segunda-feira, 31 de outubro de 2011

SELECIONADAS DO ESTÊNIO



 -CID GOMES, PERSONAGEM TRÁGICA-
Por Douglas de Paula (*)


>Creio que o Pequeno Príncipe Cid Gomes está deixando de ser um personagem infantil para se tornar gente grande, mas, infelizmente, gente 

grande que não conhece sua própria medida: Cid está se tornando um personagem trágico, uma espécie de Édipo de Sobral. No lugar das pitonisas do Oráculo de Delfos, ele consulta o irmão Ciro Tirésias, um cego que pensa que tudo vê, mas que enxerga somente o próprio umbigo. Como todo personagem trágico, Cid Gomes está cometendo um ato desmedido ( hybris ), o que irá atrair para si inevitavelmente um erro, gerado por suas próprias ações. Todo personagem trágico erra porque se aferra obstinadamente a seu próprio ponto de vista e não consegue ouvir os outros. Depois da truculência do Batalhão de Choque na Assembleia Legislativa contra os professores, a sociedade civil do Ceará demonstrou, através da imprensa e da Internet, sua solidariedade aos professores, mas isso em nada abalou os ouvidos do Príncipe (agora estou em dúvida: Cid está mais para o Príncipe de Maquiavel ou para o Pequeno Príncipe de Exupéry?).

> O Dr. Mourão, em artigo de seu Blog, é que usou a palavra certa, sem deslizes: o que houve na Assembleia foi AGRESSÃO contra os professores. Enquanto os senhores de-putados se preocupavam com a destruição do “patrimônio público”, os professores eram agredidos pelo Batalhão de Choque, sem ter acesso às galerias da “Casa do Povo”. E a Educação, às portas do Plenário, bem próxima ao “quadrilátero de segurança” do Governa-dor, era agredida em seus pressupostos básicos. O professor precisa de condições materiais para viver. Ninguém trabalha por amor. Pensar que professor trabalha por amor reflete o amadorismo de um Pequeno Príncipe metido a Governador ou a ruptura da máscara ideológica do Príncipe maquiavélico.

> Caiu a máscara de Cid? Creio que não. Não dá para esperar mais do irmão de Ciro Gomes. Dá para esperar menos. Menos respeito com os servidores, menos salários para os professores, menos democracia em seu mandato. De mais mesmo só seu orgulho e sua obstinação, pontos centrais de sua hybris trágica e do começo de sua queda. Seu irmão já experimentou tal queda, pois nunca terminou um mandato, foi o deputado federal que mais faltou ao Congresso e atualmente vagueia no limbo da política, assessorando (muito mal) o irmão.
>
> Não sei se Freud explica, mas, inconscientemente, talvez um irmão sonhe com a queda do outro. A disputa entre irmãos é comum na história humana, e René Girard explica bem direitinho essa rivalidade mimética. Um irmão acaba refletindo o outro, tornando-se o outro. Até os nomes contribuem para esse mimetismo: Ciro/Cid, Cid/Ciro. E qual o erro trágico do Pequeno Príncipe?
>
> Resposta: não querer conversa. Cid diz: “Só negocio com o fim da greve”, e estamos conversados. Édipo agiu assim. Antígona também. Creonte idem. Todos os personagens trágicos se julgam maiores do que são e acham que não precisam prestar contas a ninguém. Para eles, dar o braço a torcer é sinônimo de fraqueza. O personagem trágico, como diz Jean-Pierre Vernant, é pego pelas próprias palavras. Não admira que Cid tenha disparado tantas frases esdrúxulas nas últimas semanas. Ele não consegue ficar calado, porque não admite que alguém se lhe oponha resistência. Afinal, foi Ciro que disse, numa greve de médicos, que médico era como sal: branco, barato e se acha em qualquer esquina . Nada há de surpreendente que Cid, o “genérico” de Ciro, solte aos quatro ventos que professor deve trabalhar por amor .
>
> É justamente aí que Cid/Ciro ou Ciro/Cid erram: tornam-se seres obcecados, obstinados. Somente a obstinação não reconhece que tudo flui, e a única coisa permanente do mundo são as mudanças das coisas. Parece que o Governador nem percebeu que, na Internet, seu nome está indelevelmente manchado. O sangue dos professores, que correu na Assembleia Legislativa, suja o assoalho muito limpinho do Palácio da Abolição, numa metonímia direta entre governo/Governador . O único modo de limpar essa sujeira é respeitando os professores, pagando-lhes um salário digno e, o mais importante, obedecendo ao que manda o STF, que concede ao professor 1/3 de sua Carga Horária para preparação de aulas.
>
> Se não estava nos planos do Governo aprovar um Plano de Carreira para os professores e, como disse o próprio Governador, por ele, nem Carreira existiria , que ele agora aproveite o momento para mudar de planos. Falta dinheiro? Duvido muito, pois parece que não falta para os escândalos dos banheiros ou do Cartão Único, ou para o famigerado Aquário de Fortaleza. Mas tudo bem: aceitemos a conversa fiada: falta dinheiro. Mas diz a Lei do Fundeb que, se o Estado não tiver condições para arcar com as despesas do Piso, a Federação entrará com a contraparte. Basta “apenas” que o Estado abra suas contas e prove que já investiu o máximo do orçamento em Educação. Onde está o problema, meu povo? Na falta de dinheiro, na sobra de insensatez, na desculpa esfarrapada, na maldade pura e simples ou num projeto político para deixar a Educação Pública sempre precária? Talvez um “malte” de tudo isso junto. Se o Governador não encontrar uma saída madura, será o início do fim de seu governo. Talvez de seu Principado. Talvez do Principado de todos os Ferreira Gomes.
>
> Lembrete ao Pequeno Príncipe, parodiando Exupéry: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que tu agrides”.

