O passado condena
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Merval Pereira, O Globo
A influência do deputado Valdemar Costa Neto nos governos petistas vem desde 2002, quando ainda era o líder do Partido Liberal (PL), partido que formou a chapa com Lula na eleição de 2002 depois de uma tenebrosa transação que resultou
em R$ 10 milhões pagos com dinheiro do caixa dois.
Ficou célebre a descrição da cena que permitiu anunciar, na undécima hora, a escolha de José Alencar para vice de Lula.
Os dois ficaram conversando na sala de um apartamento enquanto no quarto Valdemar Costa Neto e José Dirceu acertavam os últimos "detalhes" do acordo.
Depois de toda a crise política desencadeada pelas denúncias do ex-deputado Roberto Jefferson em 2005, que revelaram a existência de um mensalão que pagava os votos da base aliada, o partido decidiu com alarido ir para a oposição, comandado pelo seu presidente, o inefável Valdemar Costa Neto, que, envolvido até o pescoço com o mensalão, teve que renunciar para não perder o mandato pela cassação em plenário.
O vice-presidente José Alencar saiu do partido para poder continuar fiel ao governo do presidente Lula, mas o PL voltou à base do governo com mais poder do que antes, agora transformado em PR, uma nova sigla com os mesmos velhos hábitos políticos.
Alfredo Nascimento está no Ministério dos Transportes desde 2004, primeiro pelo PL, depois pelo PR, sempre a convite pessoal do presidente Lula, que foi quem o indicou para o Ministério de Dilma.
Vai agora ficar sangrando publicamente, sem que a presidente Dilma tenha condições políticas de demiti-lo, mas exposto à opinião pública até cair de podre.
É claro que várias denúncias novas devem surgir no rastro desses escândalos iniciais. Pelo menos esse parece ser o desejo oculto da presidente, que, como chefe da Casa Civil, já tivera vários desentendimentos com o ministro Alfredo Nascimento justamente por questões ligadas a superfaturamento de obras.
A própria presidente teria dito que o Ministério dos Transportes está "descontrolado" e cobrou explicações.
E por que faltam poderes políticos a Dilma para demitir Nascimento? Primeiro porque seu partido tem uma bancada de 40 deputados federais e cinco senadores, sendo, portanto, parte importante da base aliada.
E, depois, há uma razão mais prosaica, digamos assim. O suplente do ministro Nascimento é o petista João Pedro, amigo de pescaria de Lula.
(continua)
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