terça-feira, 27 de julho de 2010

DEPRESSÃO: CALDERARO, DE " NO MUNDO MAIOR ", COMENTA.

              Os terapeutas e voluntários dispostos a servirem ao próximo na tarefa de amor e recuperação espiritual não podem dispensar uma análise cuidadosa da passagem evangélica do filho pródigo: Lucas 15- 11 a 32. Essa mensagem evangélica é a história da peregrinação humana ao longo dos evos. A história de nosso caminhar pela conquista da humanização.
 
             Consideramos o egoísmo como a doença original do Ser. Ninguém escapou de experimentá-lo na espiral do crescimento. Até certa etapa foi impulso para frente. Depois, quando a racionalidade permitiu a capacidade de escolher, tornou-se a matriz nosológica das dores humanas, transformando-se no hábito doentio de atender aos caprichos pessoais.
 
             A "centralidade" do homem no ego estruturou a arrogância - sentimento de exagerada importância pessoal. Perdemos o contato com a fonte inexaurível da vida - Deus - e passamos a peregrinar sob a escravidão do "eu". O resultado mais infeliz desse caminhar " apartado " de Deus foi uma terrível sensação de abandono e inferioridade. O ato de arrogar constituiu, pois, a proteção instintiva da alma contra a sensação de menos-valia. Esse foi seu primeiro passo no processo evolutivo em direção à ilusão. Um mecanismo de defesa para não desistir que fixou a vida mental em noções delirantes sobre si mesma. Assim nasceram no tempo as " matrizes psíquicas " das mais graves patologias mentais.
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             Nessa ótica podemos pensar as psicopatologias como uma recusa em ser humano, uma desobediência por não querer assumir o que se é na caminhada do progresso. Tornar-se humano significa assumir sua pequenez no todo universal, ter consciência da cruel sensação de "desconexão" com o criador e do que realmente representamos no contexto do bailado cósmico, mas também significa assumir-se como "Filho de Deus" ( ... ) herdeiro em sua obra. Isso exige trabalho, dinamismo, ação e responsabilidade.
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            A rota evolutiva dos Filhos Pródigos - que somos todos nós - é um percurso de esbanjamento psíquico através da atitude arrogante. Tal ação não poderia ser correspondida com outra sensação senão de vazio interior, cansaço de si e desvalimento, que são os elementos estruturadores da depressão - doença da alma ou estado afetivo de penúria e insatisfação.
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            O amor a si mesmo ainda é uma lição a aprender ( ... ) criados para o amor, nosso destino glorioso é a integração com a energia da vida e com a liberdade em seu sentido de plenitude e paz interior.
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            Depressão é uma intimação das Leis da Vida convocando a alma a mudanças inadiáveis ( ... ) desde as crises ocasionais da depressão até os quadros mais severos que avançam aos sombrios labirintos da psicose, encontramos no cerne da enfermidade o Espírito, recusando os convites da vida ( ... ) o remédio será aprender a amar a vida que temos, o que somos, o que detemos e viver um dia após o outro ( ... ) perdoar e nos perdoar sempre. Olhemos para nós com lealdade, mas , igualmente, com carinho e misericórdia.
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           Tolerância, indulgência, perdão, compaixão e benevolência são algumas das expressões morais imprescindíveis no trato de uns para com os  outros. Sem essas atitudes de amor, como nos suportaremos?
 
Extraído do excelente livro "ESCUTANDO SENTIMENTOS" de Ermance Dufaux/Wanderlei.S e adaptado por José Matos - Brasília -DF 
 

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