(*) Professor do Curso de Letras da UECE.





Enviado por Edgar Flexa Ribeiro -
31.10.2011
| 16h09m
Geral

Muito prazer, eu sou o Brasil

O país, já meio exausto, está se apresentando aos educocratas do Ministério da Educação. Eles não se conheciam ainda.
Eles, os educocratas, sempre olharam o país de longe, de binóculo. O Brasil deles é ainda uma nação inerme, indecisa, rural. Um país pequeno, que precisa e pode ser educado conforme um modelo único, central, uniforme e padronizado.
A primeira lei de diretrizes e bases da educação, que descentralizou entre estados e municípios competências antes exercidas pela União, foi sendo consistentemente sabotada e superada.
Pelas beiradas, aos poucos, o ensino foi novamente sendo centralizado. Brasília onipotente e o educocrata rampante voltaram a tentar impor o que todas as crianças e jovens brasileiros tinham que saber.
Em delírios dos governos militares, e na balbúrdia da recuperação de liberdades democráticas, legislou-se desvairadamente sobre ensino. Novas disciplinas – todas obrigatórias! - foram criadas sem que houvesse professores para ensiná-las e escolas que as conhecessem.
O país todo mudava. No ensino trocavam os nomes, mas tudo ficava igual: da formação dos professores aos currículos efetivamente praticados.
Os educocratas, à espreita, aguardavam sua hora. E finalmente surgiu o estratagema para que dominassem o acesso ao saber.
Ergue-se um ícone, um marco, um limite: sob forte propaganda, o ENEM resumiria o que todo brasileiro tem que saber para ser considerado como bem formado.
Mas aí a verdade se afirma, e o que é incontornável ganha. O país é muito, mas muito maior do que pensavam os educocratas.
O edifício que montavam desaba. Não pela visão, pela crítica, pela razão. Apenas por motivos físicos, geográficos, concretos.
Não por afirmação de autonomia por parte das universidades - forçadas, elas renunciaram a isso. Não por consciência das elites políticas, pelo reconhecimento de que união só tem sentido entre diferentes, e não é a uniformização dos díspares. Não pela voz da cidadania, que pouco se importa com o que dizem os educocratas, e vai se educar com ou sem o aval deles.
Mas porque somos muito grandes e diversos. E pretender que seremos submetidos com êxito a uma única prova, em mesmas datas, todo território nacional é negar eloqüentes evidências. Não há teoria estatística que dê conta: provas vazam, confusão e desconfiança se instalam.
Já não somos tão facilmente manipuláveis, nem disponíveis. Somos enormes, diferentes, crescidos e não podemos mais ser submetidos a uma fôrma. Somos complicados demais para marchar em ordem unida.
Nós somos o país real. Muito prazer.

