar documentos em licitações com o governo. Nas conversas, os suspeitos de integrar o esquema chegam a afirmar que "quando o dinheiro é público não pesa no bolso" e apontam Brasília como um paraíso para obtenção de facilidades: "Mandou para Brasília, ficou fácil", diz uma investigada. Na terça, a PF prendeu 36 suspeitos de desviar recursos do Ministério do Turismo em convênios com ONGs -entre servidores e empresários que faziam negócios com a pasta.
Conversas telefônicas interceptadas na Operação Voucher da Polícia Federal mostram investigados falando sobre como superfaturar e até falsificar documentos em licitações com o governo. Nas conversas, os suspeitos de integrar o esquema chegam a afirmar que "quando o dinheiro é público não pesa no bolso" e apontam Brasília como um paraíso para obtenção de facilidades: "Mandou para Brasília, ficou fácil", diz uma investigada. Na terça, a PF prendeu 36 suspeitos de desviar recursos do Ministério do Turismo em convênios com ONGs -entre servidores e empresários que faziam negócios com a pasta.
Em conversa gravada com autorização judicial, em 21 de junho de 2011, o empresário Humberto Silva Gomes diz que no Brasil "o governo paga e quer que você apenas gaste direitinho, ele não quer um retorno". Ele é sócio da Barbalho Reis, uma das empresas suspeitas de integrar o esquema, e está foragido. "Quando é dinheiro público, não pesa no seu bolso. Aí você joga pro alto mesmo, até porque se você não jogar você vai perder logo de cara, porque todo mundo vai jogar. Criou essa ideia aqui: "Ah, é pro governo, joga o valor pra três, tudo vezes três'", diz Humberto: "Superfaturamento sempre existe". Em outro diálogo, de 26 de maio, Sandro Saad, diretor financeiro da ONG Ibrasi, conversa com um empresário sobre um edital da Prefeitura de São Vicente (SP) que nem sequer tinha sido lançado. No áudio, Sandro pergunta se eles vão "falsificar os outros [concorrentes] ou tentar compor o jogo" e diz que "o pessoal lá de dentro" quer que ele pegue a licitação.
Em outra escuta, os diretores do Ibrasi, Maria Helena Necchi e Luiz Gustavo Machado, falam sobre como vão adulterar papéis do convênio no Amapá para simular comprovação de despesas que não teriam sido realizadas. Esta era uma exigência para que a ONG recebesse recursos de um segundo convênio com o governo federal. "São aqueles pontos lá, e eles vão fazer uma carta, uma, não sei o termo como é que chamam, mas é um termo jurídico, não vou lembrar o nome agora", afirma Luiz Gustavo. Em seguida, Maria Helena apoia o colega. E ele conclui que "se eles não concordarem [em liberar o segundo convênio] vão mandar pra Brasília, mandou pra Brasília ficou fácil".
Ainda segundo as escutas, o secretário-executivo do Ministério, Frederico Costa, pergunta ao assessor Antonio dos Santos Júnior se é possível acelerar prazos. Em resposta, Júnior afirma que pode "fazer de tudo pra atropelar algumas coisas". A Folha revelou ontem que os acusados de desvio de verbas no Turismo tinham livre acesso ao ministério. Eles chegaram a usar a sala do assessor do secretário-executivo da pasta, Frederico da Silva Costa, chamado-o de "bambambã" e "reverendo".(Da Folha de São Paulo)
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Escândalo na Agricultura
Wagner Rossi, o colecionador de problemas
Em 30 anos de política, o ministro da Agricultura deixou um rastro de histórias esquisitas por onde passou
A casa de Wagner Rossi, em Ribeirão Preto: propriedade avaliada em 9 milhões de reais (Manoel Marques)
O ministro Wagner Rossi, da Agricultura, gastou a semana passada tentando convencer a presidente Dilma Rousseff e o Brasil inteiro de que não tinha ligações com as interferências do lobista Júlio Fróes nos negócios da pasta que comanda, como havia sido revelado por VEJA. Apesar da demissão de Milton Ortolan, segundo na hierarquia e seu braço direito há 25 anos, e das provas de que Fróes tinha sala dentro da Comissão de Licitações da Agricultura, Rossi posava de marido traído. Chamado ao Congresso para dar explicações, disse que Ortolan era ingênuo, e que ele, como ministro, não podia controlar a portaria do ministério para impedir a entrada de Fróes. Sobreviveu uma semana, mas vai precisar de muito mais do que frases de efeito se quiser continuar na cadeira de ministro.
Cristiano Mariz
Ministro da Agricultura Wagner Rossi em Brasília
A edição de VEJA que chega às bancas neste sábado mostra que Wagner Rossi, paulistano de 68 anos, é um colecionador de problemas, um daqueles políticos que costumam deixar um rastro de histórias esquisitas por onde passam.
