domingo, 4 de setembro de 2011

INFELIZMENTE AINDA ACONTECEM

Repasso, solidário com a dor e o sofrimento dessa família. Aos(as) amigos(as) de Nova Russas,CE, lembro situação semelhante por que passa a jovem Carina, dileta filha  do casal Rosa Cândida/Paulo Afonso. Uma visita, um telefonema de conforto que seja, ao casal, as preces em seu favor, serão, sem dúvida, um importante apoio moral  para eles.


---------- Mensagem encaminhada ----------
De:
Data: 4 de setembro de 2011 12:54
Assunto: Conforme o site do TJCE tal processo nunca foi sequer julgado em 1ª instância!
Para:


17 anos de silêncio e dor

Há 17 anos, uma garota perdeu a juventude. Desde então, vegeta numa cama de hospital improvisada no quarto de casa. Os dias se repetem e um silêncio sepulcral incomoda pai e mãe

03.09.2011| 17:00












  Carinho entre pai e filha: há 17 anos Flávia sobrevive em uma cama de hospital em casa (EDIMAR SOARES)


Os dias são iguais há 17 anos. Os olhos abrem antes de o sol nascer, duas moças entram em a casa e o mingau é dado. Aí vem suco, almoço, remédio, lanche, mais remédio e jantar. Logística repetida a cada três horas. No quarto, Flávia vegeta. Prostrada numa cama de hospital improvisada, ela não fala, não ouve, não anda, não mastiga. Apenas respira e engole o que lhe põem na garganta com uma seringa.


Sem fisioterapia, os membros atrofiam. E os pais suspeitam que sequer enxergue. “Estamos privados de qualquer lazer. Mas prefiro pensar que estou passando por algo que preciso para ser uma pessoa melhor”, diz Archimedes Fortes Avelino, 70.


Em 9 de setembro de 1994, Flávia Maria Prata Avelino entrou numa sala de cirurgia para uma simples retirada de cartuchos do nariz. À época, tinha 20 anos. Saiu do hospital em coma. Foi quando o tempo congelou. Para ela e todos ao redor. Lembranças de uma tragédia que completa 6.205 dias na próxima sexta-feira. “A dor é a mesma. Pode passar 20, 30 anos que a dor será a mesma. Mas só sabe quem sente. Não adianta falar”, frisa Márcia Maria Prata Avelino, 65.


O pai, um professor realizado, viu desabar o prédio recém-construído da vida. Os três filhos já estavam crescidos e ele acabara de ingressar com Flávia na universidade. Cursavam engenharia elétrica na UFC. Estavam no segundo ano quando tudo aconteceu. “Na sala, ela ficava na frente e eu atrás. Me achava brincalhão demais e queria que eu fosse mais sério”, recorda.


Ele ainda tentou tocar os estudos, continuar lecionando e fazer doutorado em física. Mas a primogênita requeria atenção integral. Principalmente porque os amigos minguaram. Agora, o homem com nome do criador de diversas armas militares tem a biblioteca de casa como companheira.


Chega a dormir nela muitas vezes. Sob a vigília da foto de Flávia pequenina. “Eu imaginava que, nessa idade, íamos viver viajando...que eu ainda teria a vida principesca de antigamente. Mas vivemos numa prisão”, lamenta o pai.


Indenização

O processo reivindicando R$ 500 mil de indenização ao dono da clínica onde Flávia sofreu a parada cardiorrespiratória durante a cirurgia e não recebeu socorro a tempo de ficar sem sequelas ainda corre na justiça. “São 17 anos de constrangimento moral; de um silêncio sepulcral. E o que mais dói é o silêncio”, remói o professor.


Enquanto o caso não tem um desfecho judicial, a família se desfaz num pedido que corta a própria carne. “Todo santo dia, peço a Deus para levar ela primeiro do que a gente”, diz Archimedes.


A ponderação vem do coração de mãe, sempre esperançoso. Sempre fiel. “Ela era muito forte. Era tão viva...tão vaidosa...tão inteligente. Se eu pudesse falar com Deus e pedir para trocar de lugar com ela, pediria. Porque eu já vivi muito e ela era cheia de sonhos. Mas não posso”, diz Márcia.



E agora


ENTENDA A NOTÍCIA


Os pais descartam qualquer possibilidade de interromper o tratamento de Flávia. Archimedes e Márcia dizem que se sentiria culpado pela morte da filha. Preferem esperar que ela, hoje aos 37 anos, se vá de forma natural.



SAIBA MAIS


O POVO acompanha o caso de Flávia Avelino desde a década de 90, tão logo ela entrou em estado vegetativo.

Flávia chegou a passar 42 dias no hospital. Depois disso, ficou seis meses alimentando-se exclusivamente por sonda. Desde então, a comida é injetada na garganta por uma seringa. Por dia, Flávia utiliza 12 fraldas descartáveis.

Os pais suspenderam as sessões de fisioterapia que evitariam o atrofiamento dos membros da moça por conta do preço do serviço. Anualmente, eles já chegam a gastar R$ 30 mil.
 
O caso Flávia é similar ao de Theresa Marie Schindler-Schiavo, mais conhecida como Terri Schiavo. A norte-americana sofreu um ataque cardíaco que gerou uma lesão cerebral irreversível por conta de falta de oxigenação.

Ela tinha 27 anos. Morreu aos 42, após duas semanas sem comer e beber nada. O tubo de alimentação foi retirado a pedido do marido, Michael Schiavo. Por isso, Terry tornou-se um ícone da discussão em torno da eutanásia.



Bruno de Castro
brunobrito@opovo.com.br


Enviado por Estênio Negreiros

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