Edgar Flexa Ribeiro é educador, radialista e presidente da Associação Brasileira de Educaçã






COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO, 31/10/2011 | 00:00

Fundo partidário fatura R$ 800
milhões até 2014

A distribuição do fundo partidário garantido por lei (11.459/07) virou um grande negócio para engordar o caixa das legendas. Com média de R$ 200 milhões dados aos 28 partidos por ano, a conta chegará a estupendos R$ 800 milhões até 2014, ano da campanha presidencial. O dinheiro do contribuinte banca sedes nababescas, carros de luxo blindados e viagens de jatinhos dos dirigentes, além de campanhas.

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31/10/2011 | 00:00

Nosso dinheiro

Em 2010, PT ganhou R$ 23 milhões, PMDB (R$ 22 milhões), PSDB (R$ 22 milhões) e DEM (R$ 14 milhões), de acordo com bancadas.

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31/10/2011 | 00:00

Comuni$ta$

O PCdoB, que comprou prédio de R$ 3 milhões, levou R$ 3,5 milhões em 2010 e teve upgrade este ano: ganhou R$ 5,8 milhões até agosto.

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31/10/2011 | 00:00

Berço de ouro

O PSD já nasce milionário. Terceira maior bancada do Congresso, estima engordar o caixa com R$ 15 milhões, por baixo, em 2012.

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31/10/2011 | 00:00

Rebeldes sem causa

Nanicos também fazem a festa. Só este ano, PTC levou R$ 1,5 milhão, PHS R$ 1,9 milhão, PSDC, R$ 760 mil e PSTU, R$ 592 mil.

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31/10/2011 | 00:00

Palácio do Planalto reduz verba dos
Transportes em 94%

O Palácio do Planalto fechou o cofre para o Ministério dos Transportes depois da demissão do ministro Alfredo Nascimento (PR). As obras contratadas para as estradas somavam R$ 1,6 bilhão só para este ano, e o governo só empenhou R$ 100 milhões – o que não garante o pagamento. Aos próximos, o ministro Paulo Passos diz que não foi retaliação: o governo simplesmente está sem dinheiro.

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31/10/2011 | 00:00

Na mão

O PR ainda mantém 17 superintendências regionais do DNIT em todo o País. O PT comanda as gerências e coordenadorias.

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31/10/2011 | 00:00

Vaivém

Apesar da dita independência, o PR continua a votar com o governo. E não vê a hora de ganhar outro ministério na reforma de janeiro.

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31/10/2011 | 00:00

Cafezinho

Em dois meses, o líder na Câmara, Lincoln Portela, já conversou com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) três vezes no Palácio.

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31/10/2011 | 00:00

Olhos do rei

Apadrinhada do ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, Yolanda Corrêa continua chefe jurídica do ministério. É ela quem aprova todos os contratos do DNIT com empreiteiras.

31/10/2011 | 00:00

Nosso heroi

O ministro do TCU Valmir Campelo revelou a um grupo de turistas, durante viagem a Lisboa, que barrou um superfaturamento de R$ 80 milhões nas reformas do Aeroporto de Confins, numa só canetada.

30/10/2011 | 13:55

Estudo: biocombustíveis agravam fome

O centro de pesquisas International Food Policy Research Institute divulgou um relatório onde revela que o uso da agricultura para biocombustíveis e a especulação no preço de alimentos contribuem para a fome no mundo. Segundo o estudo, os mais pobres não conseguiram acompanhar as mudanças nos preços dos alimentos, causadas pelo uso de alimentos para a produção de biocombustíveis, eventos meteorológicos extremos e mudanças climáticas, além do aumento das transações envolvendo produtos agrícolas nos mercados financeiros. Desta forma, a situação reduz o consumo de calorias entre os mais pobres, a alta de preços leva à escolha de alimentos menos nutritivos, contribuindo para a desnutrição. Para amenizar o problema, os pesquisadores sugerem no documento a criação de mecanismos de proteção aos mais vulneráveis, além da revisão das políticas de biocombustíveis, regulação das atividades financeiras sobre alimentos e uma melhor adaptação aos efeitos das mudanças climáticas. Informações BBC Brasil.


segunda-feira, 31 de outubro de 2011


O problema está nas ONGS de "capacitação".