A primeira história relatada por VEJA remonta ao tempo em que Rossi presidia a Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab, vinculada ao ministério da Agricultura. No final de 2007, a estatal doou 100 toneladas de feijão para a prefeitura de João Pessoa, então comandada por Ricardo Coutinho, do PSB, hoje governador da Paraíba. O feijão deveria ser distribuído entre famílias de baixa renda, mas como havia uma eleição municipal em 2008, o prefeito decidiu guardar parte do estoque. Funcionário da Conab há 25 anos, Walter Bastos de Moura descobriu a irregularidade e a denunciou diretamente a Wagner Rossi, em abril de 2008. Rossi prometeu tomar providências.
Como nada aconteceu, Walter Bastos passou a vigiar a mercadoria estocada. Em setembro, a poucos dias eleição, ele recebeu a informação de que o feijão seria enfim distribuído e acionou a Polícia Federal e a Justiça Eleitoral. Para evitar o flagrante, diz ele, a prefeitura decidiu sumir com as provas e despejou 8 toneladas de feijão no aterro sanitário de João Pessoa. A cena do lixão inundado por grãos foi registrada no vídeo abaixo.
A história chegou a ser explorada como denúncia contra o prefeito, mas era muito mais grave: tratava-se de um flagrante do uso político da Conab para favorecer aliados do governo federal. Num acesso de sinceridade, o ex-presidente da empresa Alexandre Magno Franco de Aguiar, que sucedeu Rossi na empresa e hoje é seu assessor especial no ministério, confessou a VEJA que o próprio Rossi usou o expediente de distribuir alimentos para conseguir votos, inclusive para favorecer eleitoralmente o filho, Baleia Rossi, deputado estadual e presidente do diretório do PMDB de São Paulo.
Já no cargo de ministro da Agricultura, para o qual foi nomeado em março de 2010 por Lula, Rossi não tardou a implantar seu método de lidar com a coisa pública. Em 8 de dezembro do ano passado, a Comissão de Licitação do Ministério da Agricultura estava reunida para abrir as propostas técnicas de quatro empresas que disputavam um contrato para prestar serviços de comunicação à pasta. Um dos representantes de empresas ali presente fez uma denúncia grave. Disse, em alto e bom som, que aquilo era um jogo de cartas marcadas e que já estava acertado um “pagamento de 2 milhões de reais ao oitavo andar”. No oitavo andar, fica o gabinete do ministro.
O presidente da Comissão de Licitação, Israel Leonardo Batista, disse que registraria a acusação em ata e a encaminharia à Polícia Federal. Não demorou para que fosse chamado à sala da então coordenadora de logística do ministério, Karla Carvalho, onde recebeu a ordem de não tomar nenhuma atitude. Karla já era, na época, figura de confiança de Rossi. De lá para cá, só subiu na hierarquia da pasta. Até a semana passada, era a poderosa secretária-executiva do ministério. Trabalhava diretamente com Milton Ortolan, demitido horas após a última edição de VEJA chegar às bancas com as revelações sobre Júlio Fróes.
Não bastassem as suspeitas que rondam seu gabinete na Agricultura, o ministro ainda deve esclarecimentos sobre sua atuação na Companhia Docas de São Paulo (Codesp), cargo ao qual chegou também pelas mãos do amigo Michel Temer. Quando presidia a Codesp, uma estatal, Rossi descobriu que empresas contratadas pelo Porto de Santos deviam 126 milhões de reais à Previdência. Em vez de exigir que acertassem as contas, decidiu pagar ele mesmo a fatura – com dinheiro público da Codesp, é claro. A lista de beneficiários do dinheiro público inclui 99 empresas privadas que jamais quitaram os débitos assumidos pela estatal. Em 2005, seis anos depois do acordo, apenas 20.000 reais haviam sido ressarcidos à empresa.
Amigo há 50 anos e leal servidor do vice-presidente Michel Temer, Wagner Rossi entrou para a política em 1982, quando concorreu pela primeira-vez a deputado federal. Até então, levava uma vida modesta de professor universitário. Morava em uma casa de classe média em Ribeirão Preto, tinha uma Kombi, uma Belina e um Fusca Laranja, com o qual fez a campanha. “Ele não tinha dinheiro nem para bancar os santinhos”, lembra João Gilberto Sampaio, ex-prefeito de Ribeirão Preto. Depois de dois mandatos como deputado estadual, dois como deputado federal, a presidência da Codesp, da Conab e dois anos como ministro (funções cujo salário máximo é de 26 mil reais), sua ascensão patrimonial impressiona.
O homem do fusca laranja e sua família são, hoje, proprietários de empresas, emissoras de rádios, casas e fazendas. Wagner Rossi mora numa das casas mais espetaculares de Ribeirão Preto, no alto de uma colina, cercada por um bosque luxuriante, numa área de 400 mil metros quadrados. Adquirida em 1996, quando ele era deputado, a mansão é avaliada hoje em 9 milhões de reais. Tudo, nas palavras do ministro, conquistado com o esforço de 50 anos de trabalho e uma herança recebida.
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