A Folha de amanhã traz a primeira pesquisa Datafolha do segundo turno. O resultado deve ser conhecido no fim da tarde ou início da noite deste sábado, quando o jornal começa a chegar às bancas. Os institutos — o Datafolha menos; quase chegou lá na reta finalíssima — não vivem um momento feliz. Nenhum deles acertou todos os números da eleição presidencial no primeiro turno, mesmo considerando as margens de erro. O Ibope naufragou até na boca de urna. Especialistas dizem que o método adotado, o de amostragem por cotas, constitui um problema insanável. Pode ser. De todo modo, os problemas do primeiro turno foram muito além da questão técnica.
Errando ou acertando, as pesquisas continuam a ser uma referência importante do meio político, ainda que sua reputação esteja bastante arranhada pela presença de pistoleiros de aluguel na atividade. O Datafolha pode errar, sim, como errou, mas acho que se esforça para acertar. Há bandidos vendendo “o erro”. Agora falemos um pouco de números.
O Datafolha fez uma simulação de segundo turno um dia antes da eleição: a petista Dilma Rousseff aparecia com 52% das intenções de voto, e o tucano José Serra, com 40%: uma diferença de 12 pontos. Aquele levantamento foi realizado no sábado; o de agora, ontem e anteontem, quatro ou cinco dias depois. Serra terá motivos para saudar qualquer eventual diminuição dessa diferença, e Dilma, nessa hipótese, para se preocupar. Num segundo turno, 12 pontos significam, na verdade, seis; oito querem dizer quatro. A razão é simples: quase sempre um ganha o voto que o outro perde; dificilmente o eleitor migra para o branco ou nulo.
A vontade de palpitar é grande — vocês sabem que sou prudente nessas coisas. O máximo que fiz ao longo deste ano foi afirmar: “Eu não sei quem vai ganhar as eleições; ‘eles’ sabem…” E “eles” quebraram a cara, não? Cedo à tentação: a minha impressão é a de que, se o Datafolha estava certo naquela diferença de 12 pontos, então ela deve ter diminuído bastante. O que quer dizer “bastante”? Ora, 3 pontos já significariam uma redução de 25%; 4, de 33%. E eu apostaria em algo por aí — sempre lembrando que esse levantamento pega o rescaldo da eleição do primeiro turno, mas quase nenhum efeito do reinício do horário eleitoral. A propaganda de Serra melhorou brutalmente!
Institutos alopraram
É preciso tomar cuidado com os institutos? É, sim! Vamos ver que números traz o Datafolha. Sejam quais forem, comparem-nos com aqueles apresentados pelo Ibope no dia 29, há míseros 10 dias. Além de afirmar que Dilma venceria com 55% dos votos válidos no primeiro turno, o instituto dizia que, num eventual segundo turno, a petista teria 55%, contra míseros 32% do tucano — 23 pontos de diferença! Quatro dias depois, o mesmo Ibope deu uma “corrigidinha”: 51% a 37%; a diferença teria caído, de súbito, para 14! Tenham paciência, né!?
É preciso tomar cuidado com os institutos? É, sim! Vamos ver que números traz o Datafolha. Sejam quais forem, comparem-nos com aqueles apresentados pelo Ibope no dia 29, há míseros 10 dias. Além de afirmar que Dilma venceria com 55% dos votos válidos no primeiro turno, o instituto dizia que, num eventual segundo turno, a petista teria 55%, contra míseros 32% do tucano — 23 pontos de diferença! Quatro dias depois, o mesmo Ibope deu uma “corrigidinha”: 51% a 37%; a diferença teria caído, de súbito, para 14! Tenham paciência, né!?
Se o Datafolha apontou 12 na véspera da eleição, creio que há motivos para supor que a diferença esteja abaixo dos 10. A razão é simples: a semana foi melhor para Serra do que para Dilma, por motivos óbvios. Como os “analistas” tinham dado a candidatura do tucano por liquidada, ele viveu o triunfo da continuidade da disputa, continuidade que, para ela, soou como derrota. Derrota maior só a dos “analistas”.
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