A medida publicada hoje no Diário Oficial, onde a Presidência da República congela por trinta dias o pagamento às ONGS com irregularidades, é pura demagogia. Tanto é que um dos programas que será preservado, segundo o noticiário, é o Pronatec, que simplesmente não existe, já que a sua oficialização ocorreu na última quarta-feira.O que o governo federal deveria fazer é acabar com qualquer programa de capacitação realizado por ministérios, inclusive o MEC, pois aí é que está o grande rombo, a grande roubalheira. Foram nos programas de treinamento que surgiram os roubos no Turismo, no Esporte, no Trabalho, em vários ministérios. O país possui o Sistema S, que é duramente fiscalizado pela AGU e outros órgãos, que pode cumprir este papel com eficiência, eficácia e efetividade. O problema é que ele é gerido por empresários e não por políticos. Não há como meter a mão na grana. O Pronatec terá a participação do Sistema S. Este sim, é um bom começo. O resto é conversa para boi dormir.


Trem-bala não sai do lugar.

Mais um atraso no cronograma e uma parcela maior de risco na conta do governo. Esse é o retrato atual do projeto do trem de alta velocidade que ligará São Paulo ao Rio de Janeiro. Na melhor das hipóteses, o trem começará a circular em 2017 e a um custo maior para os cofres públicos. Só o projeto executivo custará R$ 600 milhões. A rodada de conversa com os candidatos a operar o negócio e oferecer a tecnologia do trem levou o governo a estudar assumir uma demanda mínima de passageiros. Se o número de usuários ficar abaixo do estimado, o governo compensará a operadora. Além disso, os candidatos querem um seguro contra eventuais atrasos na obra, adiantou ao Estado o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo. O leilão deverá ser realizado em julho. Leia aqui a entrevista desanimada, publicada pelo Estadão.




Um dos cinco ministros caídos é indiciado como "líder de organização criminosa".

Relatório de 40 páginas da Polícia Federal descreve o modus operandi do ex-ministro Wagner Rossi (Agricultura), apontado como "líder da organização criminosa" que teria arquitetado fraude no Programa Anual de Educação Continuada (Paec) - capacitação de servidores - para desvio de R$ 2,72 milhões. A PF vai indiciá-lo criminalmente nesta semana, imputando a ele formação de quadrilha, peculato e fraude à Lei de Licitações. 

Segundo o relatório, a investigação descobriu "verdadeira organização criminosa enraizada no seio do Ministério da Agricultura". A PF sustenta que "os investigados, muitos travestidos de servidores públicos, atuavam no âmbito de uma estrutura complexa e bem definida, agindo com o firme propósito de desviar recursos da União". Rossi foi o quarto ministro do governo Dilma Rousseff a perder o cargo. Ele caiu em agosto, após denúncias de tráfico de influência, falsificação de documento público, falsidade ideológica, corrupção ativa e distribuição de propinas a funcionários que teriam participado do procedimento administrativo que ensejou a contratação da Fundação São Paulo (Fundasp), mantenedora da PUC-SP.

O relatório é subscrito pelo delegado Leo Garrido de Salles Meira. Além do ex-ministro, ele decidiu indiciar outros oito investigados, inclusive o ex-chefe de gabinete Milton Elias Ortolan. A PF confirmou denúncia da revista Veja, que revelou que o lobista Júlio César Fróes Fialho detinha poderes excepcionais na pasta, embora não tivesse vínculo formal com a pasta. "Toda a trama inicia-se com a associação do lobista com a cúpula do Ministério da Agricultura", assinala a PF. "O plano consistiria em direcionar a execução do programa de capacitação de servidores para determinada instituição de ensino, da qual seria exigida vultosa quantia." A PF destaca que Rossi, Ortolan e Fróes "dando prosseguimento à trama delituosa, associaram-se a dois professores da PUC". 

