terça-feira, 7 de junho de 2011

BRASILEIRAS E BRASILEIROS! - Jornalista Scarcela Jorge


Nobres: Passou quase despercebida pela sociedade brasileira diante dos permanentes escândalos de ordem financeira protagonizados pelos políticos, vieram à tona, os de desordem moral, cultural, gramatical e intelectual na tentativa de açambarcar também a nossa história do Brasil, como foi o lamentável caso do Senado Federal ocorrido recentemente suscitando indignação a frase que o 

presidente do Senado José Sarney proferiu: - “Talvez esse episódio seja apenas um acidente que não deveria ter acontecido na História do Brasil”. - Por outro lado, tornou-se eloqüência os “acidentes” ditos por eles os políticos, maquiavélicos, inteligentes e por excelência fazem o uso da desonestidade – se utilizam o direito da - inocência presumida - que é, na prática, uma excrescência – ‘será sempre o manto da impunidade’ – nesta questão; jamais alcançará o seu julgo. Na luz da transparência todos nós sabemos a clarividência dos fatos. Vide: Palocci; José Roberto Arruda; Roriz; Esteves; Barbalho; Maluf  tantos e outros que se nominarmos desfilaria uma imensa lista de zombadores na justiça e os pobres contribuintes da nação – o povo brasileiro, pelo poder potencial de mando que ostentam fielmente na República. O presidente do Senado, sustentou a exclusão do impeachment do ex presidente Collor de Melo da história recente do Brasil. Com seu defectivo sapato lustrado, cuja origem remonta ao suado bolso do tolo contribuinte brasileiro, o imortal literato maranhense esfregou na cara do país a impar capacidade de nossa classe política em compreender o poder e o valor da democracia e de como, e de mãos equivocadas, podem ser frágeis as linhas que nos chancelam enquanto nação. Quando o presidente do Senado decide manipular a história e extrair de suas páginas o último movimento político popular de grande monta, estamos diante não apenas de um desdenho institucional, mas na tentativa torpe de macular um tempo, de apagar páginas históricas que não podem – e não devem – ser esquecidas. José Sarney afronta a dignidade, a honra e o orgulho do povo brasileiro. São indeléveis da história do país os milhões de jovens com suas caras pintadas que invadiram as ruas e exigiram que o então presidente da República, acusado de alta corrupção, fosse de fenestrado de sua cadeira no Palácio do Planalto. Revoga-se qualquer disposição em contrário, ainda que vinda de um presidente-coronel, comandante de uma nau de néscios engravatados – esses sim, cada dia mais desprezíveis. Alguns podem até imaginar que há muito barulho por nada na questão. Mas a decisão de extrair os paneis e os textos que relatam o processo de impeachment de Collor da exposição histórica no chamado “Túnel do Tempo” do Senado Federal é emblemática quanto a expectativa de sobrevivência e aniquilação cultural que a classe política dispõe à sociedade. Vide a recente querela dos erráticos livros didáticos do Ministério da Educação e a posterior citação de seu ministro – que conseguiu a proeza inversa de tentar justificar os genocídios de Stalim – e temos um extraordinário dos tipos sui generes a quem as “canetas” são concedidas neste país. E quantos mais ainda serão “tiriricas” ou “severinos”? Mas como é possível um senador ter tanto poder? Fernando Henrique Cardoso abraçou José Sarney em seu governo. Lula beijou a mão do agora amapaense coronel Ludovico. Dilma Rousseff fez e faz questão de estruturar seu governo no campo gravitacional do mais poderoso político nacional. O que podemos concluir disso? O sistema político no Brasil é tão atípico e insano que a um homem capaz de destrocar seu estado natal por décadas e figurar como um dos piores presidentes da República, ainda é dado o poder de pisar, desdenhar e enodoar a história do Brasil, mantendo uma espécie de soberania capaz de transformar mandatários em títeres e seus pares em patetas desprezíveis. José Sarney é apenas o principal expoente vivo dessa linhagem política envelhecida. Um homem com poderes quase sobre-humanos e cujo chão onde pisa é diariamente lambido e chafurdado pela vara bem vestida que o segue, contempla e reverencia. O inacreditável – e inabalável, diga-se de passagem – poder que lhe é outorgado obriga-nos a revisitar com constância nossa própria história na tentativa de encontrar quais pecados absurdos que cometemos e que nos façam merecer tamanho degredo e punição. A de se constar que a nossa República ainda é um feudo e de que nossos notáveis “senhores” não conseguem – e não querem – nos admitir como cidadãos. A manutenção plena e absoluta de Sarney, esse ser político inamovível, faz nos lançar dúvidas sobre a nossa compreensão do que seja administração de um Estado democrático. Fossemos realmente um país sério e politicamente engajado, a escória da sociedade não estaria em Brasília disfarçada sob togas ou recendo auxílios- paletó. Fôssemos de fato, uma democracia consolidada e inteligente, já teríamos banido esses coronéis constitucionais a Praça Três Poderes já teria deixado de ser uma capitania hereditária talhada de mármore e concreto. Mas, ao que tudo indica, a narrativa brasileira insiste em sustentar-se em uma história sarneysista. Triste assim: É O BRASIL, das “BRASILEIRAS E BRASILEIROS”.
                                  Antônio Scarcela Jorge

Nenhum comentário:

Postar um comentário