Tribuna da Imprensa, domingo, 03 de julho de 2011 | 05:10
Carlos Newton
É impressionante o volume de denúncias que chegam à Tribuna pela internet, contra o
governador Sergio Cabral e a quadrilha que ele instalou na administração do Estado do Rio de Janeiro. O mais notável é que as denúncias vêm acompanhadas de reproduções de documentos oficiais, como escrituras públicas, carnês de IPTU, publicações em Diário Oficial e tudo o mais.
Essa reação da sociedade é altamente positiva, porque demonstra que a união dos cidadãos cria uma extraordinária força complementar, que pode até atingir importância superior à da atuação dos Ministérios Públicos, dos Tribunais de Contas, das Comissões Parlamentares de Inquérito e da própria Justiça, como um todo.
No caso das aberrações registradas no governo do Estado do Rio de Janeiro, a internet na verdade está passando por uma espécie de teste de força, porque não se pode confiar plenamente nas outras instituições que deveriam agir em nome do interesse público.
Como se sabe, o Tribunal de Contas do Estado está contaminado pela nomeação de políticos de currículo péssimo e caráter idem. O Ministério Público também tem envolvimento direto com o Executivo. E a Assembléia Legislativa do Rio vive seu pior momento, com uma bancada de oposição formada por apenas 11 deputados (em 70).
Portanto, para organizar de imediato uma movimentação de repúdio aos desmandos de Sergio Cabral na administração do Estado do Rio de Janeiro, só restou a internet, que felizmente já se tornou no Brasil uma arma política de grande alcance, cuja importância só tende a aumentar progressiva e velozmente, através da chamada democratização da banda larga.
Paradoxalmente, Sergio Cabral ainda pensa que poderá escapar ileso dessa situação. A desculpa da inexistência de um Código de Conduta, sugerida após dias e dias de incessantes reuniões da cúpula do governo, demonstra uma desfaçatez realmente inacreditável. Ao usar essa desculpa inconcebível, na verdade, Cabral simplesmente confessou sua “má conduta” e agora quer criar um Código especial para que nossos governantes possam saber o que é certo ou errado, 2.500 anos depois da instituição da democracia na Grécia.
Então, alguém realmente acredita que seja preciso criar um Código para que o governador enfim saiba até onde pode ir sua intimidade com um empresário? Nosso dedicado governador vai mesmo pesquisar “nos outros estados, no Brasil e no mundo”, para aprender a se portar como um homem público? Será que ouvimos bem?
Na realidade, trata-se de um governante que “adora Direito Comparado”, mas não sabe o que é certo e o que é errado. E agora, quando já está no segundo mandato como governador, subitamente ele decidiu discutir “regras sobre o assunto” com o secretário da Casa Civil, Régis Fichtner, como se todos fossem engolir essa cortina de fumaça.
Cabral julga que Fichtner, por ser procurador de carreira, conseguirá convencer seus colegas do Ministério Público Estadual a não abrirem o inquérito contra o governador, como base nas denúncias publicadas pela imprensa. O procurador-geral, Claudio Lopes, fez sua obrigação, enviando ao governador, na última quarta-feira, um pedido de explicações sobre seu relacionamento íntimo com diversos empresários e também sobre a bilionária e inexplicável renúncia fiscal beneficiando até “empresários” de termas, que a vox populi chama diretamente de puteiros.
Como o MP lhe concedeu 30 dias para se explicar, Cabral espera que o tempo corra a seu favor e até lá o escândalo já tenha sido superado. Aposta também que, nesse intervalo, as conversações de seu chefe da Casa Civil, Regis Fichtner, já tenham surtido efeito, abortando a abertura da investigação da Procuradoria sobre o enriquecimento ilícito de Cabral e suas ligações íntimas com empresários de grande envergadura.
A abertura desse inquérito seria o primeiro passo para uma ação civil pública por atos de improbidade administrativa, a ser dirigida contra o governador e os beneficiários diretos dos seus favores ilícitos (empresários Arthur Cesar e Fernando Cavendish, o secretário de Saúde Sergio Cortes e muitos outros), pela configuração, em tese, de diversos crimes, principalmente tráfico de influência e corrupção.
O que o governador não está levando em conta, nessa equação, é a importante variável da internet, que continua a despejar e fazer circular cada vez mais denúncias e documentos contra a quadrilha de Cabral, demonstrando que, certamente devido à falta desse tal Código de Ética, ele não somente ainda não sabe distinguir o que é interesse público e privado, com também costuma misturar suas relações na vida pública e na privada.
Do farto material que circula na internet contra Cabral, o mais impressionante, não há dúvida, são as denúncias contra o secretário de Saúde, Sergio Côrtes, seu vizinho no luxuoso Condomínio Portobello, em Mangaratiba. E pensar que Cabral quase conseguiu que a presidente Dilma Rousseff nomeasse Sergio Côrtes para o Ministério da Saúde. Que sorte que ela deu.