O lobista teria exigido contrapartida de 28% do valor bruto do contrato. Segundo a PF, "a organização criminosa, quando se viu compelida pela consultoria jurídica a efetivar uma pesquisa de preço para dar respaldo à contratação da PUC-SP por dispensa de licitação, passou a forjar diversos documentos".Para a PF, os gestores da Fundasp "foram ludibriados". O plano falhou quando a servidora Joana Luiza Gonçalves da Silva exigiu apresentação de notas fiscais, o que teria provocado intervenção direta de Rossi. (Do Estadão)

                                                                        BLOG DO NOBLAT


Enviado por Mary Zaidan -
30.10.2011
| 14h02m

Política

O Brasil dos sem-Copa

Corrupção para todos os lados que se olhe. Regime de Contratação Diferenciado, que colide frontalmente com a lei 8.666, baliza para as licitações públicas, isenção total de impostos para gente da Fifa, fornecedores e cupinchas, e agora, dinheiro do FGTS, da conta do trabalhador, para bancar obras. Parece não haver limites para os descalabros feitos em nome da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016.
Enquanto isso, a infraestrutura do país apodrece.
Divulgada na semana que passou, a 15ª pesquisa sobre as estradas brasileiras feita pela Confederação Nacional dos Transportes é mais uma demonstração inequívoca disso. Em um país em que mais de 60% da carga e de 95% da população dependem de rodovias, 57,4% delas são péssimas, ruins ou, no máximo, regulares. Pouco mais de 12% são consideradas ótimas.
Ninguém precisa ser bidu para saber que as ótimas são administradas pela iniciativa privada. E que as 18 melhores são do Estado de São Paulo, campanha eleitoral sim outra também, acusado de cobrar pedágios exorbitantes.
Os críticos dizem que os pedágios pesam no custo Brasil, como se a falta de conservação nada custasse. E o custo vida? 8.516 vítimas fatais em 2010, 183 mil colisões, 15,5% a mais do que em 2009. Só em estradas federais. Impossível atribuir os dados apenas à imprudência.
Mas não basta concessionar. Ao fazê-lo, há de se fazer bem feito, fiscalizar. Algo cada vez mais difícil no desnorteado governo Dilma Rousseff. E pouco vale vangloriar-se de pedágios mais baixos quando as obras previstas em contrato sofrem frequentes atrasos.
Alerta da Federação das Indústrias do Rio (Firjan), feito em 2010, apontou que trecho da BR-116 está próximo da saturação devido a obras que mal saíram das pranchetas desde 2003. Isso na Dutra, que liga o Rio a São Paulo, eixo fundamental para a Copa, quase o único que restou depois do conto de fadas do trem-bala e das sempre adiadas ampliações dos aeroportos, que não deverão passar de puxadinhos.
Na área urbana o caos não é menor. Os portos ditos turisticamente estratégicos – Santos, Rio, Salvador, Recife, Natal, Fortaleza e Manaus – são só plantas arquitetônicas do que deveriam se tornar. Obra alguma começou. As de mobilidade, muito menos. Imagine-se nas cidades dos sem-Copa.
Enquanto isso, o governo Dilma se embrulha na corrupção, na inoperância, na falta de planejamento, gerência e comando. Parece esperar por milagres. E, ainda que aconteçam, estarão longe de dar respostas às urgências estruturais do país.
O atraso não é para 2014 ou 2016. O Brasil está atrasado para o Brasil.

Mary Zaidan é jornalista, trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa, @maryzaidan






