quinta-feira, 27 de outubro de 2011

SELECIONADAS DO ESTÊNIO


COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO

27/10/2011 | 00:00

Sponholz

Sponholz

A Colunas nos Jornais
27/10/2011 | 00:00

TCU investiga
convênio da Viva Rio com o Esporte

A ONG Viva Rio é citada no Tribunal de Contas da União em pelo menos 14 processos sobre a 

aplicação de recursos federais. Em um dos casos mais significativos, a ONG obteve verbas públicas para assistir a 50.248 crianças, em um programa do Ministério do Esporte, mas auditores do TCU só encontraram 34 mil cadastradas.

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27/10/2011 | 00:00

Lupa olímpica

O processo 7.261/1997-7 cita irregularidades encontradas em convênio da Viva Rio nos projetos Rio Olímpico e com o Comitê Paraolímpico.

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27/10/2011 | 00:00

Não atendeu

Investigada também pelo pagamento de serviços que não teriam sido realizados, a Viva Rio não atendeu os telefonemas da coluna.

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27/10/2011 | 00:00

Nos braços de Lula

Estudante profissional que trocou a faculdade de Direito pela UNE, Orlando Silva tem vaga garantida de assessor no Instituto Cidadania.
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27/10/2011 | 00:00

Saga comunista

Cotada para o lugar de Orlando Silva, a deputada e ex-prefeita de Olinda Luciana Santos (PCdoB-PE) obteve liminar contra o bloqueio de bens por suposta fraude de R$ 7 milhões na iluminação pública da cidade. O TCU também recomendou ajustes no programa Pró-Jovem.

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27/10/2011 | 00:00

Feliz travessia

Após a ponte do Rio Negro em Manaus, ao custo de R$1 bilhão, o Amazonas poderá ter a ponte do Solimões, que custaria mais que o dobro, pela “complexidade da obra”, para interligar o interior à BR-319.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011


Desânimo e revolta nas MAVs(*).

Cabe registrar o desânimo e a revolta da militância virtual petista e comunista que acreditaram que poderiam ser mais fortes do que a imprensa livre. Apostavam que, desta vez, Dilma resistiria ao PIG (partido da imprensa golpista) e manteria o quinto corrupto. Ontem, 9 entre 10 militantes da esgotosfera bradavam pela volta de Lula e lançavam impropérios e ameaças contra a atual companheira do Planalto. Mas não foi só isso. O blogueiro Ricardo Kotscho, que foi quem transmitiu nas entrelinhas do seu blog o recado de Lula de que ele havia abandonado Orlando Silva, exigindo a demissão do ministro, também passou a ser escorraçado. Até mesmo Mino Carta e a sua revista movida a capital público caíram em desgraça. O melhor de tudo: as ratazanas da esgotosfera já estão apostando que o ministro Fernando Haddad será o próximo alvo da "mídia golpista". Com a terceira fraude no ENEM, confirmada ontem, eles estão cobertos de razão. 

Alguns comentários para o nosso orgulho, diversão e deleite: 

Estou muito decepcionado com a frouxidão do governo Dilma. A direita está matando o governo e ele não faz nada para se preparar contra o golpe em andamento, só faz deprimir e brochar a militância e simpatizantes.Tristeza!

Está na hora da Dilma voltar a ser guerrilheira, pior que a midia cria inferno com coisa boba, sem prova e fica por isso mesmo.

A presidência hoje pertence de fato a Revista Veja, a Dilma assinou atestado de poste hoje e sua opinião e aquilo que o gato enterra hoje estão valendo a mesma coisa..Dilma realmente não é e nunca chegará aos pés de Lula (que acho que não terá um sono tranquilo esta noite)…

Enquanto isso ela janta com FHC. Após o café da manhã com Ana Maria Braga. Não vai ganhar um voto da classe média  e já perdeu a militância.Fim de governo melancólico.

Não sei para que serve uma maioria no Congresso em um governo de covardes. Este pessoal morre de medo de enfrentar a máfia-midiática.

Revolta! Dilma, votei em você para enfrentar eles e não jantar com eles.

