sábado, 16 de abril de 2011

TAXA DE CÂMBIO, TAXA DE JUROS, GATILHO SALARIAL E INFLAÇÃO

           Como já citei em várias matérias, o tema "inflação" sempre esteve presente neste blog por considerá-lo de suma importância para o País e, principalmente, para o trabalhador brasileiro. Afinal, foi o seu controle que permitiu tudo de bom que temos na economia e na vida do brasileiro. Veja matéria abaixo clicando em "Mais informações".

A inflação voltou ao cenário nacional. Ao longo de 2011, muito ainda será discutido sobre esse tema. Afinal, uma inflação acima de 6% ao ano não é motivo para comemoração, pelo contrário, é motivo de preocupação. Não bastasse isso, o governo ainda cometeu o absurdo erro de trazer de volta uma espécie de gatilho salarial: a inflação do ano passado é sempre repassada integralmente ao salário mínimo. Isto é, cria-se para 2012 uma pressão inflacionária decorrente da inflação de 2011. Foi esse tipo de ideia que conduziu o Brasil à hiperinflação do final dos anos 1980.

O cenário para 2011 ainda pode piorar muito, e a chave do desastre encontra-se na taxa de câmbio: é questão de tempo para o governo tentar desvalorizar artificialmente a taxa de câmbio. Quando isso acontecer a inflação dará um salto. Se o governo acredita que o câmbio esteja valorizado, então a maneira mais simples de desvalorizá-lo é abrindo a economia. Com isso as importações aumentam, a demanda por dólares aumenta, e o real se desvaloriza naturalmente. Essa medida tem o benefício adicional de, trazendo mais competição ao mercado doméstico, combater a inflação.


Para complicar ainda mais, o Banco Central apresenta um discurso cada vez mais frouxo no que tange ao combate à inflação. Veja, por exemplo, o que está escrito na ata da reunião 157 do COPOM, realizada em 01 e 02 de março: “a) as projeções para o reajuste nos preços da gasolina e do gás de bujão, para o acumulado de 2011, foram mantidas em 0%, mesmos valores considerados na reunião do Copom de janeiro”. Exatamente como o BACEN chegou a essa projeção absurda? Simples, o BACEN precisava disso para mostrar que a inflação não estava fugindo ao seu controle (pouco importando se tal projeção faz ou não sentido), e evitar uma alta ainda maior na taxa de juros.


Quando o BACEN aumenta a taxa de juros para combater a inflação, ele atrai mais dólares ao país, e isso valoriza ainda mais o real. Isso, por sua vez, aumenta a pressão de setores do governo (e da sociedade) por medidas de controle cambial. Tão logo medidas de controle cambial mais severas sejam postas em prática, pior será o impacto inflacionário. A maneira de evitar essa armadilha é abrir a economia, e permitir a flutuação cambial. O governo não fará isso, e todos nós pagaremos por esse erro sofrendo com os efeitos da inflação. 


8 comentários:

JGould disse...
Fosse o BCB um banco central legalmente independente, estaríamos livres, ao menos em parte, disso. "Hedge"? Comecem a ler sobre o que ocorreu nas décadas de 70-80 e saberão com se virar!
Zé luiz 20 disse...
É interessante observar as artimanhas do governo.Por exemplo essa da Ata da reunião do COPOM, de que o preço da gasolina e do bujão de gás se manteria sem ajuste no decorre de 2011, explicação sem muita clareza.Hoje se diz que a culpa do aumento da gasolina é por conta da entre safra da cana, isso não foi considerado em tal estudo por quê?? O BACEN com tudo isso e muito mais, infelizmente esta deixando de ser uma instituição clara e objetiva, esta cada dia mais se deixando levar por interesses do governo.
José Carneiro da Cunha disse...
Um pergunta legal ao governo seria: quanto custará o litro do combustível com o dólar a R$ 2,50? Uns R$ 4,00? É útil lembrar que no EUA, onde não há auto-suficiência e nem uma mega-hiper-super legal Petrobrás, o galão está em média USD 3,791. Ou seja, cerca de R$ 1,74 o litro. Creio que com o dólar a R$ 2,50, a Petrobras quebra o país sozinha. Com orgulho de ser brasileira, é claro! Outro ponto. Acho que ao criar o mecanismo de reajuste da tabela do IR no centro da meta, o governo enterrou a credibilidade do sistema (legal recordar que o governo usou o argumento da inflação inercial apenas para isso, descartando ele no caso do mínimo, reajuste do valor de referência para o refrigerante etc). Caso fique abaixo da meta, o governo terá perda real de receita, se ficar acima, ganho real. Logo, a métrica criada pela Fazenda (melhor seria Sítio) fornece fortes incentivos fiscais ao descumprimento da meta. Sendo este modelo intrinsecamente depende de credibilidade, acho que ele já foi para o saco. abs José Carneiro da Cunha PS: caso queiram conferir os valores de cotação do galão(3,78541178 litros) no EUA, segue o link: http://www.eia.doe.gov/oil_gas/petroleum/data_publications/wrgp/mogas_home_page.html
Anônimo disse...
Caro, Mudando um pouco de assunto. Veja porque não sei quem é pior o PT ou o Serra. http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/negocio-da-china/ Abraço, Roberto
Anônimo disse...
Vamo abrir as pernas entao e deixar todo mundo fuder a gente, jah que o daqui nao presta neh, soh o de fora, além de num dar tempo do que tem aqui crescer e conquistar o mercado traz o q vem de fora pq o brasileiro tem complexo de inferioridade e acha que o de fora eh melhor, e quebra tudo nosso, nem sempre a melhor soluçao eh a economica, agora economista a grande maioria soh sabe enxergar pelo seu lado e nao pensa no resto.
Chutando a Lata disse...
Não posso deixar de notar a omissão da questão da dívida interna e o seu mecanismo de indexação aos juros selic. A trajetória da dívida interna preocupa a todos, menos aos banqueiros.O ponto importante, no contexto de metas inflacionárias, para o governo seria ganhar a batalha da desindexação.
Anônimo disse...
Entrei aqui apenas para ver se alguém discordava do óbvio. Encontrei o Anônimo analfabeto de sempre. Que tipo de ensino teve esse sujeito? Desconfio que veio de alguma escola pública do interior do Maranhão.
Anônimo disse...
"A trajetória da divida interna preocupa a todos menos aos banqueiros". é cada uma que a gente tem que escutar...
 

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