TRIBUNA DA INTERNET, domingo, 30 de outubro de 2011 | 02:41
Sebastião Nery
Major Irineu de Princesa Isabel, na Paraíba, rico, pão-duro e ateu, não dava um tostão para a Igreja. A mulher pedia, o padre pedia, nada. Numa semana de muita chuva, chegaram aflitos dois empregados:
- Coronel, o açude está subindo. A água já está no respaldo.
Major Irineu começou a andar de um lado para o outro. Água no respaldo era açude em perigo. Se o açude rompesse, a fazenda estava inundada e tudo arrasado. A mulher, angustiada, pedia:
- Velho, vá ao santuário, leve um óbulo e faça uma promessa.
E ele andando e outros empregados chegando e contando que a água estava chegando ao alto da barragem. Major Irineu entrou no quarto, abriu o nicho, pegou os santos, enrolou em um cobertor, montou no seu cavalo, foi para o açude. Na barragem, de metro em metro, pôs um santo:
- Rapaziada, vocês mesmos é que sabem para onde querem ir.
A água baixou.
***
MAJOR IRINEU
Para salvar o rio São Francisco, não do excesso mas da falta de água, só indo buscar os santos do major Irineu. Antonio Conselheiro disse que o sertão ia virar mar e o mar virar sertão. Já começou. Da hidrelétrica de Xingó até a foz do rio são 208 quilômetros, separando Alagoas e Sergipe. O leito do rio já é quase todo um imenso mar de areia, bancos de areia. A 145 quilômetros da foz se pescam peixes de alto mar, como robalo.
É o avanço das águas do oceano. A ponte que liga Sergipe a Alagoas, a 45 quilômetros da foz, até há poucos anos tinha uma lamina de água de 45 a 55 metros. Hoje, qualquer um pode atravessar o rio a pé, de moto ou a cavalo. As águas do rio chegam ao mar apenas por dois pequenos canais nos lados extremos da ponte. Quem duvidar, é só ir lá ver o desastre.
***
AYRES BRITO
Já na constituinte de 46, o deputado Manoel Novaes, baiano de Pernambuco, voz de trovoada, cara grande e generosa de sertanejo, destinou 1% da receita da União para aplicação no Vale do São Francisco:
“Cometeremos um erro insanável se adiarmos por mais tempo seus problemas. As chuvas da região se tornam irregulares de ano a ano, as condições de navegabilidade pioram, as erosões das margens se alargam e obstruem o leito, a evaporação das águas aumenta”.
Tanto tempo depois, o São Francisco volta a ser o centro de um aflito debate nacional. O governo apresentou um projeto multibilionário dizendo que é para transportar uma parte de suas águas e distribuí-las por estados do Nordeste. Tudo certo, se o rio tivesse saúde. Mas o rio está cada vez mais doente. Doente não doa sangue. O bravo ministro
Carlos Ayres Brito, do Supremo Tribunal, sergipano, nascido às margens do rio, protesta:
“Promover a transposição de águas do São Francisco equivale a fazer transfusão de sangue de um doente terminal na UTI”.
***
O CRIME
E o governo quer matá-lo, a serviço dos empresários da irrigação e das grandes empreiteiras, com a desculpa de que é para levar água de beber. Tinha razão Guimarães Rosa: “A história do São Francisco tem sido a história do sofrimento de um rio que há mais de 500 anos é fonte de vida”.
Quando Américo Vespucio o descobriu, em 4 de outubro de 1501, dia de São Francisco, os índios o chamavam de “Opará, rio-mar”. E era: 3.161 quilômetros. Nos tempos das caravelas, elas paravam em pleno oceano para se abastecerem com água doce. Hoje, é o mar que avança até 150 quilômetros.
Às margens, surgiram mais de 500 municípios, com brutal desmatamento. As civilizações nasceram dos rios. O primeiro conflito registrado na história é bíblico, há 4 mil anos, está no Gênesis: entre pastores, pelo acesso à água de um poço em Berseba, na Judéia. Abrahão teve que resolver.
***
A SOLUÇÃO
O Banco Mundial se negou a financiar o projeto do governo, porque seus técnicos o consideraram “oneroso e desnecessario: com uma fração dos recursos que serão gastos no projeto (entre 10 e 15 bilhões de reais) se poderia levar água potável a todos os habitantes do semi-árido brasileiro”.
Qual então a solução? De onde viria a água? “O Nordeste já tem a maior reserva de água acumulada do mundo, em mais de 70 mil açudes e 300 mil poços (o mundo tem 300 milhões de poços, os Estados Unidos, 100 milhões). Só o Castanhão, no Ceará, acumula 37 bilhões de metros cúbicos, 15 vezes mais do que toda a Baía de Guanabara. Orós, o terceiro maior açude, até hoje não teve aproveitado nem 10% de seu potencial”.
É só interligar os açudes através de uma grande malha de adutoras, aproximadamente 20 quilômetros, obra em grande parte barata, que pode ser de plástico. O Nordeste tem, embaixo da terra, “verdadeiro mar de água doce, a maior reserva de água de subsolo do País, como informa o Projeto Radam: 135 bilhões de metros cúbicos de água lá armazenados”.
***
O LIVRO
E o governo quer gastar R$ 15 bilhões em 700 quilômetros de canais de concreto de 25 metros de largura e 5 de profundidade, e 6 barragens de captação bombeando água até 304 metros acima do nível do rio, para grandes projetos de irrigação em Pernambuco, Paraíba, Ceará e RN.
Todo esse escândalo está em um livro definitivo: “Toda a verdade sobre a transposição do Rio São Francisco” (Ed. Mauad-RJ), de 10 mestres universitários coordenados pelo ex-governador João Alves Filho.