É preciso a presidenta fazer uma regressão e reviver os seus grandes momentos de resistência nos porões da ditadura. Vá lá buscar as suas energia esquecidas e enfrente esses bandidos midiáticos. Presidenta, apenas dê o primeiro sinal, e o resto deixe para nós que a senhora não se arrependerá.

(*) Milícias para Ataques Virtuais 

O pior é que ainda sobraram vários.

Quantos ministros ainda poderiam cair pelos mesmos motivos que já derrubaram cinco integrantes do governo petista? Não poderia cair aquele ministro do Trabalho que teve os mesmos problemas ao liberar recursos para ONGS irregulares realizarem cursinhos fajutos de capacitação para a Copa do Mundo? Não poderia cair aquele ministro das Cidades acusado de pagar mensalinho para os deputados do seu partido, com o apoio de empreiteiros? Não poderia cair a ministra da Cultura que recebia diárias para passar os finais de semana em sua casa, no Rio de Janeiro? Abaixo, para recortar e guardar, uma montagem de O Globo, mostrando os cinco ministros que já caíram por corrupção. Ocupa cerca de meia página. Se fosse para colocar todos os ministros que merecem o mesmo destino seria necessário fazer um encarte. Clique para ampliar e ler.

Postado por O EDITOR às 07:23:00 


Briga com a FIFA é cortina de fumaça para encobrir a roubalheira da Copa.

O jogo de cena de brigar com a FIFA, armando um clima de conflito baseado em defesa da soberania, é para mascarar as obras atrasadas, o superfaturamento, a corrupção no ministério do Esporte, a falta de planejamento e a roubalheira que começa a aparecer com o aumento dos orçamentos para a Copa do Mundo. Meia entrada, venda de bebidas alcoólicas, restrições à propaganda e outras besteiras são factóides perto dos bilhões que serão gastos para atender interesses de prefeitos, governadores, presidentes de clubes, empreiteiros e outros personagens que são muito piores do que Ricardo Teixeira. Imaginem o que acontecerá em Brasília, a cidade que terá mais jogos da Copa, sendo comandada por um petista investigado pelo STJ por fraudes e falcatruas justamente na sua gestão no ministério do Esporte. Dilma e sua turma estão usando a briguinha com a FIFA como cortina de fumaça para encobrir o pior: a explosão dos gastos públicos com a competição, que já pensa em usar até mesmo o FGTS do trabalhador para pagar campo de futebol. Clique na imagem abaixo para ampliar e ler editorial do Estadão.




Septicemia corruptante.

É septicemia. O ministério do Esporte foi atacado pelo vírus da corrupção que se espalhou de forma generalizada. Não escapa um!

Apontado como ministro interino do Esporte após a demissão de Orlando Silva, o secretário executivo da pasta, Waldemar Souza, assinou convênios com organizações não governamentais suspeitas de irregularidades.Filiado ao PC do B do Rio de Janeiro, Souza foi quem firmou o contrato de R$ 6,2 milhões com um sindicato de cartolas do futebol para um projeto da Copa do Mundo de 2014, conforme revelou reportagem do Estado publicada em agosto. Waldemar Souza faz parte da tropa do PC do B dentro do ministério. É homem de confiança do ministro Orlando Silva. Passa pelo crivo dele os principais contratos do Ministério do Esporte. Em suas entrevistas, o delator do esquema que derrubou Orlando, João Dias Ferreira, também inclui o nome de Waldemar. O nome do secretário executivo aparece, por exemplo, na prorrogação de um convênio do Programa Segundo Tempo no valor de R$ 911 mil com o Instituto de Desenvolvimento da Criança e do Adolescente (Idec), da cidade de Novo Gama (GO). Leia mais aqui
10 comentários
 


Uma grande brasileira demitiu Orlando Silva: a ministra Carmen Lúcia.

Segundo Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência da República, a abertura de inquérito no STF foi o fato decisivo e determinante para a demissão do ministro do Esporte, Orlando Silva. Obrigado, ministra Carmen Lúcia,  por ter demitido o suspeito. Se dependesse da Dilma...


