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Comércio e serviços ainda são destaques na economia da maioria das cidades de médio porte do Estado
FOTO: CRISTIANE VASCONCELOS
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Suely Chacon: movimento de chegada de profissionais mais qualificados
FOTO: GUSTAVO PELLIZZON
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O Professor Eduardo Amaral se mudou com a família para Quixadá, em 2008, e não se arrependeu da decisão
FOTO: DIVULGAÇÃO
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5/12/2010
Diferentemente da Capital, o nível de crescimento ... Clique em Mais informações
econômico das cidades de médio porte no Ceará ainda está na casa de um dígito, mas municípios como Sobral, Juazeiro do Norte, Crato, Iguatu, Itapipoca e Limoeiro do Norte, já estão, ao lado daqueles que fazem parte da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e que sempre puxaram a economia estadual, entre os 15 maiores Produtos Internos Brutos (PIB) do Estado.
Com participação que chega aos 20%, o comércio desponta como atividade propulsora dessas economias do Interior. No Crato, a atividade responde por 20,06%, assim como em Iguatu, onde movimenta 20% do município. Este setor também se destaca em cidades como Juazeiro do Norte (19,71%), Russas (18,98%), Sobral (17,4%), Tianguá (13,56%), Quixadá (12,46%) e Nova Russas (10,19%). Nos demais municípios cearenses o comércio responde por menos de 10% da economia local.
Atendendo à política estadual de atração de investimentos para além da RMF, a indústria de transformação é outro setor que se destaca. A atividade é o motor de cidades como Uruburetama, com 24,82% de participação na economia; acompanhada, ainda, de cidades a exemplo de Itapajé (24,13%), de Sobral (23,73%), de Itarema
(14,51%), de Quixeramobim (14,35%), de Forquilha (14,07%), de Crateús (13,80%), de Russas (13,26%) e de Morada Nova (12,84%), para citar algumas.
Construção Civil
A construção civil é outra atividade que ganha corpo no Interior cearense. Impulsionada pelos investimentos públicos em infraestrutura e habitação popular. Mas não é só isso. Com a atração de novos profissionais para trabalhar nessas cidades, aliado aos preços ainda razoavelmente baixos dos terrenos na comparação com a Capital, muitas construtoras estão abrindo mercado no Interior.
Por estas razões é que este setor desponta com quase 14% de participação na economia de municípios como Morada Nova. E não deixa por menos em Novo Oriente (13,79%), em Missão Velha (10,13%), em Massapê (9,23%), em Quixeramobim (8,85%), Paraipaba (8,82%) e Milagres (8,42%).
Atividade imobiliária
Na esteira desse crescimento, a atividade imobiliária também se expandiu. Em 15 municípios do Interior do Ceará ela participa com mais de dois dígitos na economia local. O maior destaque vai para Jijoca de Jericoacoara, com 14%. Seguida de Beberibe, 13,4%; de Groairas (12,9%); de Martinópole (12,8%); de Itaitinga (12,8%); de Mucambo (12,6%); Antonina do Norte (12,3%); Novas Russas (12,1%); e Pindoretama (12%), para relacionar algumas das localidades. Os dados são do Ipece e referem-se a 2007, mas refletem a tendência de crescimento que se delineia para o Interior do Ceará. (ADJ)
ATRATIVIDADE
Mais empregos em todas as áreas
Saldo de emprego formal gerado no Interior do Estado cresceu quase 40% nos dez primeiros meses de 2010
O fato da ascensão das cidades de médio porte estar vinculada à expansão do ensino e a novos investimentos públicos em infraestrutura e saúde começa a gerar um diferencial positivo para o Interior do Ceará: o mercado de trabalho vem se expandindo em todas as áreas.
Segundo o Radar do Emprego, divulgado mensalmente pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, de janeiro a outubro de 2010, se comparado aos mesmo período do ano passado, o saldo de emprego formal gerado no Interior do Estado cresceu quase 40%.
Foram 9.129 novos postos de trabalho, com destaque para municípios como Russas, cujo saldo foi de 1.430 vagas; Iguatu, gerando 1.149 empregos e Sobral, com a criação de 711 colocações.
"O mercado de trabalho vem se expandindo em todas as áreas. Não apenas há o surgimento de uma geração mais preparada para o mercado, mas há também um movimento de chegada de novos profissionais altamente qualificados que optam por investir profissionalmente nessas áreas", destaca a economista Suely Chacon, doutora em Desenvolvimento Sustentável, e que coordena o mestrado em Desenvolvimento Regional Sustentável do Campus da UFC no Cariri.
Mudança qualitativa
Segundo ela, essa mudança qualitativa no perfil da população já atrai investimentos privados, a exemplo de grandes redes de supermercados, de shoppings centers, instituições de ensino, serviços especializados, saúde, entre outros, gerando mais postos de trabalho. "E a construção civil, extremamente aquecida, garante emprego para as pessoas ainda sem maior qualificação", emenda.
