CALA BOCA BLOGOSFERA PROGRESSISTA
Por Flavio Morgenstern:
No dia 8 de fevereiro, a Folha  apontou que o governo Dilma procurava aumentar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) dos atuais 2,38% para mais de 4%.
Imediatamente Paulo Henrique Amorim  postou em seu blog que um pronunciamento apressado de 
Guido Mantega  “negando” o que já era consabido “jogava a Folha no lixo”. Nesta  sexta-feira (25/03/2011) o Palácio do Planalto  fechou o texto do decreto presidencial que definiu o que exatamente significa “mais de 4%”: o IOF mais do que dobrará, passando na verdade a 6,38%.
Tudo foi feito para “evitar o consumo no  exterior”. Quando a esquerda diz que somos melhores que os EUA, tudo soa  lindo. Quando faz uma compra internacional de R$ 2.000 em cartão passar  dos atuais R$ 7,60 para R$ 80, acaba irritando até seus próprios  cupinchas que defendem esse discurso. Afinal, sabemos que esses  esquerdistas são a típica classe média que odeia a classe média.
Uma pessoa sensata pode esperar que o sr. Paulo Henrique Amorim, famoso jornalista, esteja nesse momento fazendo um meã culpa a seus leitores. Talvez esteja dizendo: “num embate a respeito de um conceito abstrato e etéreo como ‘a verdade’,  talvez eu tenha dito que se deva jogar a Folha no lixo por uma notícia  que julguei falsa, e agora o meu querido e adorado governo prova que a  Folha estava não apenas correta, como ainda pegou leve demais. O leitor  aceite meu humilde pedido de perdão, resgate sua Folha do lixo e use seu  próprio bom senso para saber o que fazer com esse blog”.
Pode também estar dizendo: “Ora, mas é bom que vamos fechar as fronteiras com os yankees e  atingiremos uma carga tributária quiçá de 80%: acabaremos com a elite  empresarial burguesa e só restarão as empresas estatais, pagas com o  petróleo do pré-sal, e finalmente atingiremos o socialismo!” – ou quem  sabe seu discurso seja mesmo apenas fingir que foi ao banheiro e sair de  fininho.
Quem viu o blog do sr. Paulo Henrique  Amorim pode averiguar qual foi a sua escolha. Talvez ter gritado CALA  BOCA (sem artigo definido e em garatujas garrafais) para o emérito  jornalista não teria surtido tanto efeito. Paulo Henrique Amorim  CALOU-SE a respeito do que escreveu. Para ele, deve ser um enorme motivo  de vergonha dar de cara com suas próprias declarações agora. Seu blog  simplesmente só faz sentido se esquecermos o que foi escrito algumas  horas depois de o ler.
…
Luis Nassif publicou em seu blog que o  excelente jornalista Diego Escosteguy estava em “processo de ruptura”  com a revista Veja, tendo “conflitos pesados” com o chefe da sucursal de  Brasília. Afirmou Nassif que o nome de Escosteguy fora “incluído” na  reportagem “Caraca! Que dinheiro é esse?”, publicada na Veja em  setembro de 2010. Sem conhecer Diego Escosteguy, afirmou Nassif que  Escosteguy teria “comentado com amigos que a matéria foi inventada”, sem  procurá-lo para averiguar a informação.
Por fim, Nassif aplicou alguma instância  ainda desconhecida da lógica modal para afirmar que Escosteguy teria  “pedido autorização” da revista Veja para publicar na revista Época (!)  uma entrevista com o ex-governador José Roberto Arruda.
Diego Escosteguy, que certamente preferia  ter gastado seu tempo livre assistindo ao Pesca Brasil do que redigindo  linhas a um Luis Nassif, se viu obrigado a escrever uma carta aberta desmentindo as informações.
Uma pessoa cuja generosidade ultrapasse  demais a sensatez pode supor que logo também veríamos um pedido de  desculpas, uma deslizada que permitisse uma saída pela esquerda menos  envergonhada, uma atribuição ao calor do momento (6 meses passados sem nenhum argumento  contra a reportagem original de Veja) por publicar a verdade em um  sentido um pouco mais heteredoxo do que aquele encontrado nos  dicionários.
Tudo o que foi visto foram mais  contradições: a “prova” de que Escosteguy teria “pedido permissão” à  Veja seria que… ele teria saído da Veja, além de um prêmio que o  jornalista ganhou para estudar nos EUA com Bolsa do Instituto Millenium  (quando tudo só mostraria que o “valor” do jornalista apenas cresceu, e  isso nada teria a ver com seus antigos ou novos chefes) e que… bem, o  próprio jornalista comenta a entrevista na própria Época, o que  demonstra que ele nem sabia da entrevista e muito menos teria a  assinado. Ou coisa assim.