Enviado por Ricardo Noblat 
27.10.2011
| 8h03m

Política

Caso PCdoB põe fisiologismo em xeque (Editorial)

O Globo
Seis mudanças de primeiro escalão em dez meses de governo têm dimensão de reforma ministerial. Com as exceções de Antonio Palocci — desvio ético — e Nelson Jobim — incompatibilidade de gênios —, os quatro restantes, com a defenestração ontem de Orlando Silva, do Esporte, foram abatidos por evidências de corrupção no entorno e dentro dos próprios gabinetes.
É provável que retorne a discussão sobre se Dilma voltou a usar a vassoura da “faxina”, que tanto melhorou sua avaliação no eleitorado de oposição no Sul/Sudeste. Este debate ao menos já delimitou alguns pontos: a presidente herdou uma equipe montada pelo mentor, Lula, e, se procura não compactuar com “mal feitos”, tem limites.
Afinal, não pode desmontar parte da sua base parlamentar, construída no toma lá dá cá praticado como poucas vezes se viu em Brasília.
Conta ponto a favor da presidente, como no caso dos ministérios dos Transportes (Alfredo Nascimento/PR), Agricultura (Wagner Rossi/PMDB) e Turismo (Pedro Novais/PMDB), o fato de reagir às evidências de que o ministro usava o cargo para irrigar a legenda de dinheiro público e/ou enriquecer correligionários.
Tem comportamento oposto ao de Lula, que, em nome do correto princípio da presunção da inocência, fechava os olhos a atos hediondos de corrupção.



TRIBUNA DA INTERNET, quinta-feira, 27 de outubro de 2011 | 04:15
Carlos Newton
A blindagem do ministro do Esporte, Orlando Silva, determinada sexta-feira passada pelo ex-presidente Lula e acatada pela presidente Dilma Rousseff, representou um dos maiores erros de avaliação política dos últimos tempos, por dois motivos: primeiro, porque prejudicou o governo Lula Rouseff interna e externamente, em função da Copa do Mundo; e segundo, porque não adiantou nada e o ministro acabou tendo de ser demitido.
O golpe fatal em Orlando Silva já tinha sido dado pela ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao abrir inquérito para apurar a participação do ministro nas fraudes do Programa Segundo Tempo, que tinha como objetivo incentivar a prática esportiva entre jovens e crianças.
Como se sabe, a ministra deu dez dias de prazo para que o Tribunal de Contas da União e a Controladoria Geral da União enviem cópias de procedimentos abertos para investigar as irregularidades nos contratos do programa. Além disso, exigiu do Ministério do Esporte cópias de procedimentos abertos para apurar contratos com a Federação Brasiliense de Kung Fu (Febrak), a Associação João Dias de Kung Fu, o Instituto Contato e a ONG Bola pra Frente.
No mesmo despacho, a ministra Carmem Lúcia pediu ao Ministério cópia de todos os convênios firmados no Programa Segundo Tempo, com o nome do responsável, as cifras transferidas e a situação da prestação de contas. Por fim, a relatora também pediu que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) envie ao Supremo o inquérito já aberto contra Orlando Silva e seu antecessor no Ministério, Agnelo Queiroz, que atualmente é governador do Distrito Federal.
De posse dos dois inquéritos, a ministra então poderá examinar se é o caso de unir as apurações num só processo, com sugeriu o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ao pedir a abertura do inquérito no Supremo, em ofício enviado sexta-feira passada solicitando investigação contra Agnelo Queiroz e Orlando Silva. O documento de Gurgel tem seis páginas e traz, em anexo, representações, inquéritos policiais e reportagens veiculadas na imprensa sobre o assunto.
“Embora o procurador-geral da República ainda não tenha tido acesso aos autos do referido inquérito (que já tramitava no STJ), os elementos que instruem as representações apontam no sentido de que o Programa Segundo Tempo seria utilizado para desviar recursos para o PCdoB, partido ao qual Orlando Silva é filiado. Agnelo Queiroz foi filiado ao PCdoB até 9 de julho de 2008″, assinalou Gurgel na representação, acrescentando:
“Há fortes indícios de irregularidades na execução do Programa Segundo Tempo do Ministério do Esporte, cujos recursos seriam desviados em proveito de integrantes do PCdoB, entre os quais, supostamente, o ministro Orlando Silva e o governador Agnelo Queiroz”.
Como se diz no linguajar da malandragem em relação ao jogo-do-bicho, com as decisões do procurador-geral e da ministra do Supremo, Orlando Silva e Agnelo Queiroz ficaram “cercados pelos sete lados”. A demissão do ministro, portanto, era simples questão de tempo. Deveria ter saído logo. Doeria menos e o governo Lula Rousseff não ficaria sendo desmoralizado, dia após dia.
Quanto ao governador Agnelo Queiroz, vai penar prolongamente e pode sofrer impeachment. Conforme este Blog da Tribuna já publicou há mais de um ano, Queiroz decididamente não é um cidadão acima de qualquer suspeita. Pelo contrário, enriqueceu espetacularmente nos últimos anos, embora fosse um simples funcionário público, antes de assumir o ministério.
De todo o lamentável episódio, resta uma lição para o ex-presidente Lula, que se intrometeu diretamente nos cinco casos de corrupção atingindo ministros: Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Silva (Esporte).
Se Lula não tivesse se metido, sexta-feira passada, mandando Orlando Silva continuar no cargo e o PCdoB resistir à pressão, teria poupado a presidente Dilma Rousseff de mais esse constrangimento. O ministro teria pedido demissão semana passada e o assunto não teria rendido tanto. Mas Lula parece ter perdido o senso de medida e ainda pensa que está na Presidência.



