Programa do Ministério dos Esportes recebe alimentos de empresa ‘situada’ em quintal vazio
O ESTADO DE S.PAULO - 22 de          fevereiro de 2011 | 23h 00
Alfredo Junqueira, de O Estado de S.             Paulo
RIO - Contratada para vender R$ 4,6             milhões em alimentos para o Programa             Segundo Tempo, do Ministério dos             Esportes, a empresa JJ Logística             Empresarial Ltda. ME tem como sede             um galpão abandonado há mais de             quatro anos numa área rural do             pequeno município de Tanguá, na             Região Metropolitana do Rio. 
A firma forneceu kits lanches que             abasteceram as escolas atendidas             pelo programa em Santa Catarina a             partir de convênio estabelecido com             o Instituto Contato - entidade             controlada por dirigentes do PC do B             no Estado - o mesmo partido do             ministro Orlando Silva. 
A JJ Logística tem em seus             registros na Receita Federal, como             principal atividade, o comércio             atacadista de combustíveis de origem             mineral em estado bruto. No galpão             em que a empresa está oficialmente             sediada será instalada uma             distribuidora de carvão para             consumidores privados - de acordo             com o proprietário da firma, João             Batista Vieira Machado. 
O fornecimento de kits lanches,             segundo Machado, é apenas um entre             os vários serviços que a JJ             Logística oferece. "Fazemos todo             tipo de serviço para órgãos             públicos. Venda de remédio, limpeza,             manutenção", explicou Machado. 
Funcionário único.             Apesar da amplitude de seus negócios             e serviços, a JJ Logística tem só um             funcionário registrado. Trata-se de             um gerente administrativo             identificado apenas como Ronaldo e             que trabalha em Santa Catarina. 
O dono da empresa e patrão de             Ronaldo não soube, no entanto,             informar o sobrenome desse             funcionário. "Fica difícil lembrar             essas coisas de cabeça", justificou.            
Machado explicou que não haveria             necessidade de ter mais que um             funcionário para cumprir o que             previa seu contrato de fornecimento             para o Instituto Contato. 
Segundo seu depoimento, sua             participação no Programa Segundo             Tempo se resumiu a comprar um             alimento sólido e outro líquido de             outros fornecedores e revender os             produtos para o instituto             catarinense. 
O empresário, no entanto, não             soube também informar o nome de             nenhum de seus fornecedores.             "Preciso verificar as notas fiscais.             E eu não ando com elas no bolso.             Fica difícil lembrar", argumentou             novamente Machado. 
‘Muita dor de cabeça e             pouco lucro’
Insatisfeito com o retorno             financeiro resultante da parceria             entre sua empresa e órgãos públicos,             o proprietário da JJ Logística, João             Batista Vieira Machado, informou ao            Estado que não             pretende mais trabalhar com empresas             públicas. "Dá muita dor de cabeça e             pouco lucro." 
Machado afirmou que o             fornecimento dos produtos e os             pagamentos ocorreram sempre na data             combinada e que não houve problema             algum para a execução do contrato.             Questionado sobre quais outros             serviços prestou e para quais órgãos             públicos já trabalhou, o empresário             desconversou. Disse apenas que o             contrato com o Instituto Contato             para fornecimento de alimentos para             o Programa Segundo Tempo havia sido             sua primeira experiência com "entes             estatais". 
Ao ser lembrado que havia dito             que fazia qualquer tipo de serviço             com órgãos públicos, ele tentou             corrigir. "Quis dizer que a empresa             está habilitada para fazer. Mas a             gente não faz." 
Machado disse que nunca             desempenhou qualquer função pública             e que nem conhece políticos ou             partido. Caiu em contradição ao ser             indagado sobre ter prestado serviços             para a Prefeitura de Tanguá. O             prefeito (Carlos Roberto Pereira, do             PP) é meu amigo, mas eu nunca fiz             nenhum trabalho para o município".            
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