Para cobrir o bolo de chantilly, também  Nassif parece exigir que Escosteguy abra mão do seu sigilo de fonte e  publique as formas como obteve informações. Paradoxalmente, para Nassif,  apenas quebrando esse protocolo jornalístico é que o jornalista poderia  “reconstituir sua carreira em bases éticas e profissionais”, quando sua  ética, já amplamente conhecida do público, estaria então, aí sim,  arruinada.
Mas para coroar o bolo cerejosamente,  além de pedir gravações, o argumento de Nassif para “provar” que  Escosteguy teria dito que a reportagem de Veja fora “inventada” (então,  por que Escosteguy desmentiria, ainda mais depois de sair da  Veja, como se vê, sem os arranca-rabos que Nassif lhe imputa?) é que  ouviu isso de “fontes muito próximas” a Escosteguy. Não aponta um nome.  Não indigita formalmente ninguém que teria dito qualquer asneira  parecida. Não cita uma fonte. Não demonstra um argumento lógico para fazer crer a seu leitor, via captatio benevolentiæ,  que talvez a reportagem teria sido uma farsa. Mas usa como prova de que  Escosteguy não tinha feito a entrevista (mesmo que ele o comprove),  que… o site a publicara sem fonte.
A blogosfera do PT
Luis Nassif e Paulo Henrique Amorim são os encabeçadores de uma esparrela denominada blogosfera progressista. Há muita gente na internet que merece um calaboca. Os blogosfentos progressistas destacam-se imediatamente: querem escrever pérolas como as que vão acima com dinheiro público. Com o seu dinheiro.  Alguns blogueiros causam a aziaga sensação de nojo ao serem lidas suas  algaravias. Os blogosfentos progressistas podem já causar a aziaga  sensação de fingir calma diante de um assalto.
Seu primeiro encontro nacional aconteceu  nos dias 20 a 22 de agosto do ano passado. Com a eleição de Dilma já  dando claros sinais de vitória, não foram definidas estratégias de como  os progressistas deveriam ajudar o PT a se manter no poder: a palestra  que levou a esquerdaiada à loucura mesmo foi a que ensinou como pedir  dinheiro do governo para manter um blog. Tudo encapuzado pelo manto da  invisibilidade que é “vender propaganda”. Como se a alta classe  média de esquerda tivesse muita opção além de encher suas Pajeros antes  de um encontro petista com gasolina explorada pelo Petrobras.
Como se, afinal, o governo precisasse de “propaganda”. Ou talvez este  governo precise mesmo para sobreviver. Não urge imaginar o que  aconteceria se um governo de lideranças não-petistas se reunisse e  comemorasse o fato de pedir dinheiro para o governo “vendendo”  propaganda partidária contrária ao PT para o próprio  governo. Estes senhores acima indigitados já teriam demonstrado o lado  corrupto e sujo dos seus adversários. Os mesmos que “têm mania de privatizar” – o que justamente impede estas malversações.
A blogosfera progressista é o Bolsa  Família da classe média-alta. A blogosfera progressista é o Edir Macedo  que a Globo não divulgou.
O encontro teve uma imperdível reunião apenas para definir que nome este setor da blogosfera teria doravante. Blogosfera progressista?  Ora, a esquerda brasileira, bem antes das privatizações, é  completamente contrária ao progresso (lembram-se da época em que ela  marchava contra a “globalização”, que iria nos escravizar todos? Eles  não lembram). Blogosfera “de esquerda”? Bem, é lindo se dizer antenado, mas “de esquerda” não é só coisa de maconheiro do DCE? Blogosfera Petista? Ora, peçamos dinheiro do PT, no nosso “mensalinho” fora do Congresso, mas não precisa dar na cara, não é? Blogosfera Boazinha? Não convence muito, já que foi o lado oriental da Alemanha que derrubou o Muro de Berlim praticamente na unha.
Minha sugestão infelizmente não foi  apresentada junto aos mauricinhos petistas: já que nem todos os nomes  abarcam todos os blogueiros, que tal uma característica que una a todos?  Que tal Blogosfera do Dinheiro Público?
Apesar de não definirem o programa de Dilma para a internet (falamos em dinheiro público, não em trabalho, mesmo que se trate desses de certos funcionários públicos), foram estes mesmos blogueiros que definiram o que seria a campanha petista. Luis Nassif, por exemplo, até hoje afirma que Soninha Francine teria “usado robôs” na campanha de Serra no Twitter – algo bastante estranho, quando durante a campanha os Trending Topics do Twitter eram dominados por tags pró-Serra (muitas delas plagiadas ipsis litteris um dia depois pela campanha de Dilma), e as acusações contra o governo permanecem até hoje nos assuntos mais comentados (vide os recentes casos do IOF e da Maria Bethânia), enquanto qualquer tag pró-PT simplesmente sumiu assim que a campanha dilmista (e a própria Dilma) encerraram suas atividades twitteiras. Quem estava usando robôs? (além dos diversos robôs dilmistas flagrados, claro)
No entanto, o mais sensacional de tudo foi a definição do sr. Paulo Henrique Amorim: os blogosfentos progressistas eram uma “mistura de Einsteins com Machados de Assis”.  HUAHEUHAUEHUEAHUEH!! De fato, todos atiçaram a teoria da relatividade  (só ataque uma idéia se ela render votos para o PT, do contrário, CALA  BOCA BLOGOSFERA PROGRESSISTA), ao mesmo tempo em que outros sempre amam  mais o PT nos quinze anos em que ele ainda era oposição – do contrário,  apenas por onze contos de réis.