-CARIDADE E BENEFICÊNCIA-
Por José Estênio Gomes Negreiros


“(...) Mas quando fizerdes um festim, convidai para ele os pobres, os estropiados, os coxos e os cegos; e estareis felizes porque não terão meios para vo-lo retribuir; porque isso vos será retribuído na ressurreição dos justos.” (Lucas-XIV, 12-15).

Charles-François “Bem-Vindo” Myriel, Bispo de Digne, pequena localidade da antiga França, é uma das personagens do majestoso livro , de Victor Hugo. Em 1815 era ele um venerável ancião de setenta e cinco anos. Havia sido nomeado bispo por interferência direta de Napoleão – antes fora pároco da igreja de Brignolles A curiosa circunstância da sua nomeação deveu-se a um encontro casual de Myriel com o Imperador, em Paris, em 1804, quando aguardava uma audiência com o Cardeal Fesch, tio de Napoleão. Na antessala, vendo que o Bispo o olhava curiosamente, perguntou Napoleão a um de seus oficiais:
  - Quem é aquele pobre velho que tanto olha para mim?
  Ouvindo a interrogação, o velho padre respondeu diretamente ao Imperador:
  - Senhor, Vossa Majestade olha para um pobre velho; eu olho para um grande homem. Ambos podemos aproveitar.
  Decorridos poucos dias desse rápido diálogo, Myriel foi nomeado Bispo de Digne, onde, tempos depois, passou a ser conhecido simplesmente por Monsenhor Bem-Vindo, em razão das suas atitudes de desprendimento das coisas materiais e da dedicação ao amparo dos mais pobres e desvalidos naqueles tempos de graves dificuldades políticas e econômicas que a França atravessava.
  Por aquela época havia em Digne um acanhado e miserável hospital de um único andar, enquanto o paço episcopal era uma bela construção de pedra de cantaria em que tudo respirava grandeza. Três dias depois de sua posse, Monsenhor Bem Vindo visitava o hospital que, naquele momento, abrigava vinte e seis doentes. Em conversa com o diretor, que o pôs a par das grandes dificuldades daquele nosocômio, assim lhe falou:
  - Aqui há engano. Os senhores são vinte e seis pessoas, em cinco ou seis quartos, enquanto nós na casa paroquial somos três ocupando um lugar que chega para sessenta.
  No dia seguinte mudou-se com sua irmã e uma criada que com ele moravam, para o hospital, transformando-o na casa paroquial, e transferiu o hospital para o palácio do Bispo.
  Deva-se dizer que aquele Bispo nada recebia de sua família que fora arruinada pela revolução. Sua irmã, Baptistine, recebia uma pensão vitalícia de quinhentos francos. Era desse salário que basicamente viviam os três habitantes da casa paroquial.
  Como bispo, Myriel recebia do Estado uma dotação de quinze mil francos. No mesmo dia em que passou a residir na casa que antes fora o hospital, fez uma lista que denominou , na qual distribuía toda a verba a que tinha direito, entre o seminário, as congregações missionárias, os lazaristas, os estabelecimentos religiosos, a associação para socorro dos presos e da melhora das condições das prisões, entre outras instituições, reservando apenas mil libras para o que chamou de . Estas disposições prevaleceram inalteradas até o fim do seu episcopado.
  A Câmara de Digne assinalou a Monsenhor Bem-Vindo um subsídio anual de três mil francos destinado a . Logo que recebeu tal determinação, escreveu uma relação que entregou à sua irmã e administradora da casa, com a seguinte determinação:
 - Dinheiro para carruagem e visitas ao Bispado-