Geração de conhecimento
Um ponto a ser ressaltado, defende Chacon, é que estão sendo criados novos centros de geração de conhecimento de ponta no Interior. "O ensino superior, antes restrito à graduação, agora já desponta com programas de mestrado e centros de pesquisas, com pesquisadores qualificados e de renome nacional e internacional que optaram por produzir conhecimento voltado para o semiárido, por exemplo, que responde pela maior parte do Ceará. A expectativa é de que, em breve, esses centros se tornem também referência internacional", conclui a pesquisadora.
ANCHIETA DANTAS JÚNIORRepórter
EM QUIXADÁ
Do leite fresquinho à última novidade em tecnologia
Beber leite fresquinho retirado da vaca. Tem hábito mais sertanejo do que esse? Do outro lado, tem algo mais urbano que, após assistir à aula na universidade, passar pelo supermercado e comprar um desses celulares de última geração, em dez vezes no cartão de crédito?
Pois é, em determinadas cidades do Interior cearense é possível conviver com duas situações comuns ao rural e ao urbano, simultaneamente, - o que reforça a convivência entre o antigo e o moderno, advindo do crescimento econômico e da mudança de comportamento dos consumidores locais.
Bom para viver
Uma testemunha e, ao mesmo tempo, agente dessa transformação é o professor Eduardo Lúcio Gomes Amaral, que também é coordenador do curso de Guia de Turismo do Instituto Federal do Ceará (IFCE), campus Quixadá. Para ele, que nasceu em Niterói (RJ) e passou a maior parte da vida em Fortaleza, morar em um município como Quixadá, atualmente, tem mais aspectos positivos do que desvantagens.
"Achei um bom lugar para criar meus filhos. Dar uma infância como a minha, que não existe na Capital. Além disso, meu salário tem um peso bem maior aqui do que renderia na cidade grande", contrapõe.
Ele confessa que não deseja mudar a vida que tem tão cedo. "Comprei uma casa nova financiada em 30 anos em um condomínio onde antes funcionava uma fazenda. Quase todos os moradores daqui são de fora. Não pego ônibus para ir ao trabalho, tiro um cochilo após o almoço. Abri mão de ganhos financeiros maiores para ter a qualidade de vida que minha família tem hoje", comenta.
Ele admite, contudo, que sente falta de livrarias bem estruturadas, cinemas e bancas de revistas mais completas.
"Claro que aqui não tem tudo que uma cidade grande oferece. É preciso sofisticar o interior, que está começando a crescer, embora esteja evoluindo tão rápido, que muita gente da Capital ainda não tem noção disso".
Repercussão
Para Eduardo, a chegada de vários profissionais qualificados de fora está repercutindo bem em alguns setores da economia, especialmente, na cobrança de alguns serviços do comércio.
"Além de ajudar a fomentar a região, essa nova classe média está transformando a própria dinâmica econômica do município, consumindo mais e, também, exigindo produtos e serviços de melhor qualidade", completa o professor.
ILO SANTIAGO JR.Repórter
Com participação que chega aos 20%, o comércio desponta como atividade propulsora dessas economias do Interior. No Crato, a atividade responde por 20,06%, assim como em Iguatu, onde movimenta 20% do município. Este setor também se destaca em cidades como Juazeiro do Norte (19,71%), Russas (18,98%), Sobral (17,4%), Tianguá (13,56%), Quixadá (12,46%) e Nova Russas (10,19%). Nos demais municípios cearenses o comércio responde por menos de 10% da economia local.
Atendendo à política estadual de atração de investimentos para além da RMF, a indústria de transformação é outro setor que se destaca. A atividade é o motor de cidades como Uruburetama, com 24,82% de participação na economia; acompanhada, ainda, de cidades a exemplo de Itapajé (24,13%), de Sobral (23,73%), de Itarema
(14,51%), de Quixeramobim (14,35%), de Forquilha (14,07%), de Crateús (13,80%), de Russas (13,26%) e de Morada Nova (12,84%), para citar algumas.
Construção Civil
A construção civil é outra atividade que ganha corpo no Interior cearense. Impulsionada pelos investimentos públicos em infraestrutura e habitação popular. Mas não é só isso. Com a atração de novos profissionais para trabalhar nessas cidades, aliado aos preços ainda razoavelmente baixos dos terrenos na comparação com a Capital, muitas construtoras estão abrindo mercado no Interior.
Por estas razões é que este setor desponta com quase 14% de participação na economia de municípios como Morada Nova. E não deixa por menos em Novo Oriente (13,79%), em Missão Velha (10,13%), em Massapê (9,23%), em Quixeramobim (8,85%), Paraipaba (8,82%) e Milagres (8,42%).