Para onde irá o seu dinheiro
Simples exemplos demonstram o que é ser um misto de Einstein com Machado de Assis.
Celso de Barros não cansou de demonstrar  que a possível eleição de Serra seria uma catástrofe, pois seria  “definitivamente de direita”. Seu argumento: Serra era apoiado por  católicos e evangélicos. Será que a turma da Igreja Universal do PL só  amou Lula durante os onze contos de réis do mensalão (perdoem os bispos o  quase trocadilho), ou é a Teoria da Relatividade que faz com que um  evangélico seja “prova” de um governo “de direita” só quando ele não recebe dinheiro corrupto, sendo por isso espinafrado?
Lola Aronovich, feminista, aplicou a relatividade até à sua própria causa mestre: trata qualquer piadinha na internet como machismo,  mas defendeu o estuprador Polanski, admitindo que só o fez por ser dele  fã, porque “tem de ver o contexto” (é o primeiro caso na história de um  estupro sendo “contextualizado”… e ainda por uma  feminista). Melhor ainda foi a sua defesa de Lula no caso do Irã: ele  deveria ganhar o Nobel da Paz por defender o programa nuclear do Irã (ao  mesmo tempo em que Lula afirmava que se Sakineh, já quase sendo  apedrejada, “estava causando problemas para Ahmadinejad”, o negador do  Holocausto poderia “mandá-la para cá”, mas apenas um dia depois de dizer que não iria se meter nos assuntos “de lá”).
Túlio Vianna deveria ser lembrado nesses  tempos de Bolsa Blog (outro Trending Topic recente, o que prova que  Soninha deve ter controle telepático sobre mais de 90% dos usuários do  Twitter): após Lula pedir caráter de urgência para a votação do Vale  Cultura (só o próprio presidente pode pedir isso) para facilitar a  eleição de Dilma, o que causou celeuma sobre a validade deste tipo de  programa, Vianna, em seu blog, tratou logo de afirmar que pornografia é cultura,  o que implica que o dinheiro dos impostos também deve pagar para grupos  desfavorecidos canais de vídeos de sexo em categorias como “Idosas”,  “Hardcore” e “Bizarro” em sites na Croácia. É um tipo de idéia que pode  vir de um punheteiro crônico ou de um doente mental. A idéia veio de  Túlio Vianna.
Mas o melhor exemplo dos desserviços  futuramente públicosgratuitosedequalidade dos blogosfentos vem de  Brizola Neto: quando a assessoria de imprensa de José Serra pediu para  que o seu encontro no Clube da Aeronáutica fosse fechado à imprensa, o  menino se desesperou. Tacou lá: “Foste lá pedir um golpe contra a  vontade popular que te repudia e consagra Lula e Dilma? Foste falar do  esquerdismo perigoso? Da república sindicalista? Do que os golpistas de  64 usavam contra a legítima expressão eleitoral de um povo que não quer  ser escravo das elites a que você agora serve?” Entendeu, leitor? Vou tentar explicar melhor: “Foste lá pedir UM GULPE CONTRA A VONTADE POPULAR QUE CONSAGRA LULA E DILMA?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!” – entendeu agora?
Isso tudo entre as frases “é a mente de quem se entregou de corpo e alma, se é que este sujeito tem uma” e “Serra, o povo brasileiro já decidiu o teu destino. E é bem quente por lá”.  Pedir para fechar um encontro à imprensa e conversar em paz é golpismo.  Dizer que o destino de Serra é um lugar “bem quente”… bem, como  interpretar tal acinte dentro do escopo das regras de civilidade e  higiene, mantendo-se longe de micróbios?
Talvez eu não seja um Einstein ou um  Machado de Assis, caro leitor (nem mesmo um deles em separado). Mas  saiba que peço antes seus neurônios do que sua carteira —Hypocrite lecteur,—mon semblable,—mon frère!
* Flavio Morgenstern é redator, tradutor e analista de mídia.
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Mentiras por mentiras, o PIG ganha todas!
ResponderExcluirFOI POUCO. DEVIA TER AUMENTADO MUITO MAIS. ESSES CABOCLOS BRASILEIROS QUERENDO SER INGLESES, VÃO GASTAR OS DOLARES QUE O PAÍS CONSEGUE NA MAIOR DIFICULDADE. INFELIZES, QUE NÃO CONHECEM AS BELEZAS DO PAÍS, VÃO GASTÁ-LOS FORA E SEM PODER. NO CARTÃO DE CRÉDITO. VALEU DILMA.DESCE A MÃO. JOSÉ MATOS - DF
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