Para dar caldo de carne aos doentes do hospital........................... 1.500 libras
Para a Sociedade de Caridade Maternal de Aix............................... 250 libras
Para a Sociedade de Caridade Maternal de Draguignan.................. 250 libras
Para os enjeitados............................................................................. 500 libras
Para os órfãos.................................................................................... 500 libras
Total................................................................................................ 3.000 libras
  Os serviços prestados por ele aos mais abastados, tais como dispensa de proclamas, casamentos, benzeduras de igrejas, etc., o Bispo cobrava-lhes severamente para facilmente distribuir tais rendimentos com os pobres. Como dava tudo o que recebia aos necessitados e indigentes, estava sempre desprovido de dinheiro. No dizer de Victor Hugo “era como um pouco de orvalho em terra seca”. Bondoso e afável, nos seus sermões, tal qual Jesus Cristo, ia sempre buscar os exemplos que aconselhava serem seguidos pelo seu rebanho, nos bons procedimentos dos próprios habitantes da sua diocese.
  Conversava alegremente com todos. Sua criada, Magloire, chamava-o de . Certa vez, quando não alcançava um livro que buscava em sua biblioteca, a ela dirigiu-se nestes termos:
  - Sra. Magloire, traga-me uma cadeira que “a minha grandeza” não chega àquela prateleira!
  Como não se achava no direito de julgar ou condenar quem quer que fosse, limitava-se a dizer a quem lhe consultava sobre os procedimentos ou ações infelizes cometidas por alguém:
  - Examinemos o caminho que seguiu a culpa.
  Mesmo se apelidando, com o seu constante bom humor, de um “ex-pecador”, não era rigoroso no que diz respeito às virtudes que os homens devem cultivar. Eis em que se constituía a sua doutrina:  “O homem tem sobre si a carne, que é a eterna carga que arrasta, a constante tentação a que cede.
  O seu dever é vigiá-la, contê-la, reprimi-la e só lhe obedecer em caso de extrema necessidade. Essa obediência pode ser um pecado, mas o pecado assim cometido é venial. É cair, mas cair de joelhos, sendo por isso queda que pode acabar em prece.
  Ser santo é exceção; a regra é ser justo. Errem, caiam em tentação, pequem, mas sejam justos.
  Pecar o menos possível é obrigação de todo homem; não pecar absolutamente é aspirar a anjo. Tudo o que é terrestre está sujeito ao pecado. O pecado é uma gravitação.”