É impressionante o volume de denúncias que chegam à Tribuna pela internet, contra o
governador Sergio Cabral e a quadrilha que ele instalou na administração do Estado do Rio de Janeiro. O mais notável é que as denúncias vêm acompanhadas de reproduções de documentos oficiais, como escrituras públicas, carnês de IPTU, publicações em Diário Oficial e tudo o mais.
Essa reação da sociedade é altamente positiva, porque demonstra que a união dos cidadãos cria uma extraordinária força complementar, que pode até atingir importância superior à da atuação dos Ministérios Públicos, dos Tribunais de Contas, das Comissões Parlamentares de Inquérito e da própria Justiça, como um todo.
No caso das aberrações registradas no governo do Estado do Rio de Janeiro, a internet na verdade está passando por uma espécie de teste de força, porque não se pode confiar plenamente nas outras instituições que deveriam agir em nome do interesse público.
Como se sabe, o Tribunal de Contas do Estado está contaminado pela nomeação de políticos de currículo péssimo e caráter idem. O Ministério Público também tem envolvimento direto com o Executivo. E a Assembléia Legislativa do Rio vive seu pior momento, com uma bancada de oposição formada por apenas 11 deputados (em 70).
Portanto, para organizar de imediato uma movimentação de repúdio aos desmandos de Sergio Cabral na administração do Estado do Rio de Janeiro, só restou a internet, que felizmente já se tornou no Brasil uma arma política de grande alcance, cuja importância só tende a aumentar progressiva e velozmente, através da chamada democratização da banda larga.
Paradoxalmente, Sergio Cabral ainda pensa que poderá escapar ileso dessa situação. A desculpa da inexistência de um Código de Conduta, sugerida após dias e dias de incessantes reuniões da cúpula do governo, demonstra uma desfaçatez realmente inacreditável. Ao usar essa desculpa inconcebível, na verdade, Cabral simplesmente confessou sua “má conduta” e agora quer criar um Código especial para que nossos governantes possam saber o que é certo ou errado, 2.500 anos depois da instituição da democracia na Grécia.
Então, alguém realmente acredita que seja preciso criar um Código para que o governador enfim saiba até onde pode ir sua intimidade com um empresário? Nosso dedicado governador vai mesmo pesquisar “nos outros estados, no Brasil e no mundo”, para aprender a se portar como um homem público? Será que ouvimos bem?
Na realidade, trata-se de um governante que “adora Direito Comparado”, mas não sabe o que é certo e o que é errado. E agora, quando já está no segundo mandato como governador, subitamente ele decidiu discutir “regras sobre o assunto” com o secretário da Casa Civil, Régis Fichtner, como se todos fossem engolir essa cortina de fumaça.
Cabral julga que Fichtner, por ser procurador de carreira, conseguirá convencer seus colegas do Ministério Público Estadual a não abrirem o inquérito contra o governador, como base nas denúncias publicadas pela imprensa. O procurador-geral, Claudio Lopes, fez sua obrigação, enviando ao governador, na última quarta-feira, um pedido de explicações sobre seu relacionamento íntimo com diversos empresários e também sobre a bilionária e inexplicável renúncia fiscal beneficiando até “empresários” de termas, que a vox populi chama diretamente de puteiros.
Como o MP lhe concedeu 30 dias para se explicar, Cabral espera que o tempo corra a seu favor e até lá o escândalo já tenha sido superado. Aposta também que, nesse intervalo, as conversações de seu chefe da Casa Civil, Regis Fichtner, já tenham surtido efeito, abortando a abertura da investigação da Procuradoria sobre o enriquecimento ilícito de Cabral e suas ligações íntimas com empresários de grande envergadura.
A abertura desse inquérito seria o primeiro passo para uma ação civil pública por atos de improbidade administrativa, a ser dirigida contra o governador e os beneficiários diretos dos seus favores ilícitos (empresários Arthur Cesar e Fernando Cavendish, o secretário de Saúde Sergio Cortes e muitos outros), pela configuração, em tese, de diversos crimes, principalmente tráfico de influência e corrupção.
O que o governador não está levando em conta, nessa equação, é a importante variável da internet, que continua a despejar e fazer circular cada vez mais denúncias e documentos contra a quadrilha de Cabral, demonstrando que, certamente devido à falta desse tal Código de Ética, ele não somente ainda não sabe distinguir o que é interesse público e privado, com também costuma misturar suas relações na vida pública e na privada.
Do farto material que circula na internet contra Cabral, o mais impressionante, não há dúvida, são as denúncias contra o secretário de Saúde, Sergio Côrtes, seu vizinho no luxuoso Condomínio Portobello, em Mangaratiba. E pensar que Cabral quase conseguiu que a presidente Dilma Rousseff nomeasse Sergio Côrtes para o Ministério da Saúde. Que sorte que ela deu.
Estênio Negreiros
Fortaleza,CE
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