PEDIDO DE PERDÃORedação do Momento Espíritahttp://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=3204&stat=0
Adam Riklis era um sobrevivente do Holocausto. Depois que toda sua família foi assassinada pelos nazistas e ele suportou provações difíceis, em três campos de concentração, agarrou-se mais à sua fé.
Intimamente, prometeu que ensinaria aos filhos a religião dos seus pais. Por isso, teve paciência quando seu filho de dezenove anos abandonou a faculdade, largou o emprego e disse que iria para a Índia, em busca de iluminação.
Mas, quando o filho desprezou a fé judaica, Adam não suportou e o expulsou de casa. Trocaram palavras duras e o filho viajou.
Seis anos depois, Joey, o filho, encontrou um amigo que lhe informou que seu pai morrera há dois meses. Ninguém o avisara porque ele nunca havia mandado o endereço para a família.
Joey teve um choque. Acreditou que seu pai morrera, não de um ataque do coração, mas do coração partido. E fora ele quem partira o coração do velho pai.
Resolveu tomar um avião e ir a Israel. Foi a Jerusalém, comprou um livro de orações. Imitando os movimentos dos outros, encostou a cabeça na pedra lisa do muro das lamentações e começou a orar.
De repente, viu-se a falar com seu pai: como ele desejaria poder pedir perdão. Como queria poder dizer que sempre o amou.
Olhando para o lado, observou que as pessoas escreviam pedidos em pedacinhos de papel e colocavam nas fendas do muro.
Escreveu um bilhete ao pai, pedindo perdão e começou a procurar uma fenda onde pudesse colocar sua mensagem. Foi difícil. Há tantos anos, tantos fazem isso que todos os buraquinhos do muro estavam lotados.
Finalmente, ele achou um cantinho para colocar o seu papel. Mas, quando tentou, o que conseguiu foi derrubar o papel de outra pessoa que havia deixado ali seu pedido escrito.
Ai, não. Tirei do lugar o papel de outra pessoa, pensou.
Começou a procurar um outro lugarzinho para devolver aquela mensagem. Foi então que uma grande curiosidade tomou conta dele e resolveu abrir o bilhete.
E leu o seguinte: Meu querido filho Joey. Se, por acaso, um dia você vier a Israel e vier até este muro, espero que possa encontrar este bilhete. Quero dizer que sempre o amei. Mesmo quando você me magoou, continuei amando. Eu o perdoo por tudo e espero que você também possa perdoar um velho bobo. Seu pai, Adam Riklis.
A prece de Joey acabava de ser atendida.
* * *
Não esperemos que a morte leve o ser amado para verificar que o melhor é sempre desculpar, perdoar e estar juntos.
Não deixemos o pedido de desculpas para amanhã. Não adiemos a possibilidade de abraçar, conviver, amar.
Não permitamos que desavenças geradas por palavras grosseiras, ditas em momentos de intranquilidade e desequilíbrio, nos afastem daqueles que são nossos afetos.
Se você descobrir agora que um amigo, um amor tem algo a reclamar de você, levante-se e vá ao encontro dele. Ofereça o seu abraço, o seu sorriso e recomece a desfrutar da amizade, do amor, que são alimento para o Espírito.
Redação do Momento Espírita, com base em fato do livro Pequenos milagres, de Yitta Halberstam e Judith Leventhal, ed. Sextante.
Em 26.10.2011.

* * *
 Com esta mensagem eletrônica
seguem muitas vibrações de paz e amor
para você


Estênio Negreiros
Fortaleza,CE
"As leis são como as teias de aranha; os pequenos insetos prendem-se nelas, e os grandes rasgam-nas sem custo”. (Anacaris, sábio grego, da Antiguidade)

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