Tento
situar-me em meio a gritos lastimosos, choros e rangidos lancinantes. Rios de
lágrimas brotam de todas as fendas do chão. Seres fantasmagóricos flutuam em
minha direção clamando por médicos e remédios. Sempre fui um homem de
temperamento explosivo e tento afastá-los violentamente. Porém,
não consigo tocá-
los por terem os corpos fluídicos.
Um
canto triste e fúnebre parecendo um lamento ecoa de uma GRUTA sombria. Na
fachada superior de sua entrada, letras pintadas por um lodo VERDE úmido e
fétido formam as palavras: “ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL”. Em seu interior
milhares de crianças raquíticas, esqueléticas e grávidas de vermes berram
lamuriosamente:
__Meu
rendimento escolar foi comprometido pela fome!
__Cadê
minha merenda DIÁRIA?
__O
que vamos comer hoje? Bois, vacas ou messalinas? Corro sem rumo sob um pântano
frio infestado de jacarés e cururus que digladiam praticando o canibalismo
político na luta pelo poder.
Já
vira esta cena em algum lugar do passado! Apresso o passo sem direção definida
envolto em uma atmosfera densa de gases mal cheirosa pelos pecados dos roubos e
desvios em DECOMPOSIÇÃO. Desesperado, procuro nos bolsos as chaves da picape
Mitsubishi, de meu Corola, do meu Golf. Mas que bolso? Aqui nada é compacto,
tudo é fluídico!
Uma
BICA gigantesca próximo a um balneário vilipendiado jorra sangue através de uma
PIA DE INOX molhando uma espécie de BALCÃO DE GRANITO desaguando a seguir no
LAVATÓRIO dos pecados das almas também de INOX, fincado em PEDRAS DE MÁRMORE
com os dizeres em alto relevo: “PEÇAS ROUBADAS”. Seria o mármore do inferno dos
Muçulmanos? Apavorado, reconheço um jovem de Crateús que fora trucidado alguns
anos atrás e, revoltado, levita fazendo encenações violentas com uma espécie de
TESOURA DE MADEIRA apontando-a para mim. Clamei por misericórdia!
Inesperadamente dois pares de anjos querubins estendem uma faixa esvoaçante com
letras confeccionadas em ouro com os dizeres: “Se quiseres, aqui
verdadeiramente começa para te um novo tempo”.
Grito!
Esperneio! Exijo arrogantemente minha autoridade e o STATUS TERRENO. Diabos!
Bastaria 1/4 dos proventos de uma DIÁRIA para comprar uma passagem aérea e
fugir dali! Vencido pelo cansaço e por uma dor fulminante no peito,
humildemente entrego-me ao chão e observo em letras pequenas sobre uma câmara
ardente a frase: “Tu eis pó e ao pó voltaras”.
De
repente uma luz branca confortadora e amena envolve-me, e a voz do espírito
CONSOLADOR acalma-me:
__Meu
irmão, aqui as DIÁRIAS são pagas com atitudes de humildade, fé honesta e
caridade desinteressada! Nesta Assembléia se LEGISLA através das preces
intercessoras e verdadeiras de amor aos que ficaram naquele planeta de provas e
expiações. São DECOROS essenciais neste Parlamento! E quanto mais atuares maior
será teu LÍCITO ENRIQUECIMENTO ESPIRITUAL! Se quiseres, segue-me! Acompanha-me!
<>
Meu caro Areton, trata-se de um texto reflessivo. É importante que aqueles que são extremamentes materialistas principalmente os que se agarram ao dinheiro público leiam e reflitam. Aproveitando o ensejo diga-me por gentileza quem é este cidadão que usa o pseudonimo de SENDEIRO ?
ResponderExcluirARETON PARABÉNS PELO NOVO ARTICULISTQ DO BLOG. AS CRONICAS DESTE RAPAZ SÃO OTIMAS.
ResponderExcluirkLEBER