Tolerava indulgentemente as mulheres e as pessoas pobres, sobre quem, naqueles recuados tempos, sempre recaíam as condenações e as culpas de todos os males que afligiam a sociedade de então, contaminada pelo orgulho e pelo preconceito. Sobre isso, assim dizia: “As culpas das mulheres, dos filhos, dos criados, dos fracos, dos indigentes e dos ignorantes são culpas dos maridos, dos pais, dos patrões, dos fortes, dos ricos e dos sábios!”
  Perdoava incondicionalmente as ofensas, como por exemplo, no caso do roubo de uma cesta cheia de prataria, subtraída da casa paroquial por Jean Valjean, personagem central de , e a quem havia acolhido em sua casa quando aquele pobre homem vagava pelas ruas de Digne, desamparado, sem destino, com fome e com frio, após amargar longos dezenove anos numa prisão de Toulon, como sentenciado das galés, e da qual fora libertado poucos dias antes. Sua condenação inicial se dera por haver quebrado uma vidraça e furtado um pão de uma padaria para mitigar a fome da família. As outras sentenças posteriores lhe foram impostas por seguidas tentativas de fuga.
  Na noite em que foi acolhido pelo Bispo, Jean Valjean contou-lhe a sua triste trajetória, dizendo-lhe ao final da narração:
  - Senhor abade, o senhor é muito bom e por isso não me despreza. Recolhe-me em sua casa. Manda acender os seus castiçais ricos por meu respeito. Porém eu já lhe disse de onde venho e lhe contei a minha desgraça.
  O Bispo respondeu-lhe:
  - Podia ter deixado de me dizer quem era. Esta casa não é minha, é de Jesus Cristo. Aquela porta não pergunta a quem entra se tem nome, mas se tem alguma amargura. O senhor sofre; tem fome e sede; bem-vindo seja! Não me agradeça por isso, não diga que o recebo em minha casa. O dono desta casa não sou eu, é todo aquele que carece de asilo. Tudo quando há nesta casa lhe pertence. Que precisão tenho eu de saber o seu nome? Quanto mais, antes de me dizer, eu já sabia o nome que lhe havia de dar.
  - O senhor já sabia como eu me chamo? Indagou Valjean.
  - Sabia – respondeu Bem-Vindo; – chama-se meu irmão!
  Naquela mesma noite Jean Valjean sairia furtivamente levando toda a prataria da casa do sacerdote. Descoberto e preso confessou o roubo. A prisão significava para ele uma nova condenação e o retorno às galés, haja vista que se achava sob liberdade condicional. A polícia o trouxe à presença do Bispo. Quando viu a cena, o preso amarrado e escoltado, Bem-Vindo –, que já sabia do que se tratava, pois o roubo havia sido descoberto logo cedo pela criada Magloire – dirigiu-se assim a Jean Valjean:
  - Ah! Então voltou? Estimo muito vê-lo. Mas agora me lembro: eu também lhe dei os castiçais, que são de prata, como o resto, e com que pode obter duzentos francos ou mais. Por que não o levou juntamente com os talheres?
  Entregou os castiçais a Valjean, que nada entendera, dispensou os policiais e em seguida segredou-lhe:
  - Não se esqueça, não se esqueça nunca de que me prometeu empregar este dinheiro em se tornar um homem honesto.
  Valjean ficou sem saber o que dizer, mesmo porque não prometera nada.
  E o Bispo arrematou:

- Jean Valjean, meu irmão, lembre-se de que já não pertence ao mal, mas sim ao bem. É a sua alma que acabo de comprar-lhe; furto-a aos maus pensamentos e ao espírito de perdição para a dar a Deus.
  Jean Valjean nunca mais se desfaria dos castiçais nem esqueceria aqueles conselhos. O resto da história, o leitor que ainda não a conhece saberá lendo .
  Charles-François “Bem-Vindo” Myriel foi, sem dúvida, o modelo de um santo. Seus exemplos de bondade e suas lições espelhadas nos ensinamentos de Jesus não se resumem nestes trechos acima citados. Existem muitos outros no capítulo que Victor Hugo lhe dedica. Praticou a caridade e a beneficência puras na sua plenitude, conforme nos é ensinado através das comunicações mediúnicas feitas pelos Benfeitores Espirituais e constantes no capítulo XIII do , de Allan Kardec.

-Fim-


Obras consultadas:
Livro , de Victor Hugo.
Livro , de Allan Kardec.






Estênio Negreiros

Fortaleza,CE
"As leis são como as teias de aranha; os pequenos insetos prendem-se nelas, e os grandes rasgam-nas sem custo”. (Anacaris, sábio grego, da Antiguidade)

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