quarta-feira, 16 de março de 2011

UMA CENA DE COMUNHÃO NUMA IGREJA CATÓLICA

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              A liturgia anunciou o início da cerimônia, mas, com grande assombro para mim, o sacerdote e os acólitos, não obstante se dirigirem para o campo de luz do altar-mor, envergando soberba vestimenta, jaziam em sombras, sucedendo o mesmo aos assistentes. Entretanto, procedendo de mais alto, três entidades de sublime posição hierárquica se fizeram visíveis à santa mesa, com o evidente propósito de ali semearem os benefícios divinos. Magnetizaram as àguas expostas, saturando-as de princípios salutares e vitalizantes, como acontece nas sessões de Espiritismo Cristão, e, em seguida, passaram a fluidificar as hóstias, transmitindo-lhes energias sagradas à fina contextura.
                                                             ( ... )
 
             Mas, surpreendido, reparei que o sacerdote, ao erguer a oferta sublime, apagou a luz que a revestia com os raios cinzento-escuros que ele próprio expedia em todas as direções. logo após, quando se preparou a distribuir o alimento eucarístico entre os onze comungantes que se prosternavam humildes ( ... ) notei que as hóstias irradiavam luz com tanta força que o magnetismo obscuro das mãos do sacerdote não conseguia inutizá-las. Todavia, à frente da boca que se dispunha a receber o pão simbólico, enegreciam como por encanto. Somente uma senhora, ainda jovem, cuja contrição era irrepreensível, recolheu a flor divina com a pureza desejável. Vi a hóstia, qual foco de fluidos luminescentes, atravessar a faringe, alojando-se-lhe a claridade em pleno coração.
 
             Intrigado, procurei ouvir o Instrutor que muito ponderado, elucidou sem delonga:
 
             Aprendeste a lição ? O celebrante, apesar de consagrado para o culto, é ateu e gozador dos sentidos ( ... ) Quanto aos que compareceram à mesa da eucaristia, cheios de sentimentos rasteiros e sombrios, eles mesmos se incumbem de anular as dádivas celestes, antes que lhes tragam benefícios imerecidos. Temos aqui grande quantidade de crentes titulares, mas muito poucos amigos do Cristo e servidores do bem.
 
             O ite, missa est dispersou os fiéis que, ao fim da reunião, mais se assemelhavam a barulhento bando de passarinhos de bela plumagem.
 
    Extraído do livro LIBERTAÇÃO, de Chico Xavier/André Luis e adaptado por José Matos - DF

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