Atividade imobiliária
Na esteira desse crescimento, a atividade imobiliária também se expandiu. Em 15 municípios do Interior do Ceará ela participa com mais de dois dígitos na economia local. O maior destaque vai para Jijoca de Jericoacoara, com 14%. Seguida de Beberibe, 13,4%; de Groairas (12,9%); de Martinópole (12,8%); de Itaitinga (12,8%); de Mucambo (12,6%); Antonina do Norte (12,3%); Novas Russas (12,1%); e Pindoretama (12%), para relacionar algumas das localidades. Os dados são do Ipece e referem-se a 2007, mas refletem a tendência de crescimento que se delineia para o Interior do Ceará. (ADJ)
ATRATIVIDADE
Mais empregos em todas as áreas
Saldo de emprego formal gerado no Interior do Estado cresceu quase 40% nos dez primeiros meses de 2010
O fato da ascensão das cidades de médio porte estar vinculada à expansão do ensino e a novos investimentos públicos em infraestrutura e saúde começa a gerar um diferencial positivo para o Interior do Ceará: o mercado de trabalho vem se expandindo em todas as áreas.
Segundo o Radar do Emprego, divulgado mensalmente pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, de janeiro a outubro de 2010, se comparado aos mesmo período do ano passado, o saldo de emprego formal gerado no Interior do Estado cresceu quase 40%.
Foram 9.129 novos postos de trabalho, com destaque para municípios como Russas, cujo saldo foi de 1.430 vagas; Iguatu, gerando 1.149 empregos e Sobral, com a criação de 711 colocações.
"O mercado de trabalho vem se expandindo em todas as áreas. Não apenas há o surgimento de uma geração mais preparada para o mercado, mas há também um movimento de chegada de novos profissionais altamente qualificados que optam por investir profissionalmente nessas áreas", destaca a economista Suely Chacon, doutora em Desenvolvimento Sustentável, e que coordena o mestrado em Desenvolvimento Regional Sustentável do Campus da UFC no Cariri.
Mudança qualitativa
Segundo ela, essa mudança qualitativa no perfil da população já atrai investimentos privados, a exemplo de grandes redes de supermercados, de shoppings centers, instituições de ensino, serviços especializados, saúde, entre outros, gerando mais postos de trabalho. "E a construção civil, extremamente aquecida, garante emprego para as pessoas ainda sem maior qualificação", emenda.
Geração de conhecimento
Um ponto a ser ressaltado, defende Chacon, é que estão sendo criados novos centros de geração de conhecimento de ponta no Interior. "O ensino superior, antes restrito à graduação, agora já desponta com programas de mestrado e centros de pesquisas, com pesquisadores qualificados e de renome nacional e internacional que optaram por produzir conhecimento voltado para o semiárido, por exemplo, que responde pela maior parte do Ceará. A expectativa é de que, em breve, esses centros se tornem também referência internacional", conclui a pesquisadora.
ANCHIETA DANTAS JÚNIORRepórter
EM QUIXADÁ
Do leite fresquinho à última novidade em tecnologia
Beber leite fresquinho retirado da vaca. Tem hábito mais sertanejo do que esse? Do outro lado, tem algo mais urbano que, após assistir à aula na universidade, passar pelo supermercado e comprar um desses celulares de última geração, em dez vezes no cartão de crédito?
Pois é, em determinadas cidades do Interior cearense é possível conviver com duas situações comuns ao rural e ao urbano, simultaneamente, - o que reforça a convivência entre o antigo e o moderno, advindo do crescimento econômico e da mudança de comportamento dos consumidores locais.
Bom para viver
Uma testemunha e, ao mesmo tempo, agente dessa transformação é o professor Eduardo Lúcio Gomes Amaral, que também é coordenador do curso de Guia de Turismo do Instituto Federal do Ceará (IFCE), campus Quixadá. Para ele, que nasceu em Niterói (RJ) e passou a maior parte da vida em Fortaleza, morar em um município como Quixadá, atualmente, tem mais aspectos positivos do que desvantagens.
"Achei um bom lugar para criar meus filhos. Dar uma infância como a minha, que não existe na Capital. Além disso, meu salário tem um peso bem maior aqui do que renderia na cidade grande", contrapõe.
Ele confessa que não deseja mudar a vida que tem tão cedo. "Comprei uma casa nova financiada em 30 anos em um condomínio onde antes funcionava uma fazenda. Quase todos os moradores daqui são de fora. Não pego ônibus para ir ao trabalho, tiro um cochilo após o almoço. Abri mão de ganhos financeiros maiores para ter a qualidade de vida que minha família tem hoje", comenta.
Ele admite, contudo, que sente falta de livrarias bem estruturadas, cinemas e bancas de revistas mais completas.
"Claro que aqui não tem tudo que uma cidade grande oferece. É preciso sofisticar o interior, que está começando a crescer, embora esteja evoluindo tão rápido, que muita gente da Capital ainda não tem noção disso".
Repercussão
Para Eduardo, a chegada de vários profissionais qualificados de fora está repercutindo bem em alguns setores da economia, especialmente, na cobrança de alguns serviços do comércio.
"Além de ajudar a fomentar a região, essa nova classe média está transformando a própria dinâmica econômica do município, consumindo mais e, também, exigindo produtos e serviços de melhor qualidade", completa o professor.
ILO SANTIAGO